Hotmart recebeu aporte de R$ 735 milhões liderado pela TCV. Entenda como a Hotmart surfa as tendências de mercado para crescer.
Hotmart (foto: reprodução/Hotmart)
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10 min
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30 mar 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques
A Hotmart, startup famosa por sua plataforma de cursos online, anunciou o recebimento de um aporte de R$ 735 milhões. O investimento foi liderado pela TCV, fundo americano que investiu na Netflix e AirBnb. A gestora Alkeon Capital também participou da rodada. A Hotmart não divulgou seu valuation, mas afirmou que já superou a valorização de US$ 1 bilhão, marca necessária para ser considerada unicórnio.
A startup atingiu o status de unicórnio em março de 2020, quando adquiriu a Teachable, startup americana que facilitou a entrada da Hotmart no mercado americano. A empresa teve um começo tímido em 2011, quando foi fundada. Em 2013, por exemplo, faturou apenas R$ 182. Inicialmente, a plataforma oferecia uma maneira de vender apresentações, planilhas e arquivos de texto através da internet.
Embora pareça uma área óbvia hoje, dez anos atrás o negócio não era tão claro: a velocidade da internet, o consumo de vídeos e a popularidade de cursos online eram muito baixos até 2013, quando o cenário mudou e a startup aproveitou o momento para crescer.
Em 2021, após um ano que fez a procura por cursos e conteúdos online explodir, a Hotmart atingiu mais de US$ 1 bilhão em vendas através de sua plataforma e mais de 50 milhões de usuários em 185 países. O mercado global de aprendizado online deve movimentar, segundo previsão do Statista, US$ 370 bilhões em 2026, uma alta considerável dos US$ 101 bilhões movimentados em 2019.
A grande sacada da plataforma foi possibilitar que pessoas comuns compartilhassem e monetizassem seu conhecimento, através de cursos online. A estratégia difere bastante de outras plataformas que focam em conhecimento compartilhado por celebridades, geralmente apoiados por grandes marcas.
Outra característica da plataforma é a inespecificidade: os conteúdos vão desde dicas sobre o mercado de ações, aulas de música, até conteúdos que orientam exercícios físicos para serem realizados em casa.
Assim como aproveitou a alta do consumo de vídeos online em 2013, a Hotmart planeja surfar a onda de aprendizado online, impulsionada pela pandemia. Embora seja lugar comum para muitos, havia ainda uma grande resistência aos cursos online - a pandemia, no entanto, forçou uma grande parcela da população a ter experiências com o modelo e, inevitavelmente, muitos irão se adaptar e até mesmo preferir aprender virtualmente, mesmo no período pós-pandemia.
Pensando nessa influência, a Hotmart planeja utilizar o investimento em estratégias de crescimento e para expandir seu negócio. Além disso, o ritmo alto de crescimento também deve exigir investimento no desenvolvimento tecnológico da plataforma.
A Hotmart também planeja utilizar uma parcela do investimento em sua expansão internacional. Apesar de já iniciada, – com sede na Holanda e 11 escritórios espalhados pelo mundo (Brasil, EUA, Espanha, México, Colômbia e França) – o investimento deve ser utilizado para consolidar sua presença nos mercados em que já atua, além de ingressar em novos. Para auxiliar na expansão, a startup também utiliza aquisições e fusões (M&A) em sua estratégia, somente em 2020 comprou três outras empresas: Wollo, Teachable e Klickpages.
A Hotmart também aproveita uma outra tendência: a Economia da Paixão – que permite que pessoas comuns transformem suas habilidades em negócios. A essência dessa economia é dar liberdade aos indivíduos de trabalhar quando quiserem e onde quiserem – através de uma renda passiva que as liberta para buscarem suas paixões.
O modelo de trabalho freelance começou essa mudança, mas ainda era amarrado pela necessidade de participação ativa, consumindo tempo e prejudicando a escalabilidade. Com as plataformas online para compartilhar conhecimento, como a Hotmart, essas amarras foram removidas: os usuários podem produzir conteúdo que pode ser consumido o tempo todo, escalar seus negócios e ter uma renda passiva, já que após produzir o conteúdo, é possível lucrar indefinidamente com ele.
Como disse Steve Jobs, cofundador da Apple: "você não pode conectar os pontos olhando para frente; você pode somente conectá-los ao olhar para trás. Então, você deve acreditar que os pontos vão se conectar de alguma forma no futuro". Como dá para perceber, a startup acertou em cheio quando previu como os pontos iam se conectar no futuro. Dez anos antes, a startup acreditou que esse mercado tinha potencial e vem aproveitando todas as tendências que impulsionam o segmento.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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