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Como a inteligência artificial reduz o desperdício de água

Aliada à economia circular, startup Stattus4 desenvolve dispositivos para encontrar vazamentos e manter a eficiência na distribuição do recurso

Como a inteligência artificial reduz o desperdício de água

Tablet com água (foto: PM Images/Getty)

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Um oferecimento Enel

Por Emily Nery

É cada vez mais comum o surgimento de startups com ideias práticas que visam restabelecer a vida útil de produtos para trazer benefícios à sociedade, à economia e ao meio ambiente. Mais do que ressignificá-los ou reinseri-los em outra cadeia produtiva, algumas ideias inéditas no mercado buscam até mitigar o desperdício de bens finitos, como a água.

Este é o caso da Stattus4. Fundada em 2015 na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, a empresa une a economia financeira às práticas sustentáveis. Isto é, ela cria e fornece soluções para que empresas distribuidoras de água e empresas terceirizadas que fazem a medição do relógio consigam detectar possíveis vazamentos de forma prática e eficaz.

APOSTA NA TECNOLOGIA

A ideia surgiu da vontade do casal, formado pela administradora de empresas Marília Lara e pelo engenheiro eletrônico e matemático Antônio Oliveira, em empreender. Eles ainda não tinham ideia em que ramo investir, mas sabiam quererem uma empresa que “quanto melhor fosse, melhor ela faria”. Ainda na firma dos pais de Marília, em 2014, a dupla desenvolveu um geofone eletrônico — um aparelho que detecta vazamentos.

Quando foram a campo para testar a tecnologia — tradicionalmente utilizada pelas companhias de distribuição — perceberam o trabalhoso serviço dos geofonistas (profissionais com ouvido treinado para utilizar o aparelho e detectar vazamentos) de escutar as tubulações de casa em casa para buscar possíveis escoamentos indevidos de água. “É um trabalho super manual e dá pouca produtividade”, comenta a administradora.

Foi então que surgiu a ideia de criar uma inteligência artificial com um ouvido biônico capaz de detectar o ruído e informar se naquele ponto era possível haver um vazamento. Nesse momento, a CEO da Stattus4 começou a buscar dados sobre a perda de água nos centros urbanos. Na época, se assustou com a grande parcela da população que não considera o desperdício um problema grave para o meio ambiente.

Aparelho 4Fluid da Stattus4 (foto: reprodução)

DE CADA 100 LITROS, 38,5 L. SÃO PERDIDOS

O Brasil perde 38,5% da água que coleta nos mananciais durante a distribuição, segundo dados do Instituto Trata Brasil em parceria com a Water.org. Assim, “90% do volume perdido, nós perdemos nos últimos 10 metros da distribuição. Ou seja, está entre a rua e a casa da pessoa”, conta Marília. Para se ter uma ideia do volume desperdiçado, se a população reduzisse somente 20% da perda, já haveria recurso o suficiente para abastecer os 35 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à água potável.

Com o intuito de mitigar ao máximo a água perdida no processo e fazer com que ela não escape de seu ciclo de tratamento, a Stattus4 desenvolveu três soluções para dois mercados. O primeiro, na área do saneamento básico, é o 4Fluid, um dispositivo que ajuda na varredura no sistema de distribuição de modo a encontrar possíveis pontos de vazamento. A tecnologia faz uma “primeira busca” e notifica ao geofonista que visite somente os locais suspeitos.

UNIÃO ENTRE DADOS E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

A primeira solução da empresa foi criada também para montar a base de dados de inteligência artificial, que hoje já chega a 1,5 milhão de amostras de ruídos de vazamentos e tubulações corretas. Já a segunda tecnologia, batizada de 4Fluid IoT, funciona por telemetria e faz a leitura de consumo de água remotamente, além de conseguir identificar pontos de desperdício através de sensores de pressão. Essa combinação de soluções consegue identificar também suspeitas de fraudes e hidrômetros fora do padrão ou quebrados, por exemplo.

Por último, o 4Gas é um sistema de leitura de consumo remota de gás natural criado para uma grande distribuidora do recurso. O mais novo, que ainda está em fase de piloto, possui mais de 30 mil dispositivos conectados em São José dos Campos.

