Priscila Schmidt, colunista da StartSe, fala sobre como a comunicação pode ser uma ferramenta para a felicidade no ambiente do trabalho
Foto: Pexels
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11 min
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6 mai 2024
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Atualizado: 6 mai 2024
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No complexo, desafiador e cansativo mercado de trabalho atual, onde a pressão por resultados muitas vezes sufoca qualquer possibilidade de busca pela felicidade no ambiente corporativo, tive a oportunidade de trabalhar com muitos clientes que buscavam desenvolver suas habilidades de comunicação para que pudessem, além de influenciar e persuadir, promover um ambiente de trabalho saudável e harmonioso.
Um deles, CEO de uma startup de tecnologia, se viu diante de um paradoxo comum a muitos líderes: uma empresa que prospera em inovação e crescimento, mas cujos colaboradores enfrentam as adversidades de um ambiente de trabalho tenso e, muitas vezes, tóxico.
Após implementar diversas estratégias para melhorar o bem-estar de sua equipe — ajustes na carga de trabalho, flexibilidade, ambiente agradável, benefícios — este cliente identificou uma melhora significativa na satisfação dos colaboradores, mas algo ainda prejudicava a pesquisa de clima.
Ele identificou que faltava algo para a satisfação e bem-estar verdadeiro dos times, um elemento crucial a ser desenvolvido: uma comunicação interpessoal eficiente, honesta e assertiva.
Os times não eram propositivos, não resolviam conflitos, havia uma persistente rede de rumores na empresa e tudo isso ainda comprometia o nível de bem-estar.
Foi neste ponto que ele chegou até mim. A sua busca por aperfeiçoamento na comunicação me levou a trabalhar diretamente com ele, inicialmente, e depois com toda a sua equipe.
Nosso foco era desenvolver uma comunicação mais eficaz, positiva e empática, que servisse não apenas como ferramenta de gestão, mas como alicerce para um ambiente de trabalho com ênfase na resolução de conflitos e na cultura de feedbacks.
A comunicação, quando alinhada com as práticas de promoção da felicidade, pode ter um impacto enorme sobre o bem-estar dos colaboradores e, por consequência, sobre o sucesso da organização.
Por isso quero explorar como os líderes podem enfrentar os desafios contemporâneos, promovendo um ambiente de trabalho em que a comunicação e a felicidade são pilares de uma cultura corporativa saudável e eficaz.
A felicidade no trabalho transcende a noção de bem-estar individual, refletindo diretamente na saúde organizacional. Empresas que priorizam a felicidade dos colaboradores observam melhorias notáveis em termos de engajamento, lealdade e inovação.
A retenção de talentos torna-se mais simples e a atmosfera positiva é terreno fértil para a criatividade e a solução colaborativa de problemas. Mais do que ser um lugar onde as pessoas querem estar, um ambiente de trabalho feliz é onde elas conseguem dar o melhor de si.
Felicidade é investimento!
Em um movimento vanguardista para cultivar um ambiente de trabalho mais feliz e saudável, a Heineken Brasi tornou ‘felicidade’ um dos seus pilares estratégicos de negócio.
Livia Azevedo, a Diretora de Felicidade - que eu já tive a honra de ter como minha cliente e que foi uma das speakers do RH Leadership Experience - tomou medidas inovadoras para aumentar o nível de felicidade dos colaboradores da Heineken, representando um case de muito sucesso nessa jornada. Algumas das ações adotadas foram:
Disseminação do Conhecimento
Uma das primeiras medidas adotadas por Lívia foi a disseminação de conhecimento sobre a psicologia positiva e o autoconhecimento como fundamentos para a felicidade individual. Inspirada na ciência fundada por Martin Seligman, a estratégia incluiu a formação de um batalhão de voluntários, os Embaixadores da Felicidade, responsáveis por replicar o conhecimento pela companhia, pessoas engajadas em construir esta cultura.
Foco na Saúde Mental
A segunda grande iniciativa foram os treinamentos específicos para lideranças sobre a segurança da saúde mental e a instrumentalização desses líderes com ferramentas e os conhecimentos necessários para a manutenção do bem-estar de suas equipes.
