Entenda como o país tem apostado em inovação e empreendedorismo para superar crises e crescer
Portugal (foto: Getty Images)
, jornalista da StartSe
5 min
•
4 mar 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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2011 foi um ano marcante para Portugal. Foi quando o país sofreu uma de suas piores crises, mas também decidiu que investiria em startups e inovação. Agora, dez anos depois, a iniciativa está dando frutos.
O incentivo veio de diversos segmentos. No orçamento participativo, os portugueses votaram que parte do dinheiro deveria ser investido nesses setores. Do outro lado, o governo passou a criar benefícios.
Antes mesmo da crise, em 2009, foi implementado o NHR (non habitual resident), regime em que estrangeiros empregados no país podem ter isenções de impostos nos primeiros dez anos. Em outros casos, é possível ter taxas menores mesmo ao receber ou enviar dinheiro para outros países.
A iniciativa passou a atrair grandes empresas de tecnologia, startups e nômades digitais. Mais tarde, em 2014, veio o Portugal 2020, fundo de desenvolvimento econômico entre Portugal e o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. O país recebeu milhões de Euros para investir em competitividade, internacionalização e capital humano, o que permitiu o fomento a ecossistemas de inovação.
Embora seja o lar de um dos maiores eventos de tecnologia e inovação, o Web Summit, Lisboa não se destaca apenas por isso. A cidade tem chamado atenção por seus benefícios aos empreendedores e startups.
A união de incentivos fiscais, mão de obra e custo de vida tornaram Lisboa – e Portugal – um pólo de inovação cada vez mais interessante. Não por acaso, tem atraído inclusive unicórnios brasileiros, como a Loggi e Gympass.
“Lisboa se tornou um local atrativo pelo custo de vida baixo, disponibilidade de talentos e densidade de eventos”, conta Fernando Jardim, community manager do Made of Lisboa, em entrevista à StartSe. Os salários costumam ser mais baixos que a média na Europa, mas isso é compensado justamente pelo custo de vida menor.
De acordo com o Made of Lisboa, iniciativa da Câmara da cidade, atualmente a cidade concentra mais de 20 mil talentos de tecnologia – consequência de um ecossistema acadêmico desenvolvido.
Em um dos mais novos projetos, a Câmara de Lisboa lançou um programa de mais de R$ 3 milhões em benefícios para startups. Basta fazer parte dos coworkings, aceleradoras, incubadoras e outros hubs de inovação para ter acesso à créditos na Amazon Web Services, Google, Hubspot, Transferwise, Microsoft, entre outros. O programa é chamado de “Lisboa Growth Program”.
“Queremos posicionar Lisboa globalmente como uma das melhores cidades para se empreender. Enquanto diversas cidades no mundo oferecem apenas incentivos fiscais para que empresas se estabeleçam em suas regiões, estamos indo além, e criamos em parceria com diversas empresas tech, o que é possivelmente o primeiro programa de benefícios a empreendedores a nível municipal do mundo, e com isso, empreendedores terão acesso a mais de 500 mil euros em serviços populares entre startups, o que diminuirá os seus custos de operação e também oferecemos diversas Master Classes, o que deverá aumentar as chances de sucesso destas empresas", afirma Margarida Figueiredo, diretora municipal de Economia e Inovação de Lisboa.
De acordo com o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), um em cada quatro imigrantes em Portugal é brasileiro. O ano de 2019 foi marcado por uma presença ainda maior de brasileiros no país lusitano. Como consequência, ⅓ da mão de obra do país também veio do Brasil, segundo João Martins, project manager do Made of Lisboa.
As oportunidades existem não apenas para talentos em tecnologia, mas para pessoas em cargos de gerência e chefia, buscando uma imigração qualificada. Quem deseja empreender também tem espaço – e um pouco de segurança. O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) implementou, através do programa Startup Portugal, o startup voucher.
O startup voucher é uma bolsa mensal que os fundadores e/ou empreendedores podem receber durante a trajetória, no período máximo de 12 meses. Além da bolsa, eles contam com mentorias e prêmios pelos projetos. É necessário que a startup ainda esteja em fase de ideação; que os fundadores sejam portugueses ou residam em Portugal e tenham entre 18 e 35 anos; e que não tenham outra fonte de rendimento.
Entenda as diferenças entre os ecossistemas de inovação do Brasil, Portugal e Vale do Silício:
De acordo com Fernando Jardim, do Made in Lisboa, mobilidade, turismo, logística e fintech são os setores mais quentes no ecossistema português hoje. “A mobilidade é um desafio na cidade, pois cada família portuguesa possui três carros, há um desafio de trânsito. Não por acaso, a BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz estão aqui desenvolvendo soluções neste sentido”, comentou.
Atualmente, o país possui três unicórnios: Farfetch (e-commerce de roupas de luxo); OutSystems (plataforma de low-code); e Talkdesk (software em nuvem para call centers). E, embora a Sword Health ainda não faça parte da lista, foi uma das startups que mais cresceu no país em 2020, segundo um relatório da Building Global Inovators (BGI). A companhia facilita o acesso a cuidados fisioterapêuticos.
Já aqui no Brasil, é possível ver “lisboetas” – como são chamados na cidade natal – se destacando. A Zenklub, plataforma de terapia online, foi criada pelos portugueses Rui Brandão e José Simões, é uma das startups cotadas a se tornar unicórnio no país.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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