Gigante do streaming sofre efeitos de um mercado altamente competitivo que levou a perda de assinantes e de investimento
TV com logo da Netflix (foto: Thibault Penin/Unsplash)
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Por Junior Borneli (com Alberto Cataldi)
A Netflix está em queda. Tudo començou quando a gigante do streaming divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2022. A empresa perdeu 200 mil assinantes, coisa que nunca havia acontecido. A receita também ficou abaixo do que era previsto.
A explicação oficial para os números veio do cenário econômico e outros fatores. Mas o que chamou a atenção foi o número de usuários "piratas": 100 milhões. A empresa tem cerca de 222 milhões de assinantes ao redor do mundo.
Segundo o comunicado, a perda de assinantes no segundo semestre deve ser 10 vezes maior, chegando a 2 milhões de usuários. É um cenário muito ruim no curto prazo. Ainda mais em um mercado cada vez mais competitivo, com nomes de peso como Disney, HBO, Amazon e outros que estão chegando.
O cenário também é ruim por outro aspecto: nos últimos anos, a Netflix gastou muito mais dinheiro em produção de conteúdo do que no desenvolvimento de tecnologia.
Isso fez com que a empresa perdesse muitos talentos, já que não há novos desafios, diferente da época onde a construção da plataforma e do algoritmo de recomendação eram atraentes.
Por fim, a Netflix disse que vai passar a priorizar as margens ao invés do crescimento da sua base de clientes. O objetivo é subir o lucro da companhia e fazer dinheiro com quem já está dentro de casa.
Um primeiro grande efeito dos números negativos da empresa aconteceu ainda nesta semana. O gestor de fundos de investimento Bill Ackman vendeu todas as ações que possuía da empresa.
São 3.1 milhões de papeis adquiridos em janeiro de 2022 que, à época, valiam cerca de US$ 1,1 bilhão. Com a venda três meses depois, o investidor teve uma perda de cerca de US$ 400 milhões.
Ackman justificou a decisão afirmando que não tem mais confiança no futuro da Netflix.
“Enquanto o modelo de negócios da Netflix é fundamentalmente simples de entender, nós perdemos a confiança na nossa habilidade de prever as perspectivas da empresa com um grau suficiente de certeza”, afirmou em comunicado aos investidores da Pershing Square Holdings.
Quer uma tradução? Ackman acha que a Netflix não sabe para onde está indo.
Parte da estratégia atual da empresa é incorporar um modelo de assinatura mais barata ou gratuita com a exibição de propagandas. Embora isso possa ajudar a atrair novos clientes, torna uma previsão de crescimento e lucro ainda mais incertos.
A Netflix foi fundada há 25 anos, lá em 1997. Quando a empresa fez seu IPO, em 2002, não existia o Facebook, o Uber, o Airbnb e o iPhone estava longe de ser lançado. Nesta época, a Netflix era uma empresa de venda e aluguel de DVDs.
Foi só em 2007 que a Netflix lançou seu serