O Bitcoin foi criado para ser usados em pagamentos, mas é mais popular como investimento. Entenda
Foto: Bermix Studio/Unsplash
, jornalista da StartSe
4 min
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2 mai 2022
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
Você já sabe: o Bitcoin foi a primeira criptomoeda. Criado em 2009, foi desenvolvido para permitir um sistema de pagamentos descentralizado, seguro e acessível em qualquer lugar do mundo.
E este continuou sendo o objetivo da moeda nos primeiros anos. Há uma história famosa do que teria sido o primeiro pagamento realizado. Em maio de 2010, um programador teria pago 10 mil bitcoins em duas pizzas.
O dia ficou marcado como “Bitcoin Pizza Day” e é celebrado em 22 de maio. Essas foram, provavelmente, as pizzas mais caras do mundo. Isso porque, atualmente, em abril de 2022, o Bitcoin é avaliado em cerca de R$ 200 mil.
A história reforça algo que hoje é básico no mundo das criptomoedas: o valor delas pode ser muito volátil (embora também existam formas de mitigar a volatilidade). Por isso, o objetivo inicial de realizar pagamentos tem sido eclipsado pela possibilidade de comprá-las como investimento.
Mas há quem continue apostando na ideia inicial. El Salvador, por exemplo, tornou o Bitcoin uma moeda oficial do país e está criando a “Bitcoin City”, cidade em que, na teoria, todos os pagamentos poderão ser feitos com criptomoedas.
As transações com Bitcoin e outras criptomoedas funcionam através da Blockchain, uma plataforma aberta e descentralizada que valida as transações. Todas as informações ali registradas ficam guardadas para sempre, de forma imutável. Além do pagamento com criptomoedas, ela também é utilizada para registro de contratos, rastreabilidade de produtos, entre outros.
Na prática, a Blockchain é uma rede de blocos conectados por uma corrente. Cada bloco possui códigos de informações, que são gravados em toda a plataforma, distribuída em milhares de computadores.
É por isso que, caso alguém tente mudar uma informação, há registros dela em toda a internet. Mas, ao mesmo tempo, há a espera para que a informação da transação passe pelos blocos e seja validada – e isso pode levar cerca de dez minutos (ou mais). Nós te explicamos o passo a passo de como funciona a blockchain aqui.
“Há diferenças entre pagar um café ou um apartamento com Bitcoin. Se é a entrada de um apartamento e quer pagar com criptomoedas, como é uma transação mais lenta, funciona bem. Enxergamos a utilização das criptomoedas como pagamentos quando a velocidade não é o ponto chave”, explica Fabricio Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, em entrevista à StartSe.
Não dá para negar: o Bitcoin possui muitas qualidades, mas a escalabilidade é um problema a ser resolvido – e já está sendo endereçado. Em El Salvador, os cidadãos podem realizar pagamentos com a criptomoeda por conta da Lightning Network, um componente que muda todo o cenário.
A Lightning Network é um protocolo desenvolvido por Joseph Poon e Thaddeus Dryja para permitir pagamentos quase que instantâneos com Bitcoin. Na prática, as transações acontecem em duas camadas.
A primeira camada acontece nos nós de Lightning, em que os envolvidos na transação abrem um canal de pagamento. A abertura do canal é registrada na Blockchain. Cada parte da transação deve depositar o mesmo valor em Bitcoin.
Ali, no canal de pagamento, os envolvidos realizam as transferências entre si, pelo tempo que julgarem necessário, de forma instantânea. Quando desejam encerrar o negócio, fecham o canal. O encerramento do canal e toda a movimentação é registrada na Blockchain (a segunda camada), de uma só vez, reduzindo o tempo de espera e o custo por transação.
“Em El Salvador, parte da economia está rodando com Bitcoin. As contas ainda são feitas em dólar e as pessoas têm receio de manter criptomoedas em caixa por conta da volatilidade, mas funciona. Os pagamentos em cripto podem ser feitos em larga escala, por conta da lightning”, explica o especialista.
Com opções para alcançar mais escalabilidade, fica a questão: como garantir que você não pagará a próxima pizza milionária?
Neste caso, não é o Bitcoin, mas são as stable coins que podem oferecer essa segurança. As stable coins são moedas digitais lastreadas em moedas fiduciárias, como o dólar ou o real. “Uma stable coin usando tecnologia Lightning resolve as duas questões. O mercado está olhando para este caminho, unindo soluções e criando novas alternativas que se unem, não são compartimentadas”, afirma Fabricio.
Atualmente, você pode comprar imóveis, vinho, roupas e até pagar o honorário de advogados. A Incorporadora Lumy, o clube de assinaturas de vinho Wine, a Reserva e o escritório Moreira & Machados Advogados são algumas das instituições que aceitam a novidade.
Há fintechs especializadas no processamento de pagamentos com bitcoins, realizando a conversão para reais, como a Redecoin.
Diversos fatores devem ser considerados – e Fabricio Tota traz dicas. “Se for pelo hype, tudo bem, mas é preciso estar preparado, entender se faz sentido. É necessário falar com a contabilidade, entender o balanço, se irá ficar com a criptomoeda ou vender, converter, etc”, conta.
O movimento é, sim, alinhado com a Nova Economia, mas pede uma mudança nos processos e até mesmo na cultura da organização.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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