Entenda como funciona e os casos de uso do deepfake ao redor do mundo
(Foto de ThisIsEngineering no Pexels)
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7 min
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10 set 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
O termo “deepfake” foi criado em 2017, no Reddit, um fórum de notícias e discussões. Na época, a iniciativa chamou atenção porque a inteligência artificial era utilizada para substituir rostos e criar vídeos falsos e pornográficos de mulheres famosas.
Em 2019, a startup de inteligência artificial Sensity encontrou 15 mil vídeos online contendo deepfake em setembro daquele ano. 96% deles eram de conteúdo pornográfico. Embora essa continue sendo uma grande vertente de uso desta tecnologia, as outras possibilidades de uso também têm se mostrado promissoras… e preocupantes.
O “deep” de deepfake refere-se ao deep learning, vertente da inteligência artificial em que os algoritmos treinam a si mesmos. Munidas de fotos, vídeos e com a ajuda do algoritmo, é possível (e cada vez mais fácil!) que pessoas criem vídeos falsos e mal intencionados.
Um vídeo de Mark Zuckerberg, por exemplo, se tornou um clássico. Na montagem, ele é visto discutindo que é um homem com controle total de bilhões de dados roubados e afirma que “quem controla dados, controla o futuro”. A deep learning foi capaz de reproduzir de forma muito fiel os traços do fundador do Facebook, mas a voz continuou sendo de um dublador. Há, no entanto, vídeos em que até mesmo a voz é copiada pelo algoritmo.
O sistema GAN (rede generativa adversa), de deep learning e machine learning, são fundamentais neste processo. A GAN coloca duas redes neurais (sistemas de aprendizado de algoritmos) para competir entre si – o desafio é quem consegue criar as imagens mais precisas. Elas são capazes de reconhecer seus erros e trabalham para melhorá-los até que o resultado seja satisfatório.
Não por acaso, é mais frequente a criação de deepfakes de grandes celebridades e pessoas públicas em geral, pois é necessário que haja um grande banco de dados para que o sistema possa se basear.
Atualmente, existem aplicativos capazes de criar deepfakes em questão de minutos. O Impressions e ZAO são exemplos. De acordo com dados da Agência Pública, em 2020 os brasileiros eram o segundo maior público do aplicativo Impressions.
Na App Store ou Google Pay, os aplicativos geralmente não possuem menção à deepfake, mas a “troca de rosto”, “face swap” e “pareça com uma celebridade”. No Impressions, no entanto, os vídeos criados na modalidade gratuita possuem uma marca d’água que sinalizam que o vídeo é um deepfake, embora o conceito ainda não seja muito popular no Brasil.
Daniel Xavier é influenciador com mais de 400 mil seguidores no Instagram que se tornou conhecido sob a alcunha de “Justin Bieber brasileiro”. Ele utiliza o aplicativo para ficar mais semelhante ao cantor canadense e em alguns vídeos, a marca d’água do Impressions App é coberta por uma tarja com o seu @ na rede social.
Já o jornalista Bruno Sartori acumula 309 mil seguidores no YouTube, onde publica vídeos de Deep Fake de humor ou de cunho político.
O uso na política é uma grande preocupação no Brasil e no mundo. Há exemplos em que o deepfake é utilizado em situações cômicas com imagens de presidentes, em outros, o objetivo é a desinformação. Até mesmo nos aplicativos é possível simular vídeos com rostos dessas personalidades influentes.
Nas eleições dos Estados Unidos de 2020, o ex-presidente Donald Trump compartilhou vídeos falsos de seu concorrente e atual presidente dos EUA, Joe Biden, na internet. Em janeiro do ano passado, o Facebook baniu vídeos e fotos com deepfake de suas plataformas.
No anúncio, a companhia afirmou que “baniria conteúdos que não são aparentemente falsos para uma pessoa comum e que têm o objetivo de enganar alguém”.
Pele do rosto de cor diferente do corpo, iluminação desconexa com a do ambiente, voz que não combina com as características da pessoa, traços do rosto borrados, expressões faciais não naturais: essas são algumas características que devem ser observadas para identificação de um deepfake.
Antigamente, piscar de forma não natural também era um erro comum nesses conteúdos, mas a inteligência artificial já avançou neste sentido. Veja, na prática, como identificar deep fakes.
Embora o uso desta iniciativa seja preocupante, há casos em que ela pode ser muito relevante. O Museu Salvador Dalí, na Flórida, possui um deepfake do pintor surrealista para recepcionar os visitantes e até mesmo tirar selfies.
Foram mais de mil horas de trabalho em machine learning para criação de 45 minutos de conteúdo, divididos em 125 vídeos interativos.
Ainda no setor do entretenimento, o deepfake pode ser utilizado em séries, filmes e outras produções. No filme “O Irlandês” (2019), da Netflix, o estúdio VFX rejuvenesceu Robert De Niro para que ele parecesse 30 anos mais novo. Após o lançamento do filme, usuários passaram a publicar vídeos do ator rejuvenescido com deepfake -- e há quem prefira essa versão à original. Confira:
No vídeo acima, a mudança foi feito pelo usuário “Shamook” em dez dias. Ele foi contratado em julho deste ano pela produtora Lucasfilm, adquirida pela Disney em 2012.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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