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Na onda do carbon neutral e ESG, Trashin se destaca

Oferecendo soluções para os gargalos ESG de grandes empresas, a startup de logística reversa e gestão de resíduos 360º, cresceu seu faturamento em 10x nos últimos dois anos.

Na onda do carbon neutral e ESG, Trashin se destaca

carbon-neutral-esg-trashin. (Foto: GettyImages).

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Por Juliana Irala, da CapTable Brasil.

95 bilhões de dólares. Esse foi o valor captado por fundos ESG apenas nos primeiros meses de 2021. A informação é do relatório do Credit Suisse, banco suiço de investimentos, que calculou um aumento anual de 72% no valor captado comparado ao ano anterior – de US$110 bilhões para US$190 bilhões.

Ainda que a Europa tenha aparecido como líder no total dos investimentos, com 71%, o aumento evidencia uma demanda em todo o mundo por ativos que atendam questões ambientais, sociais e de governança. E o Brasil, claro, não está de fora: os investimentos com pegadas mais “sustentáveis” vêm ganhando força por aqui também.

De grandes fundos a investidores do varejo, um exemplo que evidencia essa tendência em todas as camadas do ecossistema são as duas captações realizadas pela Trashin, startup de logística reversa e gestão de resíduos 360º, na CapTable, o maior hub de investimento em startups do Brasil. 

Para se ter uma ideia, a segunda rodada, no valor de R$1 milhão, finalizou em apenas 4 horas – foram R$250 mil captados por hora.

Um dos aspectos que chamou a atenção dos investidores para a Trashin é que ela está em duas pontas: nasceu voltada para a sustentabilidade e alinha outras empresas com métricas relacionadas ao pilar de meio ambiente das métricas ESG. A exigência por negócios mais sustentáveis, baseados nessas métricas, tem se tornado uma das principais tendências de mercado, seja para startups ou grandes corporações.

O SUCESSO EXPLICADO

Através dos serviços oferecidos pela Trashin, o lixo se transforma em oportunidade de mercado e, o que era um problema para os clientes, gera receita pela venda dos materiais recicláveis, impactando a vida de diversas famílias.

Para as empresas, a Trashin atende um gargalo: agora elas sabem para onde vai e como é reutilizado todo o lixo que produzem e, com essa informação, conseguem emitir relatórios e indicadores de sustentabilidade. Todas essas ações garantem que os resíduos coletados retornem à indústria como insumo, promovendo a economia circular e gerando alto impacto socioambiental positivo.

Da coleta até o destino final, a Trashin utiliza tecnologia para dar escala ao rastreamento dos resíduos, unindo geradores, cooperativas de reciclagem e o setor de beneficiamento e transformação. Para melhor aproveitamento e comercialização do material, os dados do processo são armazenados e estudados – e ficam disponíveis na plataforma da startup para que os clientes acessem a qualquer momento.

Entre as empresas atendidas está a Havaianas, com o programa global Havaianas ReCiclo, que tem como objetivo promover um destino adequado às sandálias descartadas pelos consumidores. Em lojas da marca e em parceiros, há urnas coletoras que os clientes podem depositar seus chinelos, que, posteriormente, são coletados pela Trashin e encaminhados à cooperativas de reciclagem.

Outros clientes presentes no portfólio da startup são P&G, Parque Ibirapuera e Movida. Nessas empresas, através de uma metodologia que pode facilmente ser aplicada em outras diversas organizações, a Trashin desenvolve trabalhos que controlam níveis de produtividade e desperdício de resíduos.

Do total de contratos que a Trashin possui – 33 de gestão de resíduos, 4 de logística reversa e 3 de consultoria ambiental –, 26 deles foram fechados em 2021, o que representa um crescimento de 3,5x de faturamento em relação ao ano anterior. Para atender a demanda, a startup teve que aumentar a equipe: de 15 funcionários em 2020 para 29 em 2021. 

paulo-deitos-captable-sergio-finger-trashin-e-guilheme-enck-captable. (Foto: CapTable/Divulgação).

NA ONDA DO CARBON NEUTRAL

A necessidade de reduzir ou compensar as emissões de carbono tem movimentado cada vez mais esse setor. De acordo com especialistas, o mercado de crédito de carbono movimentou cerca de 229 bilhões de euros em 2020 – 20% a mais em comparação ao ano anterior –, e cinco vezes maior comparado a 2017.

Por meio de ações junto a projetos sociais e ambientais da Amazônia, como o Projeto REDD+ Maísa, a Trashin neutralizou 10.000kg de CO2. Esse valor equivale a mais de 100 mil quilômetros rodados em um veículo de grande porte movido a gasolina com a lotação máxima de cinco pessoas.

Em ação junto ao Grupo Alpargatas, dona da marca Havaianas, a startup neutralizou 2.000kg de carbono entre dezembro de 2020 e abril de 2021 – em um veículo nas mesmas condições de porte e lotação, o volume representa cerca de 20 mil quilômetros.

Esses números são certificados pela Eccaplan, consultoria de gestão de sustentabilidade, que concedeu à Trashin, em setembro do ano passado, dois novos selos de compensação de carbono.

ALÉM DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

As cooperativas foram – e são – essenciais no sucesso conquistado pela Trashin. Para além dos altos volumes de reciclagem, nelas, a cleantech desenvolve projetos de capacitação, levando às cooperativas treinamentos de como implementar planos de ação, pesquisas de mercado, planejamento estratégico, logística reversa e gestão de resíduos. 

Como resultado, a startup espera aperfeiçoar o trabalho das cooperativas, colocando-as em evidência e tornando-as referência dentro do mercado em que estão inseridas – e, por fim, melhorando a qualidade de vida de seus profissionais.

Também no braço educacional, está a parceria realizada com o Colégio Farroupilha, uma das instituições de ensino mais tradicionais de Porto Alegre (RS). O projeto tem como objetivo orientar os estudantes, desde a infância, para o descarte correto de resíduos sólidos e tornar mais efetiva a educação ambiental, focando na separação e acondicionamento dos resíduos até a coleta e destinação adequada de materiais de diversos tipos.

POR QUE IMPORTA?

Durante 2021, o trabalho realizado pela Trashin fez barulho. Exemplo disso são os três prêmios recebidos pela startup em menos de um mês. 

A cleantech iniciou novembro marcando presença, pelo segundo ano consecutivo, no 100 Open Startups, uma das premiações mais importantes do ecossistema brasileiro de inovação, que seleciona as startups mais atraentes do país. O critério de seleção leva em conta a quantidade de contratos de inovação aberta que cada uma das startups conseguiu firmar ao longo do ano junto a grandes corporações.

Vinte e quatro horas depois de ser anunciada no 100 Open Startups, a Trashin foi premiada como a Melhor Startup do Brasil, no Amcham Arena 2021, prêmio promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham). A premiação avalia quais startups possuem maior potencial inovador e de crescimento no mercado nacional.

Para fechar, a terceira conquista da Trashin foi no Prêmio Reconhecimento ESG inovabra, concedido pelo Bradesco inovabra e a 100 Open Startups. Nele, a startup ficou entre as 10 melhores startups do Brasil, que foram selecionadas pelas suas iniciativas e soluções focadas no meio ambiente, responsabilidade social e boas práticas de governança corporativa.

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