O que está por trás de Elon Musk? Veja os destaques da biografia

Elon Musk deu tanto o que falar que a vida dele já rendeu uma biografia de 676 páginas. Escrita por Walter Isaacson, o biógrafo de nomes como Albert Einstein, de Leonardo da Vinci e Steve Jobs, e traduzida para o português por Rogerio W. Galindo e Rosiane Correia de Freitas, ela costura da infância às empresas bilionárias de Musk.

“Musk desenvolveu um fervor que disfarça o jeito pateta e um jeito pateta que disfarça o fervor”, escreve Isaacson. “Pouco à vontade no próprio corpo, como um homem grande e forte que nunca foi atleta, ele anda com os passos largos de um urso obstinado e dança com movimentos que parecem ensinados por um robô”. 

A biografia não sugere que Musk seja agradável, tolerável ou mesmo seguro para trabalhar. Isaacson observa que Musk “preferia um ambiente turbulento e difícil, onde guerreiros raivosos sentissem perigo psicológico em vez de conforto”. Mas, ainda assim, conseguiu sucesso nos negócios que desenvolveu – vamos falar mais sobre isso a seguir. 

Afinal, cada negócio surgiu como uma demanda ao que ele considera como suas missões, Musk criou do zero empresas cujo valor de mercado, em 2022, era de 

• US$ 1 trilhão no caso da Tesla (tornando a indústria automobilística mais verde); 
• US$ 100 bilhões da SpaceX (com foguetes que possibilitam a vida em outros planetas); 
• US$ 5,6 bilhões da The Boring Company (fortalecendo o transporte público e smart cities); 
• e US$ 1 bilhão da Neuralink (desenvolvendo implantes cerebrais).

Excêntrico e complexo

Da relação conturbada com o pai, a biografia aponta que ele foi maltratado na infância e lidou com um pai tirânico. 

Mesmo sendo bilionário, ele não tem mais uma casa e tem manias como dormir embaixo da mesa do escritório ou na casa de amigos. 

Também é obcecado por alguns símbolos, notoriamente a letra X — batizou um dos seus filhos e a sua mais nova aquisição, o Twitter. 

Musk tentou recrutar Rudy Giuliani como conselheiro

Musk considerou recrutar o então prefeito de Nova York para ajudá-lo a transformar o PayPal em um banco, em 2001. Musk procurou uma reunião com Giuliani, então chegando ao fim de seu mandato, porque queria transformar o PayPal – uma empresa de pagamentos online – numa “rede social que iria perturbar todo o setor bancário”.

Não correu bem.

Musk está muito preocupado com a IA

Ele diz a Isaacson que a consciência humana está ameaçada pela perspectiva de sistemas de IA superinteligentes e incontroláveis.

Musk diz: “O que pode ser feito para tornar a IA segura? Eu continuo lutando com isso. Que ações podemos tomar para minimizar o perigo da IA e garantir que a consciência humana sobreviva?”

Por isso, ele fundou a própria empresa de IA, a xAI. Seu objetivo é enfrentar a ameaça de colapso populacional. Ele tem 10 filhos por causa disso. 

“A quantidade de inteligência humana, observou ele, estava se estabilizando porque as pessoas não tinham filhos suficientes. Enquanto isso, a quantidade de inteligência computacional aumentava exponencialmente, como a lei de Moore sobre esteróides. Em algum momento, a capacidade intelectual biológica seria ofuscada pela capacidade intelectual digital.”

Musk se recusou a trabalhar com Bill Gates em questões filantrópicas porque Gates havia apostado contra o sucesso da Tesla na bolsa

Os projetos para os quais Gates sugeriu Musk teriam apoiado “refugiados, escolas americanas e a cura da AIDS, erradicando alguns tipos de mosquitos através de impulsos genéticos e sementes geneticamente modificadas que resistirão aos efeitos das alterações climáticas”.

Gates parece ter rido de todo o conflito - “ele foi muito mau comigo, mas é muito mau com tantas pessoas, então você não pode levar isso para o lado pessoal”. 

No momento da reunião, aliás, Gates havia perdido US$ 1,5 bilhão com a escolha que fez sobre a Tesla.

Como Elon Musk usa isso a favor dos seus negócios?

Aqui nós temos um resumo do que Isaacson conta sobre Elon Musk, mas existem algumas conclusões possíveis para os negócios a partir da biografia dele:

• Não tem medo de correr riscos: Elon Musk desenvolveu um carro autônomo indo contra tudo o que a legislação americana obrigava. Mas não só: mantém posições contrárias e deposita esforço e dinheiro em ideias que acredita.
• Obstinado (ou obsessivo?): ele faz muitas perguntas, acompanha a produção de perto e não desiste de uma ideia se acredita muito nela. 
• Inovador: não dá para negar que Elon Musk tem disruptado muitos mercados. Ele encontra formas diferentes de operar e tenta manter suas empresas o menos dependente dos outros. 

Por que importa?

Mas o que a biografia deixa claro é que o brilho de Musk é muitas vezes ofuscado por sua incapacidade de se relacionar com as pessoas. Os fantasmas da infância o assombram e os negócios se tornam lugares seguros, quando adaptados às necessidades dele. Falta diplomacia e liderança em muitas relações, o que pode se tornar um problema. Ou não?

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