Pesquisas quinzenais de felicidade
Além disso, a implementação de uma pesquisa quinzenal, onde os colaboradores podem expressar anonimamente seus índices de felicidade, permite que a própria equipe participe ativamente na construção de um ambiente de trabalho mais feliz.
Agora, perceba que todas essas ações estão intrinsecamente ligadas à comunicação.
A disseminação de conhecimento proporciona o vocabulário necessário para que as pessoas possam nomear suas experiências e sentimentos.
Os treinamentos de liderança visam estabelecer canais de comunicação abertos, empáticos e seguros. E, por fim, as pesquisas de felicidade dão voz aos colaboradores, permitindo-lhes compartilhar suas percepções de felicidade no trabalho de maneira construtiva.
Comunicação como Ferramenta de Promoção da Felicidade
Ao observar a dificuldade de líderes para desenvolver seus times, Patrick Lencioni reuniu em seu livro, The Five Dysfunctions of a Team, as tendências do comportamento humano que prejudicam o trabalho em equipe. A primeira delas é a falta de confiança, que faz com que as pessoas não encarem e não resolvam os conflitos.
A comunicação eficaz transcende a mera troca de informações; é uma ferramenta poderosa para construir relações, promover a compreensão mútua e, fundamentalmente, cultivar uma cultura de resolução de conflitos, que depende, justamente, de confiança e escuta.
Uma comunicação clara e positiva ajuda a estabelecer expectativas realistas, reduz mal-entendidos e cria um ambiente de trabalho seguro e acolhedor. Por meio de uma comunicação aberta e empática, líderes podem efetivamente reconhecer e abordar as preocupações e necessidades dos colaboradores.
Algumas orientações para que a comunicação seja aliada da Felicidade:
- Promova a transparência: Encoraje uma cultura onde a transparência não apenas seja valorizada, mas praticada em todos os níveis da organização. Isso inclui desde decisões estratégicas até feedbacks cotidianos.
- Desenvolva habilidades (e canais) de escuta: Treine líderes e gestores em técnicas de escuta ativa para garantir que os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados. Implemente canais e práticas que incentivem os colaboradores a expressarem suas ideias, preocupações e sugestões sem medo de represálias.
- Aprimore a inteligência comunicacional dos times: Reconheça que cada colaborador tem estilos e hábitos de comunicação únicos, é preciso aumentar o nível de autoconhecimento e empatia para que os vieses sejam reconhecidos e validados e, os ruídos de comunicação sejam minimizados.
- Use a comunicação para reconhecer e celebrar: Faça da comunicação uma ferramenta para reconhecer os esforços e conquistas dos colaboradores. Celebrações e reconhecimentos, mesmo que pequenos, podem ter um impacto significativo na moral da equipe.
- Invista em treinamento contínuo: O desenvolvimento das habilidades comunicativas deve ser um processo contínuo. Investir em treinamento e desenvolvimento regular para líderes e colaboradores pode ajudar a manter todos atentos à eficácia da sua comunicação.
Por que importa?
A felicidade pode ser promovida e sustentada por meio de práticas conscientes e estratégias de comunicação.
A comunicação é a espinha dorsal de um ambiente de trabalho saudável, servindo não apenas como meio de transmitir informações, mas como ferramenta fundamental para construir confiança, promover a inclusão e reconhecer o valor de cada colaborador.
Líderes equipados com habilidades de comunicação eficazes são capazes de criar espaços onde a felicidade e os resultados se retro-alimentam..
São as ações e o exemplo dos líderes que estabelecem as bases para uma cultura organizacional positiva. Portanto, a mensagem final é clara: invista na comunicação, invista no bem-estar e veja os resultados superarem as expectativas!
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Priscila é professora do WLP, formação internacional de impacto para lideranças femininas, da StartSe em parceria com a Nova SBE. Ela também é fundadora da Versa, empresa referência em desenvolver habilidades para comunicação em treinamentos corporativos, com foco em Altas-Lideranças e C-Levels. Com mais de 15 anos de experiência, ensina líderes como se tornarem porta-vozes de sua melhor versão. Além de atriz e professora de teatro, possui pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como certificação em neurociência pela PUC-RS
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