O crescimento exponencial é um dos grandes trunfos das startups e negócios digitais. Entenda como funciona e como identificar.
Crescimento exponencial significa crescer várias vezes: continuar crescendo e idealmente mantendo ou aumentando a taxa de crescimento a cada período. (Foto: Pexels).
, Head de Conteúdo na Captable
10 min
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30 jan 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Crescimento exponencial significa crescer várias vezes – ou seja, é continuar crescendo e idealmente mantendo ou aumentando a taxa de crescimento a cada período. O termo vem da matemática: o expoente eleva uma multiplicação. Por exemplo: 24 = 2 x 2 x 2 x 2 = 16. Quando esse conceito é aplicado ao crescimento de uma empresa, significa crescer aceleradamente.
Para alcançar esse tipo de crescimento, é preciso que haja um componente de digitalização, que permita crescer sem amarras – sem precisar de times maiores, mais estrutura física ou ficar restrito à uma área geográfica. Isso é o que faz com que o crescimento exponencial seja o trunfo das startups e dos negócios digitais.
No entanto, é importante notar que o crescimento exponencial não é algo fácil de alcançar. Ele exige uma estratégia bem planejada, uma equipe dedicada e uma boa dose de sorte. Também é importante lembrar que o crescimento exponencial não é a única forma de crescimento para uma empresa. Muitas vezes, é necessário encontrar um equilíbrio entre crescimento exponencial e crescimento linear, para garantir que a empresa possa se sustentar a longo prazo.
O crescimento exponencial também deve ser comparado com o crescimento linear, o qual é o crescimento que ocorre a uma taxa constante ano após ano. A maioria das grandes empresas consolidadas alcançam, no máximo, um crescimento linear.
Aplicando esta lógica aos investimentos, o crescimento linear seria como uma aplicação de juros simples, na qual a taxa de juros incide apenas sobre o montante principal todos os anos. Já o crescimento exponencial é como uma aplicação sujeita a juros compostos: os juros que você ganhou no ano passado se somam ao montante principal e geram novos juros neste ano, que também se somarão ao montante principal, formando o montante sobre o qual a taxa de juros incidirá no ano que vem.
Para que um montante que cresce 10% ao ano dobre, levaria 10 anos com juros simples, e apenas 7 anos com juros compostos. Nesta linha, há um exemplo excelente para ilustrar o poder dos juros compostos. Se lhe oferecerem uma destas duas opções, qual você escolheria?
Caso você tenha escolhido a opção 2, você chegaria ao final dos 24 meses com R$ 4.740.530. Porém, ao escolher a opção 1 você chegaria ao final do período com R$ 8.388.608.
Perceba que, mesmo com o montante inicial sendo muito maior no segundo caso, ao final dos 24 meses os juros compostos terão feito uma grande diferença. E este é o grande segredo da acumulação de capital: o poder dos juros compostos.
Então, como acessar estes ganhos exponenciais?
Hoje em dia, um dos investimentos com maior potencial de crescimento exponencial é o investimento em startups. Mas por que somente startups conseguem ter crescimento exponencial? Uma empresa que não seja uma startup – Petrobras, por exemplo – não conseguiria o mesmo?
Muito provavelmente não. E, para explicar, vou usar o caso da Petrobras. O seu faturamento é limitado pela produção de petróleo. Por mais que todas as pessoas no Brasil precisem de gasolina e estejam dispostas a pagar R$ 15,00 por um litro – ou seja, muito mais caro do que atualmente –, isso não significa que ela é escalável.
Ainda que o aumento dos preços aumente o faturamento da empresa, logo o faturamento irá estagnar. A razão é que não será possível aumentar a sua produção sem um grande investimento em bens de capital, como máquinas e equipamentos. A única alternativa seria a implementação de tecnologias que aumentem a produtividade da empresa sem ser necessário grandes investimentos ou aumento dos custos.
Então, por mais que comprar ações da Petrobras possa fazer você ganhar mais que investimentos de renda fixa, a sua chance de multiplicar várias vezes o seu capital é muito maior com startups.
Uma startup é uma empresa que geralmente está em fase inicial e que utiliza a tecnologia de forma intensiva em todos os processos possíveis e, por isso, consegue aumentar exponencialmente o número de clientes e a sua receita sem aumentar da mesma forma os recursos necessários para prestar o seu serviço, tais como equipe e custos de forma geral.
Isso torna o seu modelo escalável e, caso tudo corra bem, em poucos anos o faturamento (e, como consequência, o valor da empresa) poderá ser multiplicado algumas vezes. Vale lembrar, startups começam, geralmente, com pouquíssimo dinheiro e muito risco. Para chegar ao sucesso, tropeçam, erram, se adaptam e, com sorte – e investimento –, chegam ao lucro.
Em resumo, uma startup é um coletivo de pessoas em busca de um modelo de negócios escalável e repetível – com uma grande pitada de incerteza.
E é justamente por conta dessa incerteza – seja por conta de ainda não haver encontrado o modelo de negócio, ou porque os custos para manter a operação ainda são maiores que a receita – que o investimento em startups é essencial para que esses negócios tenham chance de prosperar e mudar a vida da sociedade.
São exemplos de startups muito conhecidas hoje em dia – e que é provável que você use ou já tenha usado alguma vez na sua vida, empresas como Google, Uber, Facebook, Airbnb, 99, Nubank, entre outras.
Um dos principais indicadores de crescimento exponencial é o aumento constante do número de usuários ou clientes. Se a startup está conseguindo atrair cada vez mais pessoas para o seu negócio, é um sinal de que está no caminho certo.
Além disso, é importante observar a taxa de crescimento. Se ela está aumentando a cada período, é um sinal de que a startup está experimentando crescimento exponencial.
O investimento em startups, adequadamente chamado de “capital de risco” ou, em inglês, “venture capital”, é o que permite que empreendedores persistam na busca pelo modelo de negócios adequado enquanto ainda não existe receita.
Depois do modelo de negócio encontrado e validado, a receita deve começar a crescer. Ainda assim, em um cenário de muita competitividade – com outras startups ou empresas – outras rodadas de investimento provavelmente serão necessárias até que a empresa seja completamente sustentável.
Na lógica do venture capital, inclusive, esses investimentos continuam ocorrendo na busca de conquistar mais mercado e crescer mais rápido.
O ciclo de investimentos das startups começa por um aporte inicial, realizado por investidores anjo. Depois, podem passar por uma aceleradora. Em seguida, fazem uma rodada pre-seed ou seed – via crowdfunding ou com fundos early-stage. O próximo passo é a Série A, mas antes, algumas ainda precisam de uma nova rodada (seed ou bridge) para chegar até o tamanho necessário para conquistar uma Série A. Daí para frente, séries B, C, D, E – e assim por diante –, os fundos de venture capital entram na jogada, especialmente aqueles focados em late stage.
É como se fosse uma corrida de revezamento, onde o investidor anterior potencializa o negócio para eliminar alguns riscos e validar mais hipóteses, passando para o próximo player investir – geralmente, por um valor de mercado maior (valuation) e menos participação. É nesse revezamento que a startup vai crescendo e comprovando o seu valor – e dando muito dinheiro para quem investiu nela.
Importante lembrar: quem investe antes, compra mais participação no negócio e por um valor menor. Ou seja, se der certo, ganha mais.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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