Considerando o ano de 2021, recorde em investimentos, parece que as startups não precisam se preocupar com o cenário macro. Será? Confira a opinião de especialistas sobre como ficarão os investimentos em 2022.
2021-foi-recorde-para-startups-como-fica-2022. (Foto: GettyImages).
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Por Victor Marques, da CapTable Brasil.
O Venture Capital costuma operar sem muita interferência de fatores externos. A situação macroeconômica e o clima do país não criam influência direta nos investimentos. Mas e com as previsões pessimistas para a economia do Brasil em 2022, além das turbulências do ano eleitoral, será que os investimentos em startups continuarão em ascensão?
Levando em consideração o ano de 2021 – com pandemia, retração econômica, elevação das taxas de juros e instabilidade política – parece que as startups não tem com o que se preocupar: o ano registrou mais de R$ 50 bilhões investidos nelas, resultado recorde. Além disso, 10 novas startups passaram ao patamar de unicórnio, uma delas, inclusive, atingiu o status em menos de um ano.
O ano começou com taxas de juros baixas e alto interesse em empresas de tecnologia, o primeiro, resultado das tentativas de manter o consumo em alta, mesmo com a pandemia, e o segundo resultado da experiência que os investidores tiveram com os negócios tecnológicos durante a pandemia – foram os que menos sofreram as consequências da crise sanitária mundial e muitos ainda tiveram crescimento acelerado no período.
Além do apetite dos investidores por empresas tech, o ecossistema brasileiro de startups também se beneficiou da lacuna existente no mercado: ainda há um grande caminho a percorrer quando comparado a outras nações com tradição na criação de startups. Há muitos problemas no Brasil que ainda podem ser atacados por startups – do segmento financeiro, passando por mobilidade, até a educação.
Causadora da pouca quantidade de startups maduras, a falta de capital investido – enfrentada historicamente por empreendedores brasileiros – deu lugar à abundância de capital, interesse crescente (nacional e internacional) e valuations cada vez maiores.
Vale lembrar, as gestoras de capital e fundos de investimento realizam captações consideráveis de capital, que é investido nas startups nos anos seguintes: ou seja, ainda há nas rodadas, que aconteceram em 2021 e que acontecerão em 2022, reflexo dos períodos de grande interesse nos negócios em anos anteriores, de 2019, 2020 e 2021, por exemplo. Nem sempre há um reflexo direto do clima atual nas captações do mesmo ano.
O cenário do Venture Capital para esse ano terá novos, ou intensificados, desafios. Com a renda fixa rendendo mais, por exemplo, aqueles que aplicam em startups devem ficar mais exigentes com seus retornos. Segundo Szapiro, do Softbank, ainda assim, os gestores que captam com terceiros sabem que os investidores desse mercado não são voláteis como os investidores pessoa física da Bolsa de Valores, por exemplo.
Então, o investimento em startups vai recuar em 2022?
Com taxas de juros voltando a subir, alta na inflação, no Brasil e mundialmente, e período eleitoral em vista, os investimentos em startups devem continuar seu ritmo independente do cenário macroeconômico: a previsão é de crescimento em relação a 2021, mas, talvez, não na mesma proporção de crescimento observada de 2020 para 2021.
Isso acende o sinal de alerta para os empreendedores, que já preparam o caixa de suas startups para um cenário de menos facilidade nas captações. Ainda, empresas supervalorizadas ou que não entregam uma solução relevante podem não sobreviver ao período. Outro resultado provável é uma menor safra de unicórnios para o ano, talvez não vejamos dez novas startups chegando ao valuation de US$ 1 bilhão em 2022.
Para Guilherme Enck, cofundador da CapTable, apesar do cenário macro desafiador, 2022 não deverá trazer grandes problemas às startups. Segundo ele, os investimentos em startups são desconectados do crescimento econômico do país, prova disso foi 2021 quando o cenário macro não foi bem, mas os investimentos em pequenos negócios de tecnologia só cresceram. Em 2020, por exemplo, enquanto o PIB caiu 3,9%, os investimentos em startups dobraram.
Em 2021, mesmo em período de estagnação econômica, um novo recorde de aportes no setor de startups foi observado. Por isso, Guilherme afirma que o cenário econômico de 2022 não deve ser impeditivo para o segmento manter um bom volume de investimentos.
No Brasil, fintechs, agtechs e edtechs devem ganhar destaque em 2022. Enck destaca as fintechs e empresas de educação como potenciais líderes nos investimentos.
As startups do segmento financeiro devem aproveitar um período forte de fusões e aquisições, já que muitas empresas, como Méliuz e Nubank, deverão continuar seu comportamento de realizar M&As com startups menores, deixando o mercado aquecido. Outro fator que deve contribuir para o crescimento do setor são os marcos regulatórios, como o open banking.
Para as edtechs, o cofundador da CapTable destaca as tendências de educação online – impulsionadas durante a pandemia – que devem continuar com força em 2022. A educação à distância ganhou adeptos, quebrou objeções e os novos hábitos de estudo tendem a ficar permanentes, pelo menos em parte, e estimular o setor.
O especialista ainda alerta que govtechs, startups que atuam com governos como clientes, podem sofrer com o ano eleitoral, trazendo redução no número de licitações abertas – comportamento natural quando há eleição (embora as esferas nacional e estadual operem em cronograma diferente das municipais). A dica é que essas startups busquem oferecer seus serviços também para empresas privadas, diminuindo sua dependência do setor público.
Para os empreendedores é importante entender que a festa do Venture Capital deve continuar ocorrendo em 2022, mas que ainda pode ser reflexo das captações que gestoras de investimentos realizaram durante períodos anteriores, com a alocação de capital ocorrendo nesse ano – ou seja, o ano exige cautela dos empreendedores, que devem prestar ainda mais atenção ao caixa da empresa. Ainda assim, especialmente no primeiro semestre, deve haver um bom volume de capital investido nas startups.
Para quem investe nas startups é importante não deixar a cautela com esse tipo de ativo impedir que janelas de oportunidade – as rodadas de investimento – sejam aproveitadas. Muitas vezes, o custo de não participar dessas oportunidades de compra de participação nas startups é maior que o benefício de proteger o capital sem investir no segmento. Resultando em startups incríveis captando investimento e gerando arrependimento por ter perdido a chance de participar do crescimento delas.
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