CONTROLAR PARA PREVENIR O DESPERDÍCIO

Além de fornecer a tecnologia para grandes empresas de distribuição, a Stattus4 estuda oferecer seus dispositivos para condomínios. “Principalmente condomínios horizontais sofrem do mesmo problema. Eles nada mais são do que bairros. Então, eles têm o mesmo problema de perda de água e vazamentos, conforme as tubulações ficam antigas e esse tipo de controle faz bastante sentido”, afirma Marília.

O emprego da tecnologia na economia circular é uma forma de corrigir um “problema sistêmico” que é a perda de água. Por isso, é importante o uso de inteligência artificial para o monitoramento de tubulações e também para facilitar o auxílio de profissionais da área, como o geofonista.

Na visão da fundadora do Stattus4, sua função é aprimorar a distribuição e fazer com que o ciclo do saneamento funcione corretamente. “Quando falamos da questão da água, ela é retirada do manancial, tratada e distribuída. Em casa, nós vamos consumi-la e devolvemos através do esgoto. A empresa de saneamento coleta esse esgoto, trata e devolve essa água para o manancial”.

(Foto: Pexels)

DISTRIBUIÇÃO EFICIENTE E ECONÔMICA

Em alguns lugares em que atendeu, o desperdício do recurso chegava a 60%. Desse modo, a distribuidora precisava abastecer os moradores com o dobro de água que seria o suficiente para a população. Por implementar tecnologia que mitiga sua perda, a startup conseguiu também fazer com que as empresas tornem a distribuição mais eficiente e econômica. 

“Nem sempre esse recurso volta limpo para os mananciais. Muitas vezes, a água perdida vai para os lençóis freáticos, para córregos poluídos, por exemplo”.

TECNOLOGIA ADAPTATIVA

Atualmente, a companhia atua em todo o Brasil, mas a maior parte de suas operações ficam concentradas na região Sudeste. Portanto, cada cidade pede por soluções diferentes para sanar os vazamentos. Em alguns locais, o problema é a fraude para medir o hidrômetro, em outros, a forte pressão na distribuição tende a causar escoamentos indevidos.

Mesmo assim, Marília assegura que o sistema desenvolvido pela Stattus4 consegue se adaptar aos problemas exclusivos de cada área urbana. No total, a startup já atendeu mais de 150 cidades. Graças a tecnologia, a água que deixou de ser desperdiçada no ano passado, era o suficiente para abastecer uma cidade de 300 mil habitantes — equivalente à população de Palmas, no Tocantins.

SOLUÇÃO MULTIFACETADA PARA UM PROBLEMA MUNDIAL

A organização sem fins lucrativos, World Wide Fund for Nature, estima que 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não têm acesso à água e um total de 2,7 bilhões enfrenta a escassez do recurso em pelo menos um mês do ano. Além disso, o saneamento básico não é uma realidade para 2,4 bilhões de pessoas globalmente. Nesse sentido, a ideia da empresa de Sorocaba é que seus dispositivos cheguem a todos os cantos do mundo.

“Nós brincamos que somos uma multinacional que, por enquanto, só atendemos no Brasil. O foco de toda a equipe é criar uma tecnologia que se adapta a diferentes realidades para ser possível salvar a água de todo o mundo”, conclui Marília.

ENEL DESENVOLVE MEDIDORES MAIS DURADOUROS

Visando promover um consumo consciente de energia elétrica, a Enel está instalando os Smart Meters, ou medidores inteligentes, que irão permitir que os usuários possam monitorar o seu consumo, otimizando o seu consumo de energia de forma eficiente, fácil e instantânea. 

Além disso, a medição inteligente consegue fornecer contas de eletricidade sem a necessidade de cobrar por estimativas, dando maior autonomia ao consumidor.

O projeto piloto iniciou neste ano em São Paulo e planeja instalar 150 mil aparelhos em residências na área de Perus e Perituba. Para moradores dos bairros onde os medidores inteligentes estão sendo instalados, a substituição do aparelho é gratuita.

De acordo com Vivien Green, especialista em sustentabilidade da Enel, o equipamento é feito de forma circular, pensando no menor impacto tanto na extração de recursos naturais, quanto na sua produção. "O medidor inteligente Enel é pensado de forma que nós possamos reparar quando necessário, e não precise descartar os medidores caso quebre"

Desafio Brasil de Economia Circular Enel

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