Saiba como pensa a liderança por trás da plataforma de mais de 60 milhões de usuários ativos em 190 países.
Melanie Perkins, CEO do Canva (foto: divulgação)
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
Considerada uma das startups mais rentáveis do mundo, o Canva, a plataforma de design digital online que nasceu na Austrália, recebeu no final de 2021 um investimento de US $ 200 milhões e atingiu o marco de US$ 40 bilhões em valor de mercado. A plataforma possui mais de 60 milhões de usuários ativos em 190 países, desde autônomos e pequenas empresas até grandes organizações como PayPal, American Airlines e Salesforce. Razão boa o bastante para o Ghost Interview dar um pulo, literalmente, no outro lado do globo, em terras australianas para falar com Melanie Perkins, CEO e cofundadora da plataforma.
Antes do Canva, Melanie (Mel, para os íntimos!) abriu a Fusion Books, quando tinha apenas 19 anos, a ideia era parecida com a da plataforma de design, mas voltada para anuários – os Yearbooks – de colégios australianos. A empresa deu certo e, um pouco menos de 3 anos depois, Mel resolveu expandir o mercado: de colégios para, bem, qualquer tipo de usuário. Esse é o mote por trás do Canva: levar o design para não-designers (assim como na semana retrasada, falamos sobre o IFTTT e a sua missão de levar inteligência artificial para não programadores). O resultado foram os números acima. Como ela chegou até ele? É o que você vai descobrir…
A Ghost Interview é um formato de storytelling criado pelo Morse, onde reunimos as principais entrevistas, vídeos e conteúdos de ícones que com certeza você gostaria de convidar para um jantar! Tentamos ao máximo manter as palavras e o contexto das entrevistas, mas as traduções ou mesmo adaptações podem gerar interpretações diversas. Por esse motivo compartilhamos sempre o link da íntegra das entrevistas e textos de onde extraímos os conteúdos.
Quando estava na universidade em Perth [cidade no sudoeste da Austrália] em 2008, eu ganhava um dinheiro extra dando aulas de programas de design. Neste momento, eu percebi o quanto aquelas ferramentas que ensinava eram difíceis e complicadas de usar. E pensei o quanto era bobo que elas fossem apenas ferramentas para desktop e também percebi o quão absurdo era que mesmo profissionais tivessem que demorar tanto para aprender a ferramenta, para depois ela mudar de linguagem. Queria fazer um software de design simples, online e colaborativo.
No lugar de lançar o programa, eu me juntei ao meu namorado [atual cofundador e também noivo de Mel] para aplicar esse conceito aos anuários. Minha mãe era professora e eu sempre fui responsável por fazer o design dos Yearbooks da escola dela, e sabia quantas horas isso levava de trabalho. De maneira geral, o coordenador dos anuários era um professor organizando esse projeto enorme, e sem nenhuma experiência de design. A necessidade para uma solução melhor era óbvia. Lançamos a Fusion Books direto da sala da minha mãe!
Fonte: Respostas a perguntas feitas no fórum Sydney Startups em 14 de janeiro de 2018
Em cinco anos, a Fusion Books se tornou a maior companhia de anuários na Austrália, expandimos para a França e para a Nova Zelândia. A gente viu que a tecnologia que criamos para esse setor poderia ser aplicada de maneira mais ampliada, e foi assim que surgiu o Canva.
Um momento-chave para mim foi conhecer Lars Rasmnussen, cofundador do Google Maps. Foi Tai que me apresentou a ele, e, até então, eu nunca tinha conhecido alguém que tinha lançado este tipo de programa. Mudou radicalmente a minha perspectiva e a minha visão de escala para o Canva. Lars também foi muito importante, já que foi a partir dele que conseguimos montar nosso time de tecnologia e também achar o nosso terceiro cofundador, o cofundador técnico, Cameron Adams, um ex-Googler.
Tomamos muitos nãos. Toda vez que nós recebíamos uma pergunta difícil de um possível investidor ou toda vez que eles nos falavam a razão por que não investiriam no Canva, a gente mudava alguma coisa do pitch. Eu revisei tanto nosso pitch que acho que passou das 100 vezes, a cada vez eu acrescentava informações que os investidores pareciam mais interessados e mudava as partes que sofriam rejeições. O normal seria você desistir depois do centésimo não, mas a gente perseverou.
Fonte: Entrevista ao Entrepreneur em 12 de junho de 2019
Aprendi muitas coisas. Entre elas: Oferecer um produto de graça que traz valor para os usuários. Se você consegue oferecer algo de graça que traz algum valor para ele, ele vai voltar e o produto será compartilhado mais rápido.
Começar de um nicho e depois crescer foi outro ensinamento. Ao começarmos de um nicho com a Fusion, depois abrindo para o Canva, nós realmente conseguimos entender os problemas dos nossos consumidores e também conseguimos resolver este problema.Outro ensinamento de extrema importância: aprenda a amar todo tipo de dado. Nós começamos com um teste A/B, até mesmo para testar a nossa visão. Foi importante para a gente usar o tipo correto de dados para cada ocasião, desde o teste A/B, até pesquisas e o “usertesting.com”.
