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Nubank adere Open Finance: entenda o que isso significa

Desde que o Open Banking surgiu prometendo descentralizar o mercado financeiro, o sistema vem evoluindo, mostrando aderência no País e apontando para benefícios muito além do compartilhamento de informações

Nubank adere Open Finance: entenda o que isso significa

Nubank (Fonte: Divulgação)

, Produtora de Conteúdo

8 min

12 jul 2022

Atualizado: 5 jun 2023

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Por Ana Luiza Martins Castro, gerente de estratégia de Open Banking na Belvo

Nubank aderiu ao Open Finance nesta terça-feira (6). O sistema do Banco Central permite o compartilhamento do histórico financeiro de seus clientes com diferentes instituições - isso se eles estiverem de acordo. 

O novo recurso está sendo implementado de forma gradual e ainda está em teste. Mas em breve estará disponível para todos os 62,3 milhões de clientes. 

Mas afinal, o que é o Open Finance?

Lançado em fevereiro de 2021, o Open Banking, ou Open Finance, como ficou conhecido, está na quarta fase da implantação. O termo evoluiu já que inclui não somente os serviços bancários, mas outros sistemas que ganham cada vez mais relevância no cenário econômico brasileiro, como as corretoras de valores, casas de câmbio, fundos de previdência, seguros, cooperativas de crédito, fintechs entre outras. O Open Finance já soma 231,1 milhões de interações de sucesso no compartilhamento de dados, de acordo com a Open Banking Brasil. Mas quais são as tendências? Para onde seguiremos? O que ocorrerá com esse sistema no País?

Primeiramente, tomemos como exemplo o Reino Unido, onde o Open Finance já está mais consolidado e seguiu um caminho que o Brasil tem tudo para trilhar. Implementado em 2018, alcançou em2021 26,6 milhões de pagamentos, um aumento de 500% em 12 meses. Quase 4 milhões de consumidores e empresas do Reino Unido já usam produtos habilitados para Open Finance. O número de chamadas de API aumentou de 66,8 milhões para quase 5,8 bilhões nos dois primeiros anos[1]. A sigla API, vale lembrar, deriva da expressão inglesa Application Programming Interface que, traduzida para o português, pode ser compreendida como um conjunto de normas que possibilita a comunicação entre plataformas. E entre as tendências no Brasil já apontamos a primeira: parcerias com plataformas de APIs serão fundamentais.

Isso porque a legislação brasileira requer que todas as instituições sob as regras do Banco Central exponham suas APIs para permitir o compartilhamento dos dados e a comunicação com outras plataformas. Só que nem todas as fontes de dados financeiros são reguladas no Brasil, como é o caso, por exemplo, dos aplicativos de gig-economy, gerando, então, uma lacuna nesse sentido. Isso quer dizer que será fundamental realizar parcerias com plataformas de APIs de Open Finance para obter acesso a dados tanto de instituições reguladas quanto de não reguladas, usando uma única integração. Com o Open Finance cada vez mais popular, crescerá também o número de chamadas para APIs e pagamentos bem-sucedidos, assim como uma redução geral nos tempos médios de respostas de chamadas de APIs. As APIs, portanto, são a estrutura-chave da integração no Open Banking, pois viabilizam também muitas outras soluções e modelos de negócios. 

Outra tendência importante. A partir do momento em que o mercado nacional estiver mais avançado para implementar essas soluções, algo que será um fator de competitividade para empresas é o que chamamos de produtos de enriquecimento dentro do Open Finance, ou seja, ir além de meramente buscar os dados financeiros do consumidor.  Serão necessários insights mais sofisticados voltados a gerar inteligência para a empresa e usuário a partir desses dados. Com o amadurecimento do mercado, empresas buscam, e buscarão cada vez mais, o enriquecimento dos dados captados pelas APIs. Dessa forma, bancos e fintechs podem, sem precisar recorrer a processos manuais ou soluções caras desenvolvidas in house, aprimorar processos como scoring de crédito, validação de identidade e compreensão do comportamento financeiro do usuário. A entrega de inteligência por meio da ciência de dados e modelos de inteligência artificial permite isso.

O potencial do Open Finance não é pequeno no Brasil. Atualmente, são 821 instituições participantes do sistema. A estimativa da consultoria Accenture[2] aponta para um mercado endereçável de US$ 416 milhões a ser criado nos próximos três anos. Isso ocorrerá com a construção de produtos e serviços centrados no consumidor, que verá os benefícios. Observando a experiência do Reino Unido, as pesquisas evidenciam aumento na procura por aplicativos que ofereçam apoio personalizado na gestão das suas finanças, durante a pandemia. E 82% dos consumidores que já utilizam aplicativos integrados à estrutura do Open Finance por lá disseram que estes ajudaram a melhorar a gestão do seu dinheiro, em 2020[3].

Diante deste cenário positivo, avistamos outra tendência importante que o Open Finance vai transformar em realidade: ver na prática as iniciativas de pagamento entre instituições. Acreditamos que o alcance do Open Finance é quase ilimitado e extremamente poderoso, especialmente levando em conta soluções como a que buscamos ofertar, em que os dados financeiros que coletamos e analisamos não se limitam aos provenientes dos bancos tradicionais, mas também podem ser obtidos, por exemplo, a partir de aplicativos de gig economy, com possibilidade de expansão ainda maior.

A partir desse portfólio de soluções cada vez mais completas, mais empresas estão criando soluções verdadeiramente inovadoras para novos segmentos de mercado e com potencial para aumentar a inclusão financeira. Mas um desafio se torna grande diante de todos: a adesão dos consumidores, que precisam entender suas possibilidades e benefícios, como a gestão de sua vida financeira, bem como se sentirem seguros para compartilhar dados. E para isso, precisamos falar ainda muito mais sobre o assunto.

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Jornalista. Possui experiência no mercado financeiro, social media e customer experience. Passou pela XP Inc.

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