Atuando na própria cadeia de produção, o Ben & Jerry's resolveu apostar em uma nova dieta para reduzir o arroto das vacas e 80% do metano que iria para a camada de ozônio com eles
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5 min
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12 mai 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
Se você conhece e ama os sorvetes da Ben & Jerry’s, vai ter ainda mais motivos para ser fã da marca: eles lançaram o Projeto Mootopia, um plano para reduzir as emissões de gases do efeito estufa nas fazendas leiteiras.
Isso porque bois e vacas produzem metano, um gás-estufa muito mais poderoso que o monóxido de carbono, e são responsáveis por 50% de nossas emissões de gás de efeito estufa. Mas qual a proposta? Dar às vacas um suplemento de algas marinhas que as tornará menos propensas a arrotar -- o que pode resultar em vacas arrotando 82% menos metano.
O projeto é um piloto e vai ser implementado em 15 fazendas nos Estados Unidos e na Holanda. As vacas serão monitoradas e estudadas, e todas as descobertas serão divulgadas para beneficiar toda a indústria de laticínios. A empresa espera que até 2024 essas fazendas emitam metade da média da indústria para emissões de gases de efeito estufa.
A empresa também está ajudando os agricultores a adotarem práticas mais sustentáveis e tecnológicas, como digestores de metano, que usam bactérias para processar o metano do esterco - outra importante fonte de emissão - e gerar fertilizantes e eletricidade. Eles também incentivam o plantio de mais grama e o uso de práticas regenerativas para cultivar milho e outras culturas que continuarão a fazer parte da dieta do rebanho leiteiro. Isso ajudará a manter solos saudáveis, aumentar o sequestro de carbono, reduzir insumos sintéticos, promover a biodiversidade e aumentar a quantidade de ração caseira que as vacas comem.
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Não é o primeiro movimento da marca em torno da sustentabilidade. Eles vêm pesquisando formas de diminuir a pegada dos sorvetes, atuando dentro da cadeia de produção, há alguns anos, mas ainda havia um mistério em torno do metano liberado pelas vacas.
Ainda assim, eles vinham agindo de forma ativa em outras causas, se envolvendo em todas as frentes do ESG. Como diz Liliane Ferrari, consultora de mídias sociais e professora da Esalq/USP, “a marca tem que dar o exemplo.” Tanto que os brownies utilizados pela marca são produzidos pela Greyston Bakery, empresa que segue o modelo Open Hiring, onde qualquer pessoa que queira um emprego terá a chance de trabalhar – não há verificações de antecedentes nem pré-seleção de qualquer tipo.
A especialista aponta a marca como case de conexão com o público partindo da humanização, que é construída ao longo de toda a cadeia, não só em ações específicas “A empresa tem pessoas em cargo de liderança de todas as etnias. Elas é uma empresa que realmente tá na estrutura. E por que tá na estrutura? Porque ela tem uma liderança humanizada e aí que tá a chave de tudo. Sem uma liderança humanizada, você não vai ser humanizado”, explica.
Liliane cita Philip Kloter, para exemplificar o posicionamento da marca: “o que você está fazendo para mostrar ao seu consumidor que acredita e entende que ele é alguém que existe para além do consumo do seu produto, alguém que quer um mundo melhor?”
A Ben & Jerry's está fazendo sua parte. Ela recebeu US$ 9,3 milhões para provar e escalar práticas regenerativas em fazendas leiteiras do Climate and Nature Fund de sua empresa-mãe, Unilever. Com o compromisso da Ben & Jerry's unido aos direitos dos trabalhadores da fazenda leiteira, através do Milk with Dignity, espera-se que o Projeto Mootopia ajude a empresa a atender à demanda emergente por deliciosos sorvetes que sejam amigos do clima e socialmente justos.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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