O futuro da produção de alimentos depende de como o mundo rege os recursos naturais, inclusive o solo. Entenda como a o agro 4.0 está olhando para isso
Agrotech (foto: Getty)
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Por Luiz Gustavo Denardin, doutor em ciência do solo, da AgroBravo
Dia 15 de abril é considerado o dia internacional da conservação do solo. A escolha desta data é uma homenagem ao conservacionista norte-americano Hugh Hammond Bennett, considerado o “pai da conservação do solo” nos Estados Unidos. A criação desta data tem como principal objetivo a conscientização da sociedade a respeito da importância dos solos para sobrevivência da população mundial, principalmente como fonte para produção de alimentos.
A produção agrícola no Brasil está crescendo mais rápido que em qualquer outro país do mundo. Esse cenário projeta o aumento da pressão sobre todos os recursos naturais, incluindo o solo, requerendo ações urgentes para sua conservação. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a população mundial vai crescer dos atuais 7 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões em 2050, o que vai exigir um aumento de 60% na produção de alimentos em apenas 40 anos. Sem dúvida nenhuma, o solo será a base de sustentação para assegurar o crescimento populacional, entretanto, seu uso deve ser associado à conservação e ao aumento da eficiência dos sistemas de produção agrícola, além da eficácia das políticas públicas para gestão adequada desse recurso natural.
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A FAO estima que 33% dos solos do mundo estão degradados, principalmente por erosão, compactação e contaminação. A natureza leva de 200 a 400 anos para formar uma camada de apenas 1 cm de solo, mas o seu mau uso e manejo pode degradá-lo em uma taxa muito maior que sua formação, principalmente em regiões subtropicais/tropicais úmidas como as brasileiras. A degradação do solo é reconhecida como componente de risco para manutenção da vida no planeta. Dentre as suas diversas funções, proporciona, direta ou indiretamente, mais de 95% da produção mundial de alimentos.
A degradação do solo por erosão é extremamente prejudicial à produção global de alimentos, resultando em um declínio na produção agrícola e alimentar de 33,7 milhões toneladas. Estudo recente revelou que, em média, mais de 3,4 milhões de km 2 de solos agrícolas no mundo inteiro (24% do globo terrestre) estão sofrendo graves processos erosivos. No Brasil, mais de 70% dos solos agrícolas estão sofrendo erosão severa. Alguns estudos revelam custos anuais relacionados à erosão hídrica do solo estimados em oito bilhões de dólares. Isso também gera um impacto concomitante na segurança alimentar, com a redução da produção de alimentos global na faixa de 33,7 milhões de toneladas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2015 como o Ano Internacional dos Solos e espera que a iniciativa sirva para mobilizar a sociedade para a importância dos solos como parte fundamental do meio ambiente e os perigos que envolvem a degradação deles em todo o mundo. Desde então, eventos globais importantes foram criados, como a Parceria Global do Solo “Global Soil Partnership”, lançado pela FAO em 2018, com intuito de reduzir a degradação do solo para uma maior segurança alimentar e nutricional na África.
Além disso, têm surgido diversas inovações tecnológicas, como o “Soja Sustentável do Cerrado”, resultado de uma parceria entre o hub de inovação AgTech Garage e o Land Innovation Fund, para fomentar soluções de inovação em favor de uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e com base na conservação do solo e da vegetação nativa. O programa visa proporcionar às startups uma jornada de experiências, apoiando e estimulando empreendedores para o desenvolvimento e escala de soluções que possam fomentar a sustentabilidade produtiva da soja, através da preservação dos recursos naturais, como o solo, na região do Cerrado brasileiro.
O surgimento de diversas startups com foco no agronegócio também é resultado da “Agricultura 4.0”. O Agro 4.0, ou agricultura moderna, visa aproximar ainda mais a tecnologia do agronegócio, por meio de métodos computacionais, rede de sensores, conectividade entre dispositivos móveis, métodos e soluções analíticas para processar grandes volumes de dados e construir sistemas de suporte à tomada de decisões de manejo.
Relacionadas à conservação do solo, startups como a “Regrow” e a “Agrorobótica”, auxiliam no monitoramento automatizado da qualidade do solo e das culturas agrícolas através do uso de tecnologias e inovações agrícolas. Da mesma forma, a startup “BRcarbon” foi criada a fim de fomentar ações de conservação florestal e restauração ecológica, com estímulo financeiro a partir de crédito de carbono e apoio à regularização ambiental em áreas degradadas. Essas são só algumas das inovações que reiteram a aproximação da agricultura com a tecnologia, com objetivo comum de conservar o solo e aumentar a produção agropecuária.
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