Conheça mais sobre o conceito que aborda o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico
Oceano (Foto: via Canva)
, Redator
12 min
•
18 jul 2023
•
Atualizado: 8 ago 2023
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Você já ouviu falar em economia azul? O termo vem ganhando bastante destaque, principalmente depois do fortalecimento de pautas ESG tanto no setor público quanto no privado.
Então, de acordo com o Banco Mundial, economia azul é o “uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, a melhoria dos meios de subsistência e do emprego, preservando a saúde do ecossistema”.
“Em suma, a economia azul faz parte do conceito de melhor utilização dos recursos naturais para o desenvolvimento econômico, empreendedorismo sustentável, e inovação”, explica Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais.
O conceito foi criado em 1994 pelo economista Gunter Pauli a partir da publicação de seu livro, chamado The Blue Economy. A obra tem como objetivo incentivar um modelo econômico mais consciente de utilização de recursos e os impactos de desenvolvimento humano no meio ambiente.
E como temos visto, diversos setores da sociedade mundial vem cada vez mais demonstrando preocupação com os rumos que o nosso meio ambiente tem tomado. Diante disso, é visível a busca por um crescimento sustentável da economia mundial.
“E para resolver todas essas questões, o mar também é muito importante. Por isso, a economia azul está tão em alta. Mas é claro que esse é um tema que está dentro de um assunto maior, que é a sustentabilidade do Planeta”, pontua Glerton Reis Jr, economista e sócio fundador da A&G Assessoria Empresarial & Tributária.
Para se ter uma ideia do quão importante deve ser esse conceito, se a economia azul fosse um país, seria o sétimo maior do mundo em termos do potencial do PIB que ela pode gerar.
Desse modo, rios, mares e oceanos passaram a fazer parte da agenda de desenvolvimento sustentável mundial. Afinal de contas, o mar, por exemplo, é muito importante em termos de obtenção de energia renovável, principalmente através dos ventos por meio da energia eólica.
“Mas existem outros projetos, como a descarbonização do transporte marítimo, a transformação dos portos em lugares mais verdes etc. E para isso, então, se trabalha na renovação dos padrões de pesca, reciclagem dos navios e no desmantelamento de plataformas que poluem os oceanos”, esclarece Feldman.
Ainda de acordo com o professor, desenvolver uma infraestrutura verde nas áreas costeiras é algo muito importante que vai ajudar a preservar a biodiversidade, as paisagens e, consequentemente, beneficia o turismo e a economia litorânea.
Desse modo, para trazermos um exemplo prático do que já é feito em relação à economia azul, Ariane apresenta o case da Pristine Seas, que conseguiu a proteção de mais de 6,5 milhões de quilômetros quadrados de oceano.
“A iniciativa, liderada pela National Geographic, tem o objetivo de conservar o oceano, com a meta de proteção de 30% dos oceanos do mundo até 2030”, conta a economista.
Por aqui, esse conceito também deve ser considerado de grande importância. Afinal de contas, em primeiro lugar, somos um dos países que têm a maior costa marítima do mundo.
“Então, as questões envolvendo mares e oceanos são fundamentais para a economia brasileira, incluindo não só a pesca, mas o turismo e a obtenção de energia renovável”, afirma Feldman.
E isso se materializa em números, já que de acordo com Glerton Reis Jr, cerca de 93% do petróleo produzido no Brasil é oriundo dos oceanos e 73% do gás produzido também vem dos mares e oceanos.
“Perceba a impactabilidade da economia azul em aspectos de dados. São extremamente significativos”, analisa. Alguns passos já começaram a serem dados. Isso porque, temos várias instituições públicas e privadas que são exemplos de economia azul, como: WWF (Fundo Mundial Para a Natureza), Oceana Brasil, Ama (Agentes do Meio Ambiente) e a própria marinha brasileira.
Deu para perceber que o conceito é bastante forte e pode interferir em diversas áreas da sociedade. Por outro lado, existem alguns setores que são ainda mais impactadas pela economia azul, como:
“Por meio de atividades como pesca sustentável, produção de energia renovável ou ecoturismo, muitos países conseguiram aumentar as taxas de emprego e saneamento, reduzindo a pobreza, a desnutrição e a poluição. Bem como o equilíbrio do meio ambiente nessas áreas, que geram a sustentabilidade natural de espécies e são responsáveis por absorver 30% do gás carbônico. E a vida marinha, que é detentora da geração de 50% do oxigênio necessário para a sobrevivência. E tudo isso, claro, se traduz em melhor qualidade de vida”, pontua Ariane.
E, como dito, ainda existem outras áreas que são muito importantes para a economia e para os negócios e que podem ser impactadas com a economia azul. “Como é o caso da indústria farmacêutica e de biotecnologia, já que o mar é uma grande fonte de produção de remédios. Então, esse conceito é fundamental para esse setor”, conta Feldman.
Vale ressaltar que a economia azul pode ser ótima não só para a economia dos países, mas também para as empresas. Isso porque, quem irá implantar as diversas medidas ligadas a economia azul são as próprias companhias.
“Então, as empresas deveriam dar uma atenção maior às questões ligadas aos oceanos e aos mares. Afinal, quando as companhias falam da importância de se usar energias com fontes renováveis, é claro que elas devem levar em conta a possibilidade de gerar energia através do oceano com a energia eólica, energia das ondas e assim por diante. Por isso que as empresas estão envolvidas e devem estar cada vez mais por dentro da economia azul”, explica o professor.
Sem esquecer, claro, que os projetos de economia azul geram empregos em áreas remotas. E isto faz com que a economia gire, maximizando recursos de empresas envolvidas em setores de maior impacto.
Dessa forma, fica cada vez mais visível a importância da chamada Agenda 2030, que foi criada pela ONU para tentar reduzir os impactos ao meio ambiente. Aliás, o acordo prevê que até 2030, pelo menos 30% dos oceanos estejam preservados.
E existem outras diversas metas impostas pela organização, algumas delas envolvem:
Em conclusão, a economia azul compõe a agenda ESG, que hoje as empresas buscam se enquadrar devido ao resultado impactante que ela gera não só para os negócios como também para a imagem das companhias.
“Desse modo, aderir a essa agenda, independente do segmento escolhido (ambientais, sociais e de governança), mostra atuação responsável e comprometimento com valores no âmbito do desenvolvimento sustentável. A consequência da aderência da agenda é o aumento das vantagens competitivas e confiabilidade da marca”, analisa Ariane Benedito.
Portanto, a mensagem que fica é que podemos, e devemos, crescer, gerar emprego e valor, mas com a premissa de preservar os oceanos e as costas. Ou seja, seguindo os dizeres da economia azul.
Por mais que ESG seja um tema discutido já a bastante tempo, ainda falta orientação quanto às práticas adotadas pelas empresas e gestores no dia a dia. Em outros países essa pauta está mais avançada que no Brasil, e você pode se aprofundar aqui nesses temas e se preparar antes. Confira a principal Certificação Internacional ESG lecionada pelas principais autoridades mundiais no assunto. Saiba mais
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