Avanços nas soluções de diagnósticos, consultas e tratamentos online mostram o caminho que a medicina fará pelos próximos anos.
Médico de máscara usando tablet (foto: DjelicS/Getty)
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Por Belisa Frangione
A pandemia gerou muitas transformações para todos nós. No trabalho, no mercado e nos negócios, poucos podem dizer que não foram impactados. Mas se há uma área que tem passado por intensas evoluções, é a medicina. Avanços tecnológicos têm acontecido em processo exponencial, com efeitos práticos na vida de todos nós. Podemos ter certeza: essa fase de inovação da saúde vai continuar por muito tempo. Algumas dessas inovações já até parecem naturais, como é o caso da telemedicina.
“A gente já tinha um modelo de telemedicina assistida, um médico remoto e outro presencial com paciente. E, realmente, com a chegada da pandemia da Covid-19, esse processo foi acelerado de uma maneira muito incrível. Vimos um aumento gigante no número de teleconsultas e, como nós vemos nesses momentos de mais disrupção e mudanças, várias coisas estão sendo acertadas aos poucos”. A avaliação é de Bruno Lagoeiro, fundador da PEBMED e diretor de Serviços Digitais da Afya.
O especialista revela que, no Brasil, em 2020, foram realizadas aproximadamente 7 milhões de teleconsultas e, em 2021, a estimativa é chegar a quase 20 milhões. Diversas empresas surgiram e diversos produtos acabaram indo por esse caminho, como a iClinic, um prontuário eletrônico que passou a oferecer a oportunidade de telemedicina, permitindo que o médico estendesse seu consultório ao ambiente virtual.
Outro tipo de tecnologia, que vinha a passos mais lentos e avançou bastante nesse período é a prescrição digital. Hoje, o paciente pode receber sua receita e fazer a compra do medicamento totalmente online. Lagoeiro relata que até mesmo o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, passou a ter prescrição digital própria, permitindo ao médico fazer uso do recurso através de uma área logada.
Com a mudança da tecnologia, mudamos também certas atuações na nossa vida. É visível novos hábitos de trabalho (home office, por exemplo) e de consumo, que afetam também as empresas e o jeito como elas entregam seus produtos, serviços e experiências ao cliente.
A transformação digital na saúde não é diferente: com tantas soluções propostas, os pacientes esperam encontrar atendimentos mais ágeis e digitais, esperando encontrar no profissional da saúde um lugar de escuta e troca, e não mais um lugar exclusivo do saber, onde médicos tomam decisões sozinhos.
Isso implica em novos jeitos de pensar a instituição, criando rotinas e espaços com o mindset da transformação digital. Além de benefício ao usuário, essas implicações trazem ganho em automação na área da saúde de processos, eficiência, produtividade e redução de custos à instituição de saúde.
Com o passar do tempo e a normalização da rotina, muitos procedimentos que a princípio foram adotados de forma emergencial durante a pandemia devem se consolidar como “novo normal”. Lagoeiro avalia que estamos vendo agora o mundo como um todo caminhando nessa direção, de contato mais virtual, novos controles, novos protocolos sendo adotados e o álcool em gel fazendo parte das nossas vidas.
“As tecnologias que passaram a ser mais utilizadas comumente no dia a dia ficarão. Não necessariamente vão estar tão intensas como no período pandêmico, mas acredito que haverá um ajuste do entendimento do uso, dos próprios médicos e do sistema de saúde como um todo. Agora elas são parte da realidade da rotina de todos”.
O profissional lembra que toda vez que a população é submetida a uma época pandêmica – como por exemplo a gripe espanhola – novas medidas sanitárias e de prevenção de saúde começam a ser adotadas.
“Estamos de novo em uma nova curva de aprendizado como população, como ser humano, que é a de adotar o uso de máscaras quando estamos resfriados e evitar a contaminação. Isso já era comum no oriente e agora passa a ser mais comum no ocidente”.
Como todo processo que vem rápido, a transformação instantânea tem seus prós e contras. Para Lagoeiro, a vantagem é conseguir testar rapidamente como essas mudanças tecnológicas impactam a vida das pessoas. E a desvantagem também. Por ser uma curva de adoção rápida e haver tantos experimentos e descobertas pelo caminho, é possível ficar mais suscetível a falhas ou imprevistos.
