A Locaweb precisou analisar 1,9 mil startups para adquirir 10. Entenda o que as empresas tradicionais buscam nas startups.
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10 min
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26 mai 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques
A urgência pela inovação é conhecida por quem tenta manter seu negócio relevante. Especialmente por conta da pandemia, as grandes empresas se viram obrigadas a inovar numa velocidade atípica - geralmente só alcançada por startups. A solução? Comprar startups que resolvam problemas específicos e possam trabalhar em conjunto com as soluções oferecidas.
Somente nos primeiros quatro meses de 2021, o número de aquisições cresceu 120% - número recorde para o setor. Mais de 77 operações do tipo ocorreram, frente a 35 no mesmo período do ano passado, segundo estudo da Distrito. Como uma maneira de não perder espaço para concorrentes e chegar na frente, Magalu, Via, Locaweb e B2W protagonizaram aquisições estratégicas.
A Locaweb, um exemplo de empresa que buscou essa via de inovação, disse ter analisado mais de 1,9 mil startups para adquirir 10. É possível perceber que não é fácil fazer essas escolhas, então o que empresas levam em consideração quando buscam startups para ajudá-las a inovar mais rápido?
A Locaweb destacou que sua análise de 1,9 mil oportunidades de aquisição tem objetivo de encontrar startups que se encaixam em seu ecossistema e que tenham boas chances de serem aceleradas por seu grupo. Ainda, para realizar uma aquisição, a empresa analisa se o mercado ainda não possui solução similar, se não houver, muitas vezes faz sentido desenvolver internamente a solução - há tempo para isso.
Como objetivos principais, a Locaweb busca enriquecer suas soluções de e-commerce, entrar em novas verticais e consolidar um determinado segmento. O objetivo não é comprar uma startup para adicionar mais uma linha de receita apenas, mas sim encontrar boas startups que tenham sinergia com o que já foi construído pela empresa. Para serem escolhidas, as startups devem ter produto maduro, receita e seus fundadores precisam estar presentes no dia a dia do negócio.
A prática de considerar a urgência do desenvolvimento de uma solução é uma prática que se repete na Magalu. Há uma decisão a ser tomada: se será desenvolvida internamente ou se a solução será encontrada fora - em uma startup, por exemplo.
No primeiro quadrimestre, a Magazine Luiza buscou soluções no mercado, resultando na compra de cinco startups - com intenção de adquirir ainda mais. Áreas de interesse incluem pagamentos, logística e tecnologia como um todo. A busca se justifica: é cada vez mais complicado acompanhar a evolução dos hábitos dos clientes, que ficam crescentemente mais conectados.
Os movimentos da Locaweb e do Magalu não são isolados - indicam uma forte tendência de busca por startups que integrem negócios que precisam inovar rápido. O setor das varejistas conquistou o primeiro lugar no pódio do segmento de startups adquiridas neste ano. Em 2020, as soluções para varejistas eram o quarto tipo mais buscado, com fintechs liderando o ranking.
A velocidade das mudanças ocorridas no setor de varejo fizeram com que as empresas estabelecidas compreendessem a necessidade de acompanhar o ritmo, especialmente na parte de cadeia logística, serviços e operação. A tendência é reforçada pelo ritmo de inovação imposto pelo mercado - com clientes cada vez mais exigentes e concorrentes mais fortes ameaçando as empresas que ficam estagnadas.
O cenário econômico do Brasil também favorece as aquisições: a queda dos juros e os IPOs mais frequentes resultam em mais capital disponível para ser aplicado. O ambiente de negócios nacional despertou o interesse de muitas empresas em realizar aquisições estratégicas, com crescente número de players prestando o serviço de selecionar soluções que façam sentido para uma determinada empresa tradicional - a CapTable também oferece o CapTable Corporate, serviço do tipo.
Mas nem toda aquisição tem consequências e aplicações tão diretas assim, a compra da JovemNerd pela Magalu, por exemplo, tem o objetivo de aproximar a marca aos clientes e ao seu mercado - a diversidade oferecida pelas startups apaixona empreendedores visionários que enxergam cada oportunidade de aquisição como uma peça - que traz inovação e diferenciais - para completar o quebra-cabeças do futuro, sem cair na mesmice das práticas tradicionais.
O que as startups trazem para o jogo é diretamente reflexo de suas características contrastantes às empresas tradicionais: flexibilidade, agilidade, inovação e tecnologia. Temas que são rotina nas startups passam a ser incorporados por empresas que enxergam a necessidade de se adaptar a uma nova realidade.
Além das características contrastantes, as startups têm sucesso em uma tarefa que nem sempre é alcançada por empresas tradicionais: fazer muito com pouco recurso e - muitas vezes - com menos visibilidade. O sentimento de 'inove ou morra' se aplica às grandes empresas, mas ainda mais às startups, que precisam desenvolver soluções únicas, que atraiam clientes, para continuar existindo.
Prova da eficiência das startups é que muitas atingem o patamar de unicórnio - startup com valor de mercado superior a US$ 1 bi - com a metade dos investimentos de uma corporação tradicional e em muito menos tempo.
Por reconhecer que as transformações necessárias para não acabar com um negócio podem vir também de fora, as empresas identificaram nas startups uma alternativa para absorver inovação e processos eficientes. Com a maturidade do ecossistema de inovação, há uma excelente safra de startups maduras, comprovada pelo aumento crescente no volume de investimentos recebidos: somente em 2021, as startups brasileiras receberam aportes de pelo menos R$ 10,1 bilhões.
Em um ciclo que alimenta o ecossistema, startups vão ficando mais maduras, investidores recebem retorno de seus investimentos e voltam a investir; há mais capital disponível para startups mais jovens - com mais espaço para crescer, receber investimentos e oportunidades de fusão com empresas maiores.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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