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Brasil está à beira de criar ecossistemas que vão apoiar a economia global, diz Amy Webb

Futurista norte-americana Amy Webb analisou as transformações para as empresas do país durante o evento Tech Founders Summit 2022

Brasil está à beira de criar ecossistemas que vão apoiar a economia global, diz Amy Webb

Amy Webb no SXSW 2022 (foto: divulgação/SXSW)

, Head de Conteúdo na Captable

8 min

11 abr 2022

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Gabriela Del Carmen, do Startups

"O Brasil está à beira de criar ecossistemas que vão apoiar a economia global”. A frase é da futurista norte-americana Amy Webb, durante o evento Tech Founders Summit 2022, organizado pelo Itaú BBA. Fundadora e diretora-executiva do Future Today Institute, Amy observa mudanças profundas na sociedade geradas pelo avanço da tecnologia, que impactarão o mundo dos negócios e, é claro, das startups.

A especialista comenta sobre o modelo de administração nas empresas brasileiras. “Conforme você escala, por meio de financiamento, aquisições e IPO, se torna uma empresa bem lucrativa, mas a estrutura corporativa se torna bastante complexa”, afirma. “No Brasil, muitas empresas têm um modelo de liderança em grupo, com grandes comitês executivos e conselhos diretivos com muitas pessoas. Há fortalezas nesse modelo, mas pode retê-los também. As DAOs [Organização autônoma descentralizada] podem reduzir as complexidades e aumentar a transparência”, pontua.

Amy descreve o ecossistema brasileiro como “vibrante” e “muito criativo”. “Vejo um mercado que a gente [comunidade de fora do país] deseja muito. Boa parte dos nossos clientes querem saber como fazer parcerias com empresas brasileiras, expandir para o país e como podemos alavancar todas as coisas incríveis que vocês realizam aí”, comenta.

Apesar do potencial de mercado, alguns aspectos da região podem desacelerar o desenvolvimento do setor de inovação. “O sistema de telecomunicações é terrível. Sem a conectividade de banda larga alta velocidade, o país vai perder oportunidades de contribuir para o novo ecossistema da Web 3.0”, afirma Amy. Ela argumenta que o país precisa atualizar sua infraestrutura para continuar a concorrer pelo mundo.

Segundo a futurista, o erro de muitas startups é não enxergar o risco. “Continuem fazendo sua pesquisa inovadora, mas durante o desenvolvimento do produto abram espaço para modelar efeitos colaterais negativos. É melhor fazer isso enquanto estão inovando e criando um produto do que mais tarde perceber que causaram problemas não intencionais”, considera.

“Se você é uma startup, conforme desenvolve os produtos, precisa ter uma abordagem startup com a governança. aplicar as tecnologias para tornar a empresa mais ágil, usar contratos inteligentes conforme expandir, quem sabe usar criptomoedas para pagar funcionários?”, sugere Amy Webb.

IA E BIOLOGIA

Segundo a especialista, o mercado pode esperar 2 grandes tendências. A primeira é a conexão entre inteligência artificial e biologia. Juntas, elas fomentarão a biologia sintética que, segundo a associação CropLife Brasil, permite que “pesquisadores reescrevam o DNA de organismos vivos, alterando rotas metabólicas, além da possibilidade de se transformar microrganismos naturais em sintéticos”.

“A biologia sintética vai moldar o futuro dos vários ecossistemas na próxima década”, afirma Amy. Ela explica que, por meio de engenharia, ciênica computacional e IA, pesquisadores começaram a projetar o organismo no seu nível molecular para que ele tivesse novas finalidades. O que isso significa? Basicamente, que daqui uns anos será possível brincar com a vida, literalmente.

“É pensar nas células como fábricas de altíssima tecnologia, com novos conjuntos de construção para produzir o que a gente quiser”, pontua Amy. Ela explica que, assim como na computação, o mundo da biologia também tem códigos, que geram o nosso DNA. “Os hardwares, computadores e biologia, de acordo com a futurista, já estão se fundindo”, pontua.

O exemplo é a Microsoft e a Universidade de Washington, nos Estados Unidos. “Elas fizeram um sistema totalmente automatizado para armazenar e recuperar dados, como filmes, vídeos, fotos e informações financeiras em um DNA fabricado. Seria como um hard drive biológico”, explica Amy Webb. “Isso é bom, porque estamos ficando sem espaço para guardar todos os dados digitais. O DNA pode armazenar informações digitais em espaços que são milhares de ordens de magnitude menores.”

Segundo a executiva, a aliança de DNA de amazenagem para construir ecossistemas que se comunicam é liderada por grandes empresas de tech. Entre elas, a Microsoft, Fujitsu e Western Digital. “Se o DNA está alterando a natureza da computação, quais são as outras coisas que poderemos fazer com isso?”, questiona. Ela relembra um experimento de uma startup do Reino Unido que queria coletar amostras de DNA dos consumidores que iam as lojas locais. “Hoje, isso não parece mais tão estranho”, comenta Amy.

Amy Webb no festival SXSW 2022 (foto: Kaylin Balderrama/SXSW)

Segundo a especialista, a startup analisava o DNA dos clientes na loja e criava um perfil personalizado de vendas, dando uma pulseira que te guiava pela loja. A proposta era que os resultados gerassem recomendações com base no seu perfil. Por exemplo: baseado no seu DNA, você deveria comer cenouras, mas não agrião.

“Embora soe muito maluco, esse experimento virou um negócio. Para algumas pessoas e startups, o DNA tem valor”, afirma Amy. Ela acrescenta que empresas estão começando a estruturar análises de DNA para ajudar os clientes a tomar decisões que não tem a ver com a saúde. Seria a hora de usar o material genético como ferramenta de marketing, sugerindo soluções personalizadas para os consumidores? Amy diz que, para algumas pessoas, sim, mas reforça que ainda não existe transparência sobre como os dados são compartilhados no DNA.

“E se transformássemos esse DNA em NFT? Será que poderia se tornar uma classe de ativo, ou um novo instrumento financeiro com valor?” Ela comenta que George Church, cientista e professor na Harvard Medical School, criou um NFT com seus dados genéticos e está leiloando o seu DNA.

Os debates começam a surgir: Se criar um NFT com o DNA, será possível criar permissões para terceiros? Quem é proprietário dos dados de DNA? Existe privacidade genética? Como seria a governança? As startups usariam dados genéticos para ajudar seus clientes? Uma empresa pode usar o DNA com propósitos de marketing? Como garantir que todos se beneficiarão?

DE NOVO, O METAVERSO

O metaverso nada mais é do que um conjunto de tecnologias que vão preencher a lacuna entre o mundo físico e digital. Realidade virtual, aumentada, wearables, criarão um espaço virtual onde todos vão interagir entre si por meio de avatares digitais, recriando experiências físicas no ambiente digital. Para as startups, isso significa um novo ecossistema de trabalho.

Amy Webb diz que, “de longe, pode parecer algo sem sentido: desenho e avatares. Mas tem algo mais importante a se levar em consideração: um futuro do trabalho como se fosse a versão em desenho do nosso escritório”. O que você poderá fazer no metaverso? Basicamente tudo que você faz fora da internet. Ir ao shopping, na casa de um amigo, assistir a um show ao vivo, sair de férias, tomar café com os colegas de trabalho e até comprar um imóvel.

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Imagem de perfil do redator

Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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