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Como a economia circular pode reduzir custos na saúde

Reprocessamento de utensílios visa diminuir lixo hospitalar e inserir o setor de saúde na economia circular

Como a economia circular pode reduzir custos na saúde

Luvas de médico (foto: Clay Banks/Unsplash)

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Por Emily Nery

Anualmente, o descarte de lixo hospitalar gira em torno de 253 mil toneladas, de acordo com a Associação Brasileira de Recuperação de Energia e Resíduos. Em 2020, primeiro ano em que hospitais e clínicas de saúde precisaram se adaptar ao novo coronavírus, o descarte praticamente quadruplicou, segundo a Associação. O Brasil, por sua vez, tem capacidade de processar 480 mil toneladas desse resíduo por ano. 

O que fazer com todo esse lixo gerado durante, antes e após a pandemia? E como fazer que esse lixo não seja descartado de forma irregular? Nesse sentido, algumas empresas buscam na economia circular soluções para mitigar a produção de resíduos sanitários por meio da esterilização e reaproveitamento de materiais médicos. 

COMPLEXIDADE NO DESCARTE

Para entender sobre o assunto, é necessário saber que o descarte do lixo hospitalar é bem mais complicado que o descarte do lixo comum. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), junto ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), criaram resoluções que organizaram e impuseram o PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde). 

Esse plano visa melhorar as medidas de higiene no ambiente hospitalar, controlar possíveis infecções hospitalares, reduzir a produção de resíduos e encaminhar os resíduos produzidos a locais seguros. 

Basicamente, os grupos de lixos se dividem em cinco. São eles, potencialmente infectantes (Grupo A), químicos (Grupo B), rejeitos radioativos (Grupo C), resíduos comuns (Grupo D) e perfurocortantes (Grupo E). Cada um precisa ter um destino pré-estabelecido e não pode se misturar com lixo hospitalar de um outro grupo. 

Material hospitalar da Bioxxi (foto: Bioxxi)

OPORTUNIDADE DE MERCADO

Resíduos de alguns grupos são passíveis de reaproveitamento, o que cria uma oportunidade para empresas como a carioca Bioxxi, pioneira no setor de esterilização. Fundada há 40 anos, a empresa surgiu cinco anos depois do primeiro marco da normatização das atribuições da Vigilância Sanitária. 

Era em uma época em que pouco se falava sobre reprocessamento de materiais hospitalares. Ingrid Souza, Head de Marketing da Bioxxi, afirma que, desde aquele período, já havia uma grande necessidade pela reutilização desses utensílios. 

Ela comenta que eles faltavam em prontos-socorros e salas de cirurgias e o índice de infecções hospitalares pelo uso indevido e o reaproveitamento errado desses materiais era alto. 

“Hoje em dia, pegamos o material passível de reprocessamento. Então, limpamos, lavamos, e esterilizamos para usá-lo como um material novo”.

INOVAÇÃO

A Bioxxi faz a esterilização de objetos termosensíveis, que não suportam altas temperaturas. Para esse grupo, ela utiliza o óxido de etileno. Esse produto tem um custo mais baixo do que o peróxido de hidrogênio, químico frequentemente usado para esterilização destes objetos.

Como os hospitais não podem usar o óxido de etileno em suas dependências, fazem parcerias com a Bioxxi para a limpeza e o reprocessamento ocorrer em outro lugar. 

De acordo com a empresa, o Óxido de Etileno é um gás que consegue penetrar no material e quebrar a cadeia de DNA do microorganismo. Assim, consegue desabilitar qualquer carga viral ou bacteriana presente no produto. Todo esse processo segue as normas da Anvisa e da Portaria Interministerial nº 482, de 16 de abril de 1999.

REDUÇÃO DOS CUSTOS NA SAÚDE

Conforme aponta um estudo publicado pela consultoria de gestão Guidehouse, os hospitais norte-americanos gastam 25,7 milhões de dólares com suprimentos por ano. Em uma pesquisa com 2.127 hospitais nos EUA, o estudo concluiu que 12,1 milhões de dólares poderiam ser poupados com medidas mais eficientes e sustentáveis, utilizando conceitos da economia circular, por exemplo.

Há também uma dissonância entre a receita das redes de saúde e o gasto com equipamentos médicos. A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) aponta que, de 2019 para 2020, houve um aumento de 6,2% na receita líquida e um crescimento de 19,7% na despesa total (levando em consideração a média dos hospitais Anahp).

Produção de materiais de saúde da Bioxxi (foto: divulgação/Bioxxi)

OTIMIZAÇÃO NO ATENDIMENTO

Ingrid aponta para a enorme rede hospitalar pública e particular que temos no Brasil e, consequentemente, o enorme gasto que se tem com utensílios médicos. E enfatiza que essa cadeia utiliza somente um sistema linear, o custo do paciente/hospital acaba ficando muito mais caro do que poderia ser. “Quando a Bioxxi se propõe a desenvolver um sistema de reprocessamento, possibilitamos que mais cirurgias sejam feitas e mais pacientes possam ser atendidos. O custo do paciente fica mais baixo”, reitera. 

Os custos exorbitantes relativos à internações por Covid-19 levou à área da saúde a repensar a economia linear de seus produtos. “Com a pandemia, o setor de saúde passou a olhar a esterilização com mais atenção, dando a devida relevância”, afirma Ingrid

E o setor só tende a crescer. Um estudo feito pela consultoria norte-americana Grand View Research, estima um crescimento de 20,6% ao ano para o mercado de reprocessamento. Na visão de Ingrid, temas como ESG estão fazendo com que as empresas procurem soluções mais sustentáveis que tragam benefícios à sociedade e mitiguem o impacto no meio-ambiente. 

Falando sobre o menor impacto no meio ambiente, a Bioxxi evita que 136 toneladas de resíduos sejam jogados em aterros sanitários por ano. Atualmente, a empresa atende mais de 70 hospitais espalhados pelo Brasil da rede privada e pública. 

Recentemente, a marca inaugurou uma nova planta no nordeste e tem a expectativa de criar 300 novos postos de trabalho, além de fazer novas parcerias com os centros de saúde da região. 

Desafio Brasil de Economia Circular Enel

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