“No ambiente de experimentação, é mais fácil controlar os impactos relacionados. Na medicina, esse cuidado é primordial, porque esses impactos atingem diretamente o paciente, o ecossistema de saúde como um todo, então acho que a grande vantagem e desvantagem passa pelos dois pontos: poder experimentar rápido e descobrir na prática qual o efeito disso”.
Outra vantagem, segundo o profissional, foi a obrigação de encontrar novas formas de resolver os problemas, o que faz com que os órgãos reguladores discutam esses temas de maneira mais urgente.
“Cito como exemplo a prioridade da discussão da telemedicina, que é uma discussão de longa data. Os profissionais já debatem muito isso e agora o conselho de medicina está fazendo um movimento mais intenso para poder entender, junto aos médicos, a definição dos próximos passos relacionados a isso”.
Para os processos internos, a transformação digital pode apoiar na automação na área da saúde de processos burocráticos, criando automações. Além de maior facilidade, o processo traz mais transparência, diminuindo as chances de erros. Também é possível desenhar uma jornada do paciente, focando em qualidade de vida e fazendo com que o paciente se engaje mais com a instituição.
Todos sabemos que o segmento de saúde foi o que enfrentou mais desafios durante este momento. A Covid-19 acelerou várias tendências do mercado de saúde para que se tornassem parte da realidade. Mas Lagoeiro alerta que o principal desafio é descobrir como criar maneiras de tornar o sistema de saúde mais eficaz, com uma saúde mais clara do ponto de vista financeiro e onde seja possível equilibrar as contas.
“Hoje o problema dos custos é muito grave para o sistema como um todo. Vemos pacientes pagando muito caro; médicos e operadores que não estão sendo remunerados e hospitais com dificuldades nas operações financeiras. Acredito que uma das grandes transformações, principalmente com a chegada da tecnologia, do uso de dados e das novas ferramentas que trazem mais eficácia, é cada vez mais o balanceamento das contas e o equilíbrio nos ambientes de saúde”.
Em relação às tendências e desafios do segmento, Lagoeiro afirma que estamos ainda conferindo um crescimento muito importante dos elementos de diagnósticos, apontando para o aumento de casos de problemas com a saúde mental em virtude da pandemia, do lockdown e do isolamento.
“Antigamente, tínhamos um modelo que isolava o paciente e o afastava. Havia muita vergonha em relação à depressão e a outras doenças comuns, que afetam milhares de pessoas pelo mundo todo. E agora acredito que, como sociedade e medicina, estamos conseguindo olhar melhor para isso. Educar melhor as pessoas, investir em tratamentos e soluções, resolver uma questão que com certeza é diagnosticada cada dia mais, que é o problema da saúde mental”.
Internamente, também é preciso desenvolver frentes de mudanças, que apoiem tanto pacientes quanto profissionais nessa nova formação que a transformação digital traz. Ela não é só tecnológica, vai demandar também novos processos, protocolos e pessoas dispostas a seguir se adaptando para melhorar sempre e oferecer ao cliente uma experiência de ponta.
Outro cuidado é em relação aos dados. Garantir a segurança da informação para não correr riscos de vazamento de dados é imprescindível ao lidar com dados sensíveis. O ideal é ter uma equipe de TI preparada e focada nisso, dando apoio às demais áreas e criando reforços para evitar danos futuros.
No fim, todos os processos implementados são caminhos para manter a instituição em dia com as transformações do mercado, acompanhando as tendências do mercado de saúde em 2022 e trabalhando em prol de um atendimento cada vez melhor.
O Centro de Saúde Populacional da Universidade de John Hopkins conduziu uma pesquisa que mostrou que vários prestadores já estão utilizando ferramentas de transformação digital para identificar, monitorar e melhorar a saúde dos pacientes e os resultados são satisfatórios.
Com a pandemia do novo coronavírus, essa frente só tende a se desenvolver e criar novas possibilidades. Tendo em vista as vantagens e desafios que a transformação digital aponta para a área da saúde, é hora de você começar a pensar em como sua instituição pode começar a adotar esta tendência.
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