Fonte: Respostas a perguntas feitas no fórum Sydney Startups em 14 de janeiro de 2018
É um site onde você consegue ver como os usuários utilizam a sua plataforma. A gente fez isso antes mesmo de lançar, num teste Beta. E foi extremamente perspicaz. Percebemos que os usuários tinham medo de clicar muito e que eles usavam o site meio “sem rumo”, não usavam todas as ferramentas, criavam algo bem mediano e deixavam aquilo sem mexer. Ou seja: estava bem longe da experiência criativa e divertida que nós esperávamos que as pessoas tivessem na plataforma. Percebemos que não eram exatamente as ferramentas que faziam com que as pessoas tivessem receio de explorar mais o Canva, mas a própria crença internalizada delas de que elas não entendiam de design.
Por isso, descobrimos uma forma de tornar a experiência e o onboarding mais “gamificado”, exatamente para capturar a emoção das pessoas.
Fonte: Respostas a perguntas feitas no fórum Sydney Startups em 14 de janeiro de 2018
Pelo mundo, existe uma tendência forte para a comunicação visual. Nós estamos vendo quase toda indústria precisar de design – pessoas em vendas, que antes criavam cartas, e agora precisam fazer apresentações completamente visuais, jornalistas que agora precisam fazer gráficos para ilustrar suas matérias e profissionais de marketing que devem fazer ilustrações bonitas para as mídias sociais. Até mesmo em escolas vemos a necessidade maior de comunicação visual. O crescimento do Canva nos últimos anos acabou se apoiando nisso.
Fonte: Entrevista ao blog da AWS em 1 de fevereiro de 2018
A cada década, a indústria editorial passa por uma mudança radical puxada pela tecnologia. Quando a máquina de escrever surgiu, a digitação e a colagem vieram e substituíram completamente a impressão de páginas de metal. Então, quando surgiram os computadores de mesa, a edição de desktop substituiu completamente a composição de texto e colagem. Estamos vendo a mesma mudança acontecendo no momento com a internet, o HTML5, o Mobile e os Tablets, impulsionando a transformação do setor, em que o design editorial eletrônico está nos trazendo para a ‘nova era do design’, onde tudo nasce na web.
Se você olha para o processo de design para a web: você precisa pagar o Adobe, estudar design por alguns anos, encontrar um banco de imagens, fazer downloads de fotos, comprar fontes, comprar layouts, criar a imagem vetorizada usando Photoshop ou Illustrator, receber tudo isso por email, depois você pode, de fato, começar a criar algo com esses elementos. Depois finalizado, você manda em PDF por email para o cliente, talvez usando o Dropbox. Uma vez aprovado, você prepara o design para web. Muitas empresas foram construídas neste ecossistema. Para o Canva, tudo pode ser simples e integrado, com um clique você deve conseguir acessar ao banco de imagem e a biblioteca de fontes. Você deve ser capaz de colaborar online e você deve poder exportar a criação direto para as redes sociais, ou em PDF e PNG. O Canva integra esse ecossistema de design.
Fonte: Entrevista à Marketingmag em 29 de julho de 2015
Queremos também entrar na concorrência com o PowerPoint. Vamos melhorar nossas ferramentas para apresentações. Atualmente, a área de criar apresentações é uma das mais usadas no Canva,mas tem espaço para crescer neste mercado. O PowerPoint tem um domínio grande do mercado, mas ele foi criado antes da Web. O Canva, por exemplo, tem ferramentas para se criar uma apresentação de TED Talk. Nós estamos pegando o poder dos produtos da Adobe e colocando ele nas mãos daqueles que estavam usando produtos da Microsoft.
Um dos nossos objetivos era fazer o design acessível a todos, e quando falamos todos, falamos todos mesmo, toda e qualquer pessoa, independente de renda e de onde vive no mundo. É por isso que começamos a oferecer parte do produto de graça.
Queríamos ter certeza de que pequenas e micro empresas poderiam acessar esse mercado.
(…) Existe uma forma diferente de pensar no nosso modelo de negócio [que é ir além do freemium]. No lugar do usuário pagar por um software, ele está pagando pelos ingredientes para o produto final.
Fonte: Entrevista ao podcast The Small Business Big Marketing Show em 18 de julho de 2019
Havia um problema em criar design gráfico profissional, bonito, e capaz de engajar quando a empresa ou a pessoa não tinha dinheiro para pagar um software ou passasse anos estudando. E isso precisava ser resolvido. O design não pode ser apenas um conhecimento de nicho, que pode ser feito por poucos selecionados: todas as profissões precisam de design para comunicar as suas mensagens.
O mundo está rapidamente se tornando visual e o design se tornou uma parte mais e mais importante no nosso dia a dia.
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!