Empreendedores e fundos de investimento discutem aprendizados e oportunidades no processo de captação
Mão colocando uma moeda em um cofre digital (Fonte: Getty Images)
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5 min
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28 out 2022
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Atualizado: 19 mai 2023
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Não é porque o volume e a quantidade de investimentos diminuíram que o dinheiro acabou. Na verdade, o mercado de venture capital global vive um momento de amadurecimento, com o surgimento de novas tendências e oportunidades tanto para empreendedores quanto para quem tem o dinheiro na mão para assinar os cheques.
“O Brasil e a América Latina nunca tiveram tanto capital disponível para empreendedores no early stage e growth quanto tem hoje, embora ainda tenha como melhorar. Estamos vivendo um momento de downsize, mas existem muitas oportunidades e estou muito otimista em relação ao que os próximos 10 anos vão significar para a região em termos de empreendedorismo e tecnologia”, diz Bianca Martinelli, sócia da Alexia Ventures, durante o segundo dia de RD Summit, em um painel com mediação de Juliene Piniano, sócia da FM/Derraik.
A executiva ressalta que ao empreender os fundadores das startups precisam avaliar se o venture capital é o caminho ideal para o seu negócio – e tudo bem se não for. “É um processo longo que requer estudo e preparo, e o empreendedor precisa fazer a lição de casa”, afirma Bianca. Ela observa boas perspectivas para empresas de tecnologia de software as a service (SaaS).
Para Bianca, um potencial ainda maior está nas pequenas e médias empresas. “Grande parte da economia na América Latina é composta por PMEs, que têm um mundo enorme de digitalização, potencial de crescimento e geração de valor. Se eu fizesse um SaaS hoje em dia, começaria focando neste setor”, pontua.
O SaaS também está no centro das estratégias da Astella. “Esse continua sendo um mercado muito grande e boa parte do nosso dealflow é com esse intuito”, diz Marcelo Sato, sócio da gestora. Ainda assim, a Astella tem olhado cada vez mais para os marketplaces B2B, setor que também enxerga grandes potenciais de crescimento.
Rodrigo Tognini, presidente e cofundador da Conta Simples, observa uma outra tendência no mundo das startups: a união de fintechs e o software as a service. “O SaaS é extremamente escalável, tem boas margens e um tempo de vida gigantesco de retenção de clientes. Mas tem um payback maior, ciclo de venda mais difícil e o time de vendas se torna um canal fundamental. Os elementos do SaaS que não são muito bons são ótimos nas fintechs e vice-versa. Estamos vendo um movimento de empresas criarem um modelo de SaaS com pagamentos”, explica.
A fintech Conta Simples encerrou 2021 com um cheque série A no valor de R$ 121,4 milhões liderada pelo fundo JAM e pela Valor Capital. Base10 Partners, Y Combinator, Quartz e Big Bets também já investiram na fintech. Apesar dos nomes de peso, Rodrigo conta que o processo de captação não foi fácil. “Depois da rodada anjo, achamos que só porque tínhamos um produto no mercado e nomes que nos davam credibilidade, conseguiríamos levantar dinheiro facilmente, mas já chegamos a falar com 90 investidores e não conseguir fechar a rodada”, conta.
A lição que ficou é que o fundraising não é simplesmente fazer o pitch e falar que a empresa se tornaria algo gigantesco. É preciso de métricas, processos estruturados e visão de negócio. “O que mais importava era a visão que o empreendedor consegue transmitir, mostrar que o produto vai fazer diferença no mercado e que já está gerando resultados relevantes”, pontua.
O trio de especialistas deixa as dicas de ouro para empreendedores que buscam investimento:
1. Para Rodrigo, da Conta Simples, o empreendedor precisa ser otimista por natureza. “É uma jornada com muitos desafios. Receber um ‘não’ não significa que o negócio não vai dar certo – não deixe de expor a sua empresa e procurar investidores para pedir ajuda. E se durante o processo de captação o investidor for simpático ou aberto para a negociação não significa que ele vai investir.
2. Use o relacionamento com investidores como um processo de aprendizado. “O mais importante é a troca. O relacionamento tem que ficar mesmo se o dinheiro vier ou não, porque muitas oportunidades podem surgir em um outro momento”, argumenta Rodrigo.
3. O foco é muito importante, mas não pode ser um gap de crescimento. “O investidor precisa acreditar no sonho grande do empreendedor e querer compartilhar isso. Além disso, sempre provocamos [os sócios] a pensar sobre o longo prazo, ter uma clareza de posicionamento e onde querem chegar”, diz Marcelo, da Astella.
4. O Relacionamento é fundamental. “A gente adora conversar com os empreendedores antes mesmo de começar a rodada”, afirma Bianca, da Alexia Ventures. “Estamos em um negócio que, essencialmente, é de pessoas, e o aspecto mais importante é o empreendedor. É ele que vai resolver um problema no mercado. É importante construir um storytelling com o motivo e a forma como você vai fazer uma disrupção no mercado.”
5. Preparação. Para o pitch, as conversas, entendimento das métricas e tudo que envolver a captação. “Mesmo que não tenha todas as respostas para os desafios da empresa, é essencial ter vontade de aprender. O investidor vai agregar valor com conhecimento, estratégias e contatos para que os empreendedores aprendam nessa jornada.
(Por Gabriela Del Carmen, publicado originalmente em Startups.com.br)
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