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Conheça o “Turbo-first”, estratégia do Rappi para se afastar do iFood

Por muito tempo, a pergunta para o Rappi permanecia a mesma: como que a gigante colombiana conseguiria virar o jogo aqui no Brasil, e competir com a marca dominante no food delivery – no caso, o iFood? O CEO do Rappi fala um pouco sobre isso abaixo.

Conheça o “Turbo-first”, estratégia do Rappi para se afastar do iFood

Rappi | Reprodução

, conteúdo exclusivo

9 min

15 ago 2024

Atualizado: 15 ago 2024

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Por muito tempo, a pergunta para o Rappi permanecia a mesma: como que a gigante colombiana conseguiria virar o jogo aqui no Brasil, e competir com a marca dominante no food delivery – no caso, o iFood? 

Entretanto, de um ano pra cá, o Rappi está apostando em uma outra resposta: em vez de bater de frente, ela resolveu abrir um novo caminho, colocando seu modelo de entregas rápidas como seu foco principal.

O mais novo movimento nessa direção foi o lançamento de sua primeira operação de entregas ultrarrápidas para restaurantes, em uma parceria com o Habib’s em São Paulo. Chamado de Turbo Restaurantes, a modalidade promete entregar lanches em uma média de 15 minutos.

Operando ainda de forma restrita, em algumas regiões em que a empresa consegue garantir as entregas dentro do tempo previsto, a novidade foi resultado de oito meses de preparação com a rede de restaurantes.

“É muito mais a tecnologia do que exatamente a rapidez na ponta dos entregadores. Tem uma inteligência no raio de distribuição, no picking dos pedidos, a adaptação das cozinhas dos restaurantes para um tempo de preparo otimizado, sem perder a qualidade”, explica Felipe Criniti, CEO do Rappi no Brasil, em um papo exclusivo com o Startups.

Conforme o CEO, a novidade lançada pelo Rappi é algo inédito no mercado, e é resultado de uma missão que a multinacional assumiu para bancar a sua expansão futura, não apenas no Brasil, mas em outros mercados. 

  • “Não se vê em lugar nenhum do mundo esse tipo de categoria de entrega, e vimos isso como uma oportunidade até internacionalmente”, explica Felipe.

Perguntado se o tempo de entrega (em vez do preço) pode ser um fator decisivo na escolha do Rappi, Felipe foi taxativo. “É um fator que tem aumentado para as marcas, principalmente nos grandes centros. No Rappi, 40% das vendas nas marcas que oferecem o turbo, é utilizando essa modalidade de entrega”, destaca.

Em uma entrevista com o Startups no final do ano passado, Felipe já tinha afirmado que o Rappi tinha conseguido encontrar o modelo otimizado para suas entregas ultrarrápidas, algo que outros players (Daki, por exemplo) ainda encontravam dificuldades para emplacar. Na ocasião, ele disse que as entregas Turbo já estavam operando no lucro.

Para a nova oferta, Felipe admite que o começo envolverá uma certa queima de investimentos (a campanha com o Rappi oferecerá frete grátis), mas a expectativa é que o modelo ganhe tração e chegue na sustentabilidade que a frente supermercado traz para a startup. 

“Mais de 70% das lojas dark stores já são rentáveis e até o fim do ano o plano é chegar a 100% rentável. A vertical em si é rentável, mas ainda tem lojas com cash burn”, explica.

Sobre a cobertura do Turbo Restaurantes, o plano do Rappi não é de o de acumular clientes demais e deixar a peteca cair no serviço. De acordo com o CEO, o plano é reservar isso para grandes marcas e contratos. “O plano não ter 30, 50 parceiros em turbo, e sim ter 15 com a operação bem otimizada. Vamos escolher bem”, destaca.

Turbo-first

De acordo com Felipe, atualmente a frente de restaurantes do Rappi representa pouco mais de 20% da receita no mercado brasileiro, mas a expectativa com o Turbo Restaurantes é dobrar este volume até o fim do ano, apostando pesado nas entregas Turbo. “Esperamos pelo menos metade deste crescimento baseado no Turbo”, pontua.

Aliás, se a palavra a turbo está aparecendo demais nesse texto, não é por acaso. Segundo Felipe, o Rappi assumiu uma postura que ele definiu como “Turbo-first”, assumindo de vez o foco em entregas rápidas como o motor de crescimento futuro para o negócio.

“A gente entendeu que é complicado competir com nosso maior rival indo apenas pela vertical de restaurantes. Mas daí a gente percebeu que quando olha para a vertical Turbo, ainda estamos navegando em um mar azul, e isso tem sido uma alavanca de crescimento muito grande para nós”, avalia.

Além disso, com as entregas ultrarrápidas, o Rappi quer trazer mais usuários para seu modelo de assinatura e benefícios, o Rappi Pro (antes chamado Rappi Prime). 

De acordo com o CEO, atualmente 80% das compras do Rappi são feitas por clientes assinantes do Pro, e o Turbo é um dos motores para essa fidelização.

Inclusive, o Rappi também está construindo em cima do Turbo em outras frentes. Segundo o CEO, até o fim do ano a companhia quer ampliar agressivamente o seu sortimento de produtos de supermercado no modelo Turbo, dobrando de 2 mil SKUs para mais de 4 mil. Além disso, a companhia já começou sua operação de Turbo para farmácias, com a PanVel sendo uma das primeiras marcas parceiras.

“O Turbo é o gancho, e a retenção está sendo grande, e por isso agora focamos em trazer mais produtos para esta modalidade”, completa Felipe.

Cada um para o seu lado

Se o Rappi definiu a sua direção para crescer e, de certa forma, evitar uma competição explícita com o iFood, o iFood também resolveu seguir por outros caminhos. Depois de entrar no mercado de benefícios, recentemente ele entrou na seara dos produtos financeiros, lançando o iFood Pago.

Lançado como um espécie de “banco para restaurantes” em junho passado, o app do iFood Pago já surgiu grande: são 140 mil contas que transacionam R$ 70 bilhões, uma carteira de crédito de R$ 1,5 bilhão e 700 pessoas envolvidas na operação, incluindo os funcionários da Zoop

A fintech de BaaS que pertencia à Movile foi incorporada sob o guarda-chuva do iFood Pago com a compra de uma fatia remanescente de 20% do negócio. Anteriormente, o iFood já tinha assumido as operações da Movile Pay, e da própria Movile.

A expectativa é que em março de 2025, quando o iFood Pago completar seu primeiro ano de operação oficial, a receita chegue a R$ 1 bilhão.

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