Como a Workhub pretende transformar o setor de intranet no Brasil

A Workhub faz um trabalho visto como o "patinho feio" para muitos do mercado de tecnologia. Fundada em 2020, a startup oferece um produto de intranet que centraliza informações e serviços corporativos - comunicados internos, solicitações de marketing, treinamentos para colaboradores, entre outros - em um só lugar.

"Intranet é zero glamour e muita gente não gosta", afirma Andréa Migliori, fundadora e CEO da Workhub. "Historicamente, os trabalhos com intranet envolveram projetos grandes, caros e demorados, com entregas ruins que traziam muita decepção para os envolvidos", explica.

A empreendedora traz em sua trajetória o legado de uma família marcada pela força feminina. Filha e neta de mulheres pioneiras, ela cresceu cercada por exemplos de sucesso e determinação. Sua avó foi Miss São Paulo, atriz de cinema e uma das primeiras mulheres a trabalhar em uma indústria metalúrgica, enquanto a mãe seguiu um caminho como empresária, educadora e escritora. Com resiliência e inovação familiar, Andréa trilhou seu próprio caminho no setor de tecnologia.

Com a proposta de transformar o setor de intranet no Brasil, ela desenvolveu uma plataforma com tecnologia de ponta capaz de substituir a complexidade por entregas rápidas e relevantes para as organizações. Com a solução, as empresas podem gerar e publicar conteúdos automaticamente em portais para colaboradores, além de acessar informações com mais facilidade e analisar dados para gerar insights corporativos.

Andréa Migliori, fundadora e CEO da Workhub (Foto: Divulgação) 

Como funciona

"Na prática, o que a gente faz é virar do avesso a ideia de que intranet é algo careta. Desde o início, nosso posicionamento foi trazer inovação para um mercado considerado ultrapassado. O problema não é o mercado da intranet em si, mas a forma como as coisas vinham sendo feitas dentro dele. Há muito espaço para inovar e fazer algo diferente", destaca Andréa.

Lançada em 2020, no auge da pandemia, a empresa aproveitou o aumento da demanda das empresas por digitalização. "Até então, era impensável uma empresa fazer um projeto de intranet na nuvem e por assinatura, mas a pandemia facilitou essa adoção. Embora ainda houvesse um certo ranço do mercado, achando que a intranet é coisa velha, as companhias estavam mais dispostas a adotar produtos digitais, principalmente os fáceis de implementar e simples de usar", observa.  

Nesse contexto, a Workhub se propôs a disponibilizar mais de 50 funcionalidades em apenas sete dias e com baixo custo, com um modelo de assinatura para clientes de todo o país. Para oferecer uma experiência mais segura e moderna, a startup incorporou inteligência artificial em suas soluções e uniu-se ao ecossistema Microsoft no Brasil, integrando-se ao Teams e ao Viva Engage.

"É um produto pronto para usar, instalado em apenas uma semana com tudo que a empresa precisa", diz a CEO. Além das 50 funcionalidades (incluindo agendamento de salas de reunião, comunicados, banners, notícias e aniversariantes), a plataforma reúne formulários, requisições e solicitações, otimizando os processos e a gestão da produtividade dos times. Também facilita a integração dos colaboradores em uma rede social corporativa, atuando como um hub de comunicação, informação e engajamento, e acelera a tomada de decisões.

Andréa acrescenta que a vantagem de ser uma solução em nuvem e por assinatura é acelerar a digitalização das empresas, acompanhando o timing do mercado. "Além disso, as empresas não precisam mais investir tanto tempo e dinheiro, e conseguem criar um projeto de intranet super otimizado, que não dá nenhum trabalho para a equipe de TI", pontua. A parceria com a Microsoft, aponta a CEO, traz uma série de benefícios em termos de segurança, governança e compliance, essenciais para a empresa.

Próximos passos

Atualmente, a Workhub conta com mais de 100 clientes e 250 mil usuários em 21 países, incluindo grandes corporações como Montebravo Investimentos, BRK, Universidade Cruzeiro do Sul, Eletromidia, Hospital Sírio-Libanês, Cartão de Todos, Grupo Comporte e Amil. A proposta também atraiu investimentos de empresas como Meta Ventures e Ventiur, que aportaram R$ 1,5 milhão em uma rodada seed, em abril de 2023.

Com um produto já consolidado no mercado, a empresa agora está focada em aprimorar a experiência do cliente, expandindo seu portfólio de soluções e funcionalidades. Entre as principais inovações estão a implementação de um módulo de inteligência artificial (IA) e ferramentas de analytics, além de novas parcerias estratégicas para agregar valor ao ecossistema da plataforma.

A visão é evoluir para uma plataforma transacional, oferecendo recursos financeiros integrados que possibilitam operações monetárias diretamente no ambiente da plataforma. "O foco é tornar o hub ainda mais robusto. Isso inclui transformar a Workhub em uma plataforma transacional, com a qual o usuário poderá mexer com dinheiro, e estamos desenvolvendo um novo hall de produtos e serviços nessa direção", diz Andréa. A expectativa é impulsionar a capacidade da Workhub de se posicionar como um hub completo de soluções digitais, atendendo ainda mais às demandas de seus clientes e do mercado.

Após faturar R$ 1,5 milhão em 2023, a empresa prevê alcançar R$ 4 milhões em 2024. Para isso, a estratégia tem sido elevar o ticket médio de cada cliente, ao invés de expandir a vase de clientes de forma significativa. Segundo a CEO, a ideia é crescer de forma sustentável, sem expandir a equipe ou a estrutura da empresa, maximizando o valor de cada contrato e entregando soluções mais robustas.

Com uma equipe de 13 pessoas espalhadas pelo Brasil, a Workhub opera sob um modelo de trabalho "Anywhere Office". Andréa já trabalhou de um veleiro no Mediterrâneo por 35 dias, com uma internet “melhor do que a de casa”, como ela mesma diz. E, durante a viagem, participou de reuniões e negociações de investimento.