Foi a maior aquisição de entretenimento já feita pela Amazon. E o razão está no IP.
Celular com Amazon Prime Video (foto: montagem/Charles Deluvio/Unsplash)
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Por Alberto Cataldi
Depois de muita especulação e negociações, a Amazon entrou em um acordo para comprar a MGM por US$ 8,45 bilhões. A gigante do e-commerce deixou claro que vai seguir sua aposta no setor de entretenimento com a maior aquisição que ela já fez no mercado. Em troca, recebe um portfólio de mais de 100 anos de produções, com mais de 4 mil filmes e 17 mil programas de TV.
Para muitos, o movimento da Amazon é ousado. Em parte porque a MGM foi bem valorizada na negociação. Em especulações anteriores feitas por outras gigantes de mídia como ViacomCBS e Sony, o estúdio havia sido avaliado em US$ 6 bilhões. O que mudou? A importância estratégica do IP.
Começar um serviço de streaming do zero não é trabalho simples. Basta olhar para o modelo da Netflix. O que nasceu como um serviço de locação de DVDs evoluiu para uma plataforma on demand de maratonar séries de sucesso. Porém, não tardou para a empresa se dar conta de que ela era dependente de produções de outras empresas. “Friends”, “Seinfeld”, “The Office”, “Breaking Bad” e outros campeões de audiência na Netflix eram todos licenciados de outras empresas, que poderiam subir o preço ou simplesmente desfazer o negócio. A solução? Criar seu próprio IP.
IP é o termo utilizado na indústria do entretenimento para se referir a Intellectual Property, ou Propriedade Intelectual. São aqueles produtos originais, com personagens, universos e histórias que podem ser vistos só naquele lugar. Por serem proprietários, eles também rendem lucro quando são usados em outras mídias – seja em uma camiseta, seja em uma HQ. Pense em "Stranger Things", "The Crown", "Bridgerton"… Todas produções originais da Netflix que podem ser vistas apenas lá, mas também são consumidas por fãs em outros formatos. São marcas que ganham valor próprio de mercado e ajudam a elevar o valor da própria plataforma.
Chegamos então à estratégia da Disney, que reuniu todas as suas propriedades sob um só chapéu, o Disney+. Mickey Mouse, Princesas, Marvel, Star Wars… só alguns dos milhares de IPs que a empresa controla, indo um passo além e estabelecendo a ideia de universos integrados. Cada marca passa a compartilhar seu valor com outra marca dentro dessa mesma plataforma. Além disso, vêm os brinquedos, games, roupas, colecionáveis e muitos outros produtos criados a partir deles. O Disney+ pode até parecer um streaming como o Netflix, mas ele é muito mais: é uma vitrine dos IPs da empresa e o storytelling de como eles serão consumidos pelo público pelos próximos meses. Lembrou do Baby Yoda?
A AT&T, dona da WarnerMedia, tentou replicar o sucesso da Disney/Marvel com seus filmes de heróis da DC. A estratégia não deu muito certo. Agora ela segue com mais força ao construir uma fusão com a Discovery, outra dona de IPs de muito valor no entretenimento de conhecimento, ciência e bem estar.
Pense qual foi a última grande marca que a Amazon se apropriou em conteúdo? Qual o grande IP que a gigante tem sob seu chapéu? Vai ser difícil pensar em algum de peso. A entrada da empresa no ramo do streaming para disputar com Netflix foi tímida, basicamente adquirindo direitos de distribuição de títulos que já iriam para o cinema ou para alguma emissora de TV aberta dos Estados Unidos.
Foi apenas nos últimos 2 anos que a empresa começou a corrigir essa rota e ir atrás dos valiosos IPs. Mas nesta altura, a busca por eles já estava alta e o mercado, disputado. Séries como “Jack Ryan” , “The Boys” e “Invincible” são claras tentativas de se apropriar de marcas que possam dar longevidade nessa disputa, mas têm pouca relevância. Para ter peso de verdade, a Amazon precisava de uma grande marca. Um grande nome…
Quer falar em IP de peso? A série de livros e filmes de James Bond, criada em 1953 por Sir Ian Flemming, tem um valor estimado de US$ 14,2 bilhões, somando lucro de bilheteria, DVD e Blu-ray, games, publicações e merchandising. É uma marca que pode render séries, filmes, quadrinhos e que possui inúmeros personagens que também podem ser explorados de maneira própria. Um IP de respeito.
Mas não é só isso. Dentro da lista de propriedades da MGM que a Amazon acabou de adquirir, também estão IPs como "Legalmente Loira", “Rocky”, “Robocop”, “Pantera Cor-de-Rosa”, “Handmaid's Tale” e “Família Addams”. São muitos brinquedos novos para a empresa explorar. E imagine isso ligado na maior máquina de varejo do mundo? As possibilidades são enormes.
“O verdadeiro valor financeiro por trás deste negócio é o tesouro do IP no catálogo, que nós planejamos reimaginar e desenvolver juntos com o talentoso time da MGM”, afirmou Mike Hopkins, Vice Presidente Senior do Prime Video e da Amazon Studios no comunicado oficial sobre a compra. A estratégia não poderia estar mais clara.
Os quase US$ 9 bilhões pagos pela Amazon nesse negócio é menos sobre ter um catálogo maior de filmes e séries para seus clientes. É mais sobre buscar mais marcas de relevância que permitam criar novos produtos e construir uma narrativa que infuencie o consumo pelos próximos meses e anos. Assim como a Disney tem feito. E não tenha dúvida: essa corrida por IPs de valor ainda está longe de terminar.
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