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Conheça as maiores lições de uma startup que não deu certo

"É muito difícil equilibrar as prioridades para o longo prazo com aquilo que fará a diferença no curto prazo para a sobrevivência do negócio", diz a fundadora da Muni

Conheça as maiores lições de uma startup que não deu certo

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7 min

2 out 2023

Atualizado: 2 out 2023

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Por Gabriela Del Carmen

Muni foi do topo à queda em questão de meses. Em março/22, a startup colombiana de social commerce agitou o mercado ao anunciar sua rodada série A, no valor de US$ 20 milhões, liderada pelo fundo norte-americano Lightspeed Venture Partners. Em novembro do mesmo ano, um novo anúncio – dessa vez, desanimador: a companhia se preparava para encerrar as operações em todos os países onde atuava, México, Colômbia e Brasil.

O motivo: ela não conseguiu uma nova rodada de investimento. Na época, a startup disse que dependia do capital externo para funcionar, ressaltando que muitas empresas de tecnologia demoravam anos para serem rentáveis. 

“Ainda que tenhamos trabalhado muito duro e tenhamos um time incrivelmente talentoso, as circunstâncias atuais nos impediram de obter o capital necessário para continuar nosso crescimento”, dizia o texto.

Quase um ano depois, Maria Echeverri Gomez, fundadora da Muni, sentou-se no palco do Vamos Latam Summit, evento promovido pela Latitud que acontece na cidade de São Paulo nos dias 28 e 29 de setembro, para refletir sobre as lições aprendidas dessa experiência, compartilhar suas percepções sobre o mercado e seus planos de empreender novamente.

(Foto: Pexels)

“Não tenho arrependimentos”: quando um negócio chega ao fim?

“Não tenho grandes arrependimentos”, confessou a empreendedora. 

“É claro que faria algumas coisas diferentes, mas o modelo funcionava e estávamos fazendo um bom trabalho. Tínhamos altas taxas de retenção, product-market-fit validado, métricas indo no caminho certo. O problema foi o fundraising. No nosso caso, não conseguir o dinheiro não significava que o negócio era ruim, e sim que o mercado mudou muito rápido. Tudo aquilo que tornava a Muni sexy nos primeiros dois anos, deixou a empresa extremamente não atrativa em 2022. Era um negócio intensivo em capital, e quase não havia rodadas série B acontecendo naquele período. Se conseguíssemos o dinheiro, não teríamos fechado”, avaliou.

É preciso ter foco

Ela disse estar alinhada com os investidores, e que eles apoiaram a decisão de fechar as portas. “Se você é uma startup com pouco runway, todo dia é de sobrevivência. Um novo dia significa que você tem menos tempo para atingir seus objetivos até o dinheiro acabar. É muito difícil equilibrar as prioridades para o longo prazo com aquilo que fará a diferença no curto prazo para a sobrevivência do negócio. Não dá para priorizar tudo; é preciso ter foco e tomar decisões conscientes sobre seus objetivos”, disse.

A responsabilidade da pessoa CEO

Ainda assim, ela reconhece a responsabilidade que CEO tem no sucesso (ou não) de um negócio. “Assumi o compromisso com as pessoas do meu time de que faria o meu melhor para levá-las ao sucesso. Isso não acaba só porque o dinheiro chegou ao fim.” 

A empreendedora dedicou boa parte do seu tempo para dar suporte aos colaboradores mesmo depois de fechar a Muni. Foi um processo de entender onde eles estavam, onde queriam chegar e garantir que fossem para empresas alinhadas com seus objetivos pessoais e profissionais. 

“Tinha certeza de que quem eu estava recomendando para uma vaga faria um trabalho excelente, pois construí um time de pessoas talentosas e as escolheria de novo”, contou.


Mindset global

Questionada se expandir internacionalmente tão rápido foi uma boa estratégia, a empreendedora considera que sim. “Nossa missão era impactar o máximo de vidas possível. Especialmente naquela época, para uma startup colombiana receber investimentos e crescer, era importante pensar em estar no Brasil e no México desde o primeiro dia. A Colômbia não era um mercado grande o suficiente para atrair os VCs”, explicou.

“Não vou empreender no B2B”

Este ano, Maria decidiu colocar as pontas dos pés no mercado do B2B ao começar a estruturar um projeto-piloto de um novo negócio. Mas a iniciativa não durou muito. 

“Embora eu nunca tenha sido muito entusiasmada com o B2B, sempre pensei que se fosse um produto que eu adorasse, conseguiria fazer. Mas aquelas duas semanas foram terríveis, não gostei. Me senti como o Harry Potter quando tem sua alma sendo sugada pelos Dementadores”, admitiu, tirando boas risadas da sala lotada de empreendedores fãs de cultura pop. 

“Pelo lado bom, aprendi que não vou empreender no B2B em hipótese alguma. Ainda não sei o que vou fazer, mas me sinto motivada e energizada”, conclui.

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