A corrida da Netflix em busca da saída nos games tem se mostrado uma estratégia pouco eficiente. Mas o que mais está por trás da derrocada?
Sede da Netflix (foto: divulgação)
, Jornalista
7 min
•
12 ago 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
A desaceleração no mercado de streaming não virou realidade para a Disney+, que ultrapassou a Netflix em número total de assinantes. E é a primeira vez que a Netflix sente isso na pele, apesar de todas as quedas consecutivas.
A Disney conseguiu 14,4 milhões de clientes novos no seu serviço de streaming no trimestre encerrado, elevando o total de inscrições para 221 milhões. Enquanto isso, a Netflix registrou 220,67 milhões de assinantes globais.
Isso conversa com as atitudes frente ao modelo de negócios que cada uma das plataformas vem adotando.
Em fevereiro, a Disney+ já tinha superado a Netflix em novos assinantes, acendendo alertas. A competição seguiu acirrada, mas a Disney fez uma nova aposta: o lançamento de um plano de assinatura mais barato, mas com propaganda no meio -- tipo TV a cabo, sabe?
O Disney+ com anúncios custará US$ 7,99 por mês nos Estados Unidos, o mesmo preço que a empresa cobra hoje pela versão sem anúncios, disse a Disney em comunicado. O custo do Disney+ sem anúncios aumentará em US$ 3 por mês, para US$ 10,99 a partir de 8 de dezembro.
O aumento da concorrência e o corte de custos em meio à crise são alguns dos fatores que apontam a desaceleração da Netflix. Junior Borneli, CEO da StartSe, analisa outro ponto: “a Netflix gastou muito mais dinheiro em produção de conteúdo do que no desenvolvimento de tecnologia.”
Mas ela fez uma aposta, voltada para a experiência e entretenimento envolvendo o próprio conteúdo unido à uma dinâmica mais envolvente: o universo gamer. O start se deu com um dos grandes sucessos da plataforma, Stranger Things.
À época, o streaming de vídeo adquiriu o estúdio Next Games por US$ 72 bilhões. O estúdio é especialista em jogos para smartphones e conta com games de Stranger Things e The Walking Dead no catálogo.
A estratégia é criar engajamento, pois os espectadores poderão utilizar os serviços da companhia mesmo quando buscam entretenimento rápido (o que geralmente não é o perfil de filmes e séries). E o melhor: sem custos extras para acessar.
Depois de dois anos, o resultado do experimento está aparecendo e, olha, não é nada animador: de acordo com descobertas recentes da empresa de análise Apptopia, 99% dos usuários do serviço nunca tocaram em um único videogame na plataforma. Se você já jogou algum dos títulos deles, parabéns: você faz parte do seleto grupo de 1%.
E mesmo que a produção seja boa, é necessários mais do que bons jogos para atrair o público cativo de ecossistemas como PlayStatio, Switch, Steam ou Xbox. Além disso, a Netflix sabe que sua maior competição por atenção nos telefones se resume a aplicativos como o TikTok.
Ainda assim, a empresa mantém os planos de oferecer cerca de 50 jogos até o final de 2022.
Por mais difícil que pareça para a Netflix, ela está fomentando um crescimento a partir do seu próprio ecossistema, criando soluções como os games, mas também firmando parcerias, como a com a Microsoft focada em anúncios na plataforma.
A Disney+, entretanto, está dando passos mais rápidos, vendo os resultados sendo colhidos. O objetivo agora é se desdobrar e entender caminhos além do streaming, fortalecendo a organização e encontrando caminhos que tornem as organizações infinitas. Será que a Netflix vai conseguir se reinventar?
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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