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Americanas e dona da Itaipava: o que está por trás da maior onda de recuperação judicial

Aspecto macroeconômicos somados a questões específicas de gestão estão alimentando uma alta nos pedidos de recuperação judicial. Entenda

Americanas e dona da Itaipava: o que está por trás da maior onda de recuperação judicial

, Jornalista

8 min

30 mar 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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Em janeiro de 2023, o volume de recuperações judiciais requeridas foi o maior para o mês em três anos, segundo dados da Serasa Experian. Isso acontece quando a empresa pede para renegociar suas dívidas e prazos, discutindo judicialmente saídas para a crise.

Além disso, segundo o Estadão “para o sócio da Pantálica Partners, Salvatore Milanese, o número de pedidos de recuperação judicial deve subir 50% em relação ao ano passado, uma parte em função do impacto do forte crescimento da inadimplência entre as pessoas físicas nas receitas das companhias.”

De acordo com Antonio Nachif, sócio da Dias Carneiro Advogados com atuação na área de reestruturação de dívidas e insolvência, existem aspectos mais gerais, econômicos e políticos, em confluência com aspectos específicos de cada empresa

  • O especialista destaca o fim dos benefícios decorrentes da Covid-19 às empresas e o aumento da taxa de juros como possíveis hipóteses
  • Ele também elenca os efeitos que essa sequência de pedidos pode causar no mercado e como as empresas podem se preparar para um possível pedido de recuperação judicial

Quais as possíveis causas da onda de recuperação judicial nas empresas?

Em termos econômicos, de hipóteses que vêm sendo levantadas, “tem o fim dos benefícios, decorrentes daquele período de Covid. Então tem todo um conjunto de normas excepcionais que foram criadas neste período, às vezes fiscais ou outros.” Nachif explica ainda que “acabaram os benefícios e não houve uma recuperação econômica que compensasse.”

Agora, as empresas renegociam dívidas do passado com bancos. 

“Existe um fator adicional que é o aumento da taxa de juros. E muitas empresas têm seus empréstimos vinculados a determinado critério. Quando você tem um aumento súbito, inesperado e relevante da taxa de juros, que impacta todos esses índices aplicáveis aos empréstimos, as empresas sofrem financeiramente de uma forma mais inesperada”, afirma o especialista. 

Enquanto isso, as empresas recorrem à justiça e tentam reorganizar a casa, ganhar tempo e condições de seguirem. O problema é: os inúmeros pedidos de recuperação judicial podem gerar um efeito cascata muito problemático ao ecossistema.

O possível efeito cascata das recuperações judiciais


“Quando você tem pedidos de recuperação judicial ou falência, esses pedidos em um não recebimento de valores por um período longo por todos os credores dessas empresas. Então, tem um risco de efeito cascata, em certa medida.”

O advogado explica que, se quatro empresas entram com pedidos de recuperação judicial, a empresa que é credora de todas vai ficar muito tempo sem acesso ao dinheiro devido. Com isso, os pedidos começam a ter impacto grande no mercado como um todo.

Ele elenca outro ponto importante: com o aumento da taxa de juros e também a crise do Silicon Valley Bank, fica mais difícil o crédito para as startups. “É tanto pelo aumento da taxa de juros, para elas conseguirem pagar, tanto pelo interesse dos investidores de investir.” Para negócios de maior vida, já se tem uma renda fixa com remuneração mais alta.

Como a empresa pode se preparar?

As palavras da vez são negociação e razoabilidade. Para Antonio, o momento pede muito diálogo na estruturação dos planos de recuperação. A ideia é encontrar moderação entre fazer algo que permita às devedoras se reestruturarem, mas que não penalize demasiadamente os credores.

Pessoas usando um tablet e papéis para criar um plano operacional (Fonte: Getty Images)

“É sempre o equilíbrio sensível da recuperação judicial, que nesse cenário de múltiplas recuperações, é ainda mais importante que seja muito bem calibrado”, comenta.

Por quê? Ele explica que quando a empresa atinge esse cenário de crise econômico-financeira e vai para um processo de recuperação, ela vai precisar do apoio de uma quantidade considerável de credores para apoiar o plano de recuperação dela. Se não, ela vai para falência. 

Quais são as grandes empresas que pediram recuperação judicial em 2023 

Lista em construção

Americanas

Após tombo bilionário, a Americanas apresenta plano de recuperação judicial. Dando seguimento ao processo iniciado em 19 de janeiro, em que a empresa admitiu ter R$ 43 bilhões em dívidas com 16,3 mil credores. 

Amaro

A Amaro pediu à Justiça de São Paulo a homologação de seu pedido de Recuperação Extrajudicial. A StartSe já havia analisado a situação da varejista aqui, trazendo a relevância que a empresa teve ao apostar no digital e crescer muito durante a pandemia.  

Hoje ela soma dívidas de R$ 244,5 milhões, sendo R$ 151,8 milhões em dívidas bancárias e R$ 92,8 milhões com fornecedores.

Grupo Petrópolis 

A dona de marcas como Itaipava e Petra entrou com pedido de recuperação judicial na justiça do Rio de Janeiro. As dívidas chegam a R$ 4,4 bilhões, mas a lista detalhada de credores ainda não foi publicada.

Por que importa?

“Estamos em um momento de atenção”, destaca o especialista. Os números do início do ano são marcantes e sugerem um crescente ao longo dos próximos meses. Agora, além de cautela e foco, as empresas precisam abrir diálogo e antecipar uma possível negociação, antes que seja tarde. 

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Imagem de perfil do redator

Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.

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