ESG e Bitcoin: fundo neutraliza carbono do ativo

Por Tainá Freitas.

Além dos negócios, a preocupação com ESG também chega nas criptomoedas – inclusive na mais popular delas, o Bitcoin. ESG é a sigla para environmental (ambiental), social e governance (governança), pilares que companhias, instituições e governos ao redor do mundo estão se comprometendo a proteger.

Há, no entanto, uma questão urgente nas criptomoedas: “Quanto mais valorizado o Bitcoin está, mais consome energia”, conta Roberta Antunes, chefe de growth na gestora de criptoativos Hashdex, em entrevista à StartSe. Na prática, a recompensa (em criptomoeda) para participar da gestão da blockchain é maior, aumentando também a complexidade do trabalho e, por consequência, o poder computacional investido e o consumo de energia. É uma reação em cadeia.

A gestão da blockchain é feita por “mineradores”, agentes que revisam os códigos de cada bloco da blockchain para atestar a veracidade das transações e garantir a segurança da rede. “O processo de mineração é como uma caixinha travada que o computador tem que descobrir o código; se conseguir, abre o bloco e é recompensado. Há alguns anos, as pessoas podiam minerar o Bitcoin pelo celular, hoje são necessárias ‘mega fazendas’ de computadores, que são geralmente alocadas perto de zonas de energia”, explica Antunes.

BUSCA POR SUSTENTABILIDADE

A preocupação com o meio ambiente fez com que a Tesla recuasse e deixasse de aceitar a criptomoeda como pagamento. Quando a notícia foi divulgada, em maio deste ano, o valor do Bitcoin caiu. Foi impactante inclusive porque Elon Musk, o CEO da companhia, é um agente influente neste ecossistema.

No anúncio, ele escreveu: "Estamos preocupados com o rápido aumento do uso de combustíveis fósseis para a mineração e as transações de bitcoin, especialmente o carvão, que tem as piores emissões de qualquer combustível", escreveu Musk. "Criptomoeda é uma boa ideia... Mas isso não pode ter um grande custo para o meio ambiente."

FUNDO VERDE DE INVESTIMENTO

A Hashdex lançou, neste ano, o ETF Hashdex Nasdaq Bitcoin. O ETF (Exchange Traded Fund) permite o investimento em criptomoedas através de cotas negociadas na bolsa de valores. No Brasil, os ETFs são negociados na B3. 

Um dos diferenciais da novidade é que o fundo compensa a pegada de carbono emitida nos processos. “Nós entendemos que os benefícios do bitcoin são maiores do que os desafios. Então, a questão é: como podemos reduzir o impacto agora? Realizamos uma parceria com o Crypto Carbon Ratings Institute (CCRI) para criar relatórios que medem o consumo de energia na rede como um todo e compramos crédito de carbono para neutralizar a pegada”, conta a líder de desenvolvimento da Hashdex.

As cotas de carbono são compradas na Biofílica, que vende créditos de carbono que preservam a floresta Amazônica. “Quando falamos sobre investimento, falamos de futuro; por isso, temos que pensar em opções de investimento que tragam benefícios ao planeta”, comenta.

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SOCIAL E GOVERNANÇA

E quanto ao S e o G da sigla? “As pessoas pensam muito no E e esquecem o S e G. As criptomoedas empoderam o cidadão, colaboram com a distribuição de renda global, e são uma proteção inclusive do próprio governo”, justifica a especialista.

Há exemplos recentes da adoção do Bitcoin sob a óptica social. A criptomoeda foi recentemente adotada como moeda oficial em El Salvador. Já nas Filipinas, a adoção de jogos com investimento e recompensas em criptomoedas foi tanta que os comerciantes passaram a aceitá-las como forma de pagamento.

QUEM REGE O BITCOIN?

Por regra, o Bitcoin é uma rede descentralizada, que não depende de um agente específico (como um Banco Central) e funciona como um “livro aberto”, em que as transações realizadas são visíveis para todos. Na prática, o ecossistema de criptomoedas possui regras que são votadas, fiscalizadas e colocadas em prática pelos próprios participantes da rede.

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