Viviane Sedola, uma das maiores lideranças no mercado de cannabis no Brasil, conta por que decidiu empreender em um mercado que é um tabu e traz dicas de empreendedorismo e de atração de talentos. Confira!
Cannabis (Foto: luza studios vis Getty Images)
, jornalista
8 min
•
23 nov 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a fabricação de mais um medicamento à base de cannabis, o Canabidiol Ease Labs 100 mg/ml. Será fabricado pela Ease Labs Laboratório Farmacêutico.
Atualmente, a Anvisa já aprovou 23 medicamentos de cannabis no Brasil. De olho nisso ― e principalmente por ser um nicho ainda pouco explorado no país ―, a empreendedora Viviane Sedola fundou um marketplace de cannabis.
COMO ASSIM?
Já tem muitos anos que a cannabis existe. Alguns registros históricos mostram o uso da planta medicinal desde 2.700 A.C. Hoje, apesar do assunto ser um tabu, descobri ao ler um estudo da Vantage Market Research que o mercado global de cannabis pode movimentar US$ 128 bilhões até 2028. Gigante, né?
Mas calma. Não estamos falando da maconha — que traz efeitos psicotrópicos —, e sim das mais variadas indústrias que usam a cannabis (que tem baixo teor de THC, o tetrahidrocanabinol), como: construção, cosmética, medicinal, papel e têxtil.
Foi de olho nesse cenário, pouco explorado no Brasil, que Viviane Sedola encontrou um nicho para empreender. Em 2018, fundou a startup Dr. Cannabis, começou como um blog sobre cannabis medicinal e hoje é uma empresa que conecta pacientes a médicos e outros profissionais que revendem produtos à base de canabinoides. Uma espécie de marketplace.
Daí, este ano, decidiu fazer uma fusão com a Cannect ‒ outra empresa do setor ‒ para acelerar o crescimento do negócio. O objetivo não é expandir para além da saúde, mas quem sabe, “ingressar no mercado de bem-estar no futuro breve”, me disse Viviane.
O assunto foi abordado no último episódio do Mulheres do Agora. Separei alguns trechos da entrevista para você ficar por dentro desse mercado bilionário:
Viviane Sedola: Tem muita polêmica na minha resposta. (...) Em geral, quando a gente pensa em maconha, pensa na pessoa que quer fumar e quer ter aquele efeito psicotrópico. Psicotrópico, não. Esse não é o termo, mas é a pessoa que quer ficar chapada, com o efeito do THC. (...) Mas com a cannabis industrial você não vai ter o efeito de THC. Você consegue fazer papel, tecido, pode fazer as cordas, tudo o que é feito de plástico poderia ser feito de cânhamo [pertencente a cannabis sativa]. E se você for fumar a flor do cânhamo, você não vai ficar chapado. Você não vai ter o efeito do THC, então será que cannabis e maconha são a mesma coisa? Eu diria que não. A minha opinião é que não.
Viviane Sedola: Sim, tem várias possibilidades, inclusive a de fumar, inclusive a de fazer medicamentos.
Viviane Sedola: Sim, a do cosmético. Você consegue aplicá-lo em absorventes higiênicos. Já tem agora uma calcinha absorvente à base de cânhamo, quando usado como tecido, o cânhamo, é antibacteriano, por exemplo.
Viviane Sedola: Eu achei que eu ia para a área de educação e comecei a pesquisar várias frentes. Comecei a falar com pessoas que estavam investindo na área de impacto e foi aí que eu descobri que havia médicos prescrevendo cannabis no Brasil. Eu falei: “como assim? Quem está prescrevendo? Pode?” E eu me achava uma pessoa bem informada. E vamos lá. Era final de 2017, quando eu tive essa informação. Fazia dois anos que a gente tinha uma regulação no Brasil. Eu nunca tinha ouvido falar e aí eu fui pesquisar.
Viviane Sedola: Eu falei “deixa eu me aprofundar aqui”. Entendi que só no Brasil a gente tem pelo menos 600 mil epiléticos refratários. (...) Em dois anos, essas pessoas tiveram a possibilidade de se tratar com esse medicamento. Por que elas não fizeram isso? Por falta de informação? Sim. Não sabiam. E foi aí que eu vi um problema. Aquilo que pra mim foi muito claro, como eu tinha que resolver aquilo com as ferramentas que eu tinha, com o meu histórico, com a minha experiência na área de comunicação, com a minha experiência no mundo digital. Eu falei “eu consigo ligar essas pontas, eu consigo resolver esse problema.” E fundei a Dr. Cannabis.
Viviane Sedola: Olha, começou como um blog. E eu falei “eu sei que eu posso criar conteúdo sobre isso. Agora, deixa eu procurar um advogado para ver se eu realmente posso conectar um médico ou um paciente.”
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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