Nesta coluna, Daniele Avelino reflete sobre como a diversidade e inclusão evoluem no ambiente corporativo em um contexto global em transformação
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7 min
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7 fev 2025
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Atualizado: 7 fev 2025
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A diversidade e inclusão (D&I) têm sido temas centrais em debates globais, refletindo mudanças sociais, políticas e econômicas que moldam o futuro das organizações e sociedades. No Brasil, essas pautas ganharam força com políticas afirmativas e avanços institucionais, mas seguem em constante adaptação diante de um cenário internacional que oscila entre progresso e resistência.
Diante da ascensão de movimentos conservadores em diversas partes do mundo, incluindo os Estados Unidos, onde lideranças políticas frequentemente revisitam políticas de equidade, surge uma questão fundamental: como a diversidade e inclusão evoluem em um contexto global em transformação?
As dinâmicas internacionais influenciam diretamente os debates e direcionamentos sobre D&I no Brasil. A interconectividade política e econômica faz com que discursos e políticas adotadas por países centrais reverberem em diferentes nações, moldando percepções e posicionamentos institucionais.
Ao longo da última década, o Brasil consolidou iniciativas relevantes, como a política de cotas, a criminalização da LGBTfobia e a ampliação de debates sobre equidade racial e de gênero. No entanto, essas conquistas dialogam com uma realidade marcada por contrastes: ao mesmo tempo em que há avanços significativos, também há questionamentos e movimentos que desafiam sua continuidade.
Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil. Diversos países passam por ciclos de avanços e retrocessos em relação a D&I, refletindo disputas ideológicas, mudanças de governo e transformações sociais mais amplas.
A questão que se impõe, então, não é apenas a resistência a possíveis retrocessos, mas a compreensão de como a diversidade e a inclusão podem se consolidar como valores estruturantes, independentemente de conjunturas políticas.
Se olharmos para além das oscilações políticas, torna-se evidente que a diversidade não é apenas uma pauta de direitos, mas um fator determinante para o desenvolvimento sustentável, a inovação e a competitividade global. Empresas e instituições que incorporam D&I de maneira estruturada não apenas fortalecem sua cultura organizacional, mas também ampliam sua capacidade de responder a desafios complexos e construir soluções mais representativas.
Nesse sentido, é interessante observar como alguns países e organizações têm tratado o tema não apenas como um conjunto de políticas isoladas, mas como uma mudança de paradigma. Em mercados onde a diversidade se tornou um ativo estratégico, percebe-se que sua incorporação transcende ciclos políticos, sendo reconhecida como um valor intrínseco à governança, à sustentabilidade e ao crescimento econômico.
O Brasil, com sua riqueza cultural e histórica, tem um potencial singular para transformar a diversidade em um diferencial competitivo e social. O desafio está em consolidar esse caminho de forma consistente, sem que ele dependa exclusivamente de contextos governamentais ou de pressões externas.
Diante desse cenário, a reflexão que se impõe não é sobre como resistir, mas sobre como avançar. Como criar um ambiente em que D&I se torne parte da identidade organizacional e social, para além de agendas políticas? Como fortalecer a inclusão de maneira que ela seja percebida não como um desafio, mas como um caminho natural para o desenvolvimento?
A resposta pode estar na consolidação de uma cultura de equidade que vá além das políticas formais. Educação, troca de conhecimento e construção de redes de apoio são pilares essenciais para que a inclusão se torne um valor compartilhado. Além disso, a integração entre setor público, privado e sociedade civil pode gerar um movimento sustentável, em que a diversidade seja reconhecida como parte fundamental da inovação e do crescimento.
O futuro da diversidade e inclusão no Brasil não será definido apenas por políticas e legislações, mas pela maneira como a sociedade, as empresas e as instituições absorvem e transformam essas pautas em valores estruturantes. 4
Djamila Ribeiro nos lembra que "a luta por direitos não tem linha de chegada", e talvez essa seja a principal reflexão: a diversidade não deve ser vista como um debate temporário, mas como uma jornada constante, que atravessa diferentes contextos e se fortalece na medida em que se enraíza na cultura e na identidade de uma sociedade.
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LinkedIn Top Voices 2021 na Área de Carreiras. Especialista em Recursos Humanos e Diversidade e Inclusão. É palestrante, mentora, consultora de desenvolvimento focado em Diversidade.
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