A ideia para escalar as vendas da foodtech é apostar em clube de assinatura dos docinhos para empresas
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Foi-se o tempo em que vale-refeição, academia e plano de saúde eram novidades no mundo corporativo. Hoje, se quiserem se destacar na hora de atrair e reter talentos, as empresas precisam pensar fora da caixa. Algumas já oferecem sessões de massagem, salas de jogos no local do trabalho e até viagens para premiar colaboradores por um bom desempenho. Mas o próximo benefício corporativo preferido dos seus funcionários pode ser… brigadeiro.
Essa é a aposta da Brigadeiro com VC, foodtech que ajuda microempreendedoras a criar um negócio profissional de doces online, e escalar as vendas. Lançada em 2020, a startup tem uma plataforma com receitas e videoaulas, contato com fornecedores e relatórios de gestão, além de dicas de precificação dos produtos e treinamentos de operação, marketing, finanças e desenvolvimento pessoal.
As confeiteiras recebem embalagens personalizadas e fazem reuniões periódicas com especialistas que acompanham a operação. Os membros da rede, hoje em torno de 87 pessoas, das quais 91% são mulheres, podem trabalhar sob uma marca independente ou a da Brigadeiro. No segundo caso, eles tem direito à venda em apps de delivery como iFood, Rappi e AiqFome.
“Tem empresas que oferecem só o canal de venda, outros só os cursos. Nós damos o modelo completo”, diz Vinicius Amorim, cofundador e diretor-executivo da startup. “Nos marketplaces [como a Vem de Bolo, da Nestlé, que conecta confeitarias a consumidores], a empreendedora precisa correr atrás de tudo sozinha, incluindo as receitas e embalagens de qualidade”, completa.
Segundo Vinicius, a comunidade da startup é um importante diferencial: as empreendedoras da rede Brigadeiro com VC tem contato direto para trocar dicas e receber apoio. “Outra vantagem é trabalhar sob uma marca profissional, porque dá mais credibilidade”, afirma o empreendedor. A foodtech cresce cerca de 20% por mês em receita e base de empreendedores. Desde a sua fundação, já gerou quase R$ 1 milhão em receita para as parceiras, distribuídas em 12 estados do país.
O lucro mensal de cada empreendedora varia dependendo da região de atuação, diz Vinícius. “Temos clientes em uma cidade minúscula, de 2 mil habitantes, que usa o brigadeiro como renda extra e fatura mais de R$ 1.000 por mês. Em São Paulo, tem gente faturando mais de R$ 12 mil mensais com a venda dos brigadeiros”, pontua.
A empresa entrou recentemente no mercado B2B com a oferta de brigadeiros como benefícios corporativos. O produto é uma espécie de clube de doces por assinatura, no qual as companhias recebem a cada mês uma quantidade de docinhos para presentear os colaboradores.
“Pode ser uma lembrancinha, uma comemoração de aniversário ou até um prêmio por atingir uma meta. É uma coisa boba, mas o doce pode unir as pessoas e criar uma cultura de confraternização. Às vezes o colaborador está tendo um dia ruim e o docinho anima, motiva e promove o bem-estar”, considera Vinicius.
Lançado no final de 2021, o serviço já atende 2 empresas e 38 funcionários. A expectativa é chegar até o final do ano com pelo menos 1.000 colaboradores na base. Para acelerar esse processo, a foodtech espera fechar parceria com uma startup de benefícios corporativos, que incluiria os doces no pacote que oferece aos clientes. “Fica mais fácil crescer junto com alguém. Entraríamos [no setor] com um player que já tem o trem andando. Do outro lado, eles teriam algo novo para oferecer, além do que as empresas já estão acostumadas”, afirma o cofundador, sem dar detalhes sobre o possível parceiro.
Outras estratégias já estão no radar. A startup quer unir forças com grandes empresas do mercado alimentício para facilitar a oferta de ingredientes, cursos de culinária e treinamento das confeiteiras. Vinicius não descarta potenciais colaborações com negócios do varejo, a fim de abrir mais canais de venda para as empreendedoras.
A foodtech está desenvolvendo um chocolate social, no qual parte dos lucros são distribuídos para causas de impacto. A proposta é parecida com uma barrinha social lançada pela Nestlé e a ONG Gerando Falcões no início do ano.
Vinicius diz estar em conversas com investidores para sua rodada pré-seed, na faixa dos R$ 660 mil, que deve acontecer no primeiro semestre deste ano. Os recursos serão usados para impulsionar as vendas, além de melhorar a tecnologia do app e investir em marketing digital. Com novas contratações para as equipes de comercial, sucesso do cliente e operacional, o time da Brigadeiro com VC deve saltar de 10 para 25 colaboradores em 2022.
“O maior desafio hoje é crescer no bootstrapping [sem apoio de investidores]. A empresa cresce com o próprio dinheiro, colocando de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês. Mas avançamos em um ritmo devagar por falta de recurso”, diz o cofundador da startup. Com o aporte e as soluções B2B, o executivo acredita que a receita de dezembro gire em torno de R$ 120 mil, ante os R$ 14 mil atuais.
Uma expansão internacional, segundo Vinicius, não deve demorar muito para acontecer. A foodtech vai focar em brasileiros que moram fora do país, principalmente em Portugal e nos Estados Unidos. “Os estrangeiros ficam doidos quando provam alimentos brasileiros, como pão de queijo e brigadeiro. Tem uma demanda interessante, e quem mora lá pode usar a confeitaria como renda extra”, afirma.
Com esse público-alvo, a startup não teria que se preocupar em traduzir os conteúdos para outro idioma. “Acredito que [a internacionalização] fique para a próxima rodada. Mas conhecemos fornecedores e pessoas que moram nos EUA, e temos contato com investidores de Lisboa. Seria um projeto fácil de colocar para rodar”, conclui.
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