Amazon, Google, Microsoft, Samsung… não são só as startups que utilizam MVPs para testar a aceitação de um produto no mercado. Conheça 4 exemplos de produtos das big techs que nasceram - e alguns que morreram - na forma de um MVP.
google-glass-um-produto-que-chegou-cedo-demais-ou-muito-intrusivo-para-qualquer-epoca? (Foto: GettyImages).
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10 min
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4 out 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques, da CapTable Brasil.
O MVP, ou Produto Mínimo Viável, é uma forma das startups lançarem um produto com o mínimo de funcionalidades para testar a aceitação de um produto no mercado. O objetivo é gastar menos, fazer testes e aprender com iterações de um produto sem queimar todo o caixa da startup.
Mas o conceito não é somente utilizado por startups - tem empresa gigante que lança produtos imperfeitos para aprender no mercado. Amazon, Google, Samsung e Microsoft são alguns exemplos de companhias que dispõem de amplos recursos financeiros, mas que por vezes recorrem ao método para experimentar fora de suas sedes.
O Astro, robô doméstico da gigante do varejo, é um produto curioso. Para uns, o robô é uma jogada de marketing, outros acham que é o futuro. Independente do que seja, uma coisa é fato: o produto não está 100% pronto para o consumo em massa - a Amazon inclusive deve vendê-lo apenas para 'convidados'. O preço, ainda que pareça proibitivo, US$ 1500 (saindo por US$ 1000 no lançamento), não deve cobrir os custos da Amazon para produzir o robô. Então por que lançar um produto sem estar finalizado? Garantir buzz, entender o comportamento dos usuários, coletar dados e aumentar a atratividade de outros serviços já estabelecidos da Amazon! É uma forma de garantir que o produto evolua e - quem sabe - se torne um sucesso comercial futuro, em uma versão 2.0.
O Google Glass foi indiscutivelmente um produto à frente do seu tempo. Muito antes das big techs começarem a desenvolver e lançar seus produtos voltados para o mundo da Realidade Aumentada (AR) - o conceito aqui é diferente do VR (Realidade Virtual), a intenção é proporcionar interação com o mundo real, mas 'melhorada' com a inserção de elementos virtuais. Os rumores dizem que o projeto Glass se desenrolava secretamente desde 2006 (!), mas, foi em 2014 que o Google Glass foi lançado para o grande público - custando US$ 1,5 mil, esgotou sua pré-venda, mas fez sucesso somente entre os entusiastas. A tecnologia era muito incipiente para garantir sucesso em grande escala. O MVP não deu certo e a gigante encerrou as vendas dois anos depois, em 2016. No entanto, os aprendizados e dados coletados pelos usuários provavelmente foram utilizados pela companhia para melhorar outros produtos (como o Android, por exemplo).
O Galaxy Fold foi o primeiro smartphone com tela dobrável. Lançado em 2019 (anunciado em março e lançado em setembro), a primeira versão do smartphone com tela OLED flexível mais parecia um protótipo que um smartphone de sucesso. A tela frontal pequena, material da tela dobrável frágil (a sensação era de tocar em um display de plástico) e problemas iniciais com partículas entrando na dobradiça do celular - inutilizando o display. O último problema foi, inclusive, razão para a Samsung parar as entregas do smartphone até lançar uma versão revisada. O preço inicial também era bastante alto, não havia resistência à água e havia problemas graves caso os usuários removessem a película protetora do display. Depois dos aprendizados dessa primeira versão, evoluiu para uma segunda versão melhorada e, agora, em sua terceira versão já se parece mais com um produto finalizado e com preço mais competitivo - destinado aos consumidores em geral.
O nome da linha Surface, até hoje utilizado pela Microsoft, foi utilizado em diversos produtos. Tudo começou com o produto que era basicamente uma mesa com um computador integrado. Desenhado para ser um grande ambiente colaborativo (uma tela de 30 polegadas, sensível ao toque), o Microsoft Surface (apresentado em 2007) original era um misto de mesa, com projetores e câmeras - tudo isso, para identificar e reproduzir os movimentos dos usuários sobre a mesa. Ainda, a mesa interativa era capaz de reconhecer e se conectar a certos aparelhos, bastando apenas largá-los em cima da superfície. A linha era direcionada para empresas, museus e aeroportos - com preço de US$ 12 mil. Apesar do foco inicial restrito e do preço proibitivo, as tecnologias desenvolvidas para possibilitar a mesa interativa foram essenciais para otimizar as interações com toque no Windows e, posteriormente, permitir lançar outros produtos da linha Surface: o Surface Go/Pro - um misto de notebook com tablet, hoje um dos produtos de hardware mais bem-sucedidos da Microsoft, além dos notebooks da marca (Surface Laptop) e o único smartphone da Microsoft (que utiliza Android), o Surface Duo.
Seja intencionalmente ou uma consequência de um produto que foi apressado, as big techs também utilizam o MVP para aprender com as interações dos usuários. Há inúmeras funcionalidades que tem possibilidade de teste limitada em um laboratório de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) dentro de uma empresa e precisam ser testadas no cotidiano das pessoas para serem aperfeiçoadas.
MVPs não são portanto exclusivos das startups e a prova de que são uma excelente ideia é a adesão de empresas já estabelecidas ao modelo. Diferente das big techs, o caixa das startups geralmente é mais reduzido e, portanto, o lançamento de MVP é essencial: uma forma de reduzir custos e começar a rentabilizar (entendendo o interesse do mercado e aprendendo com o feedback dos usuários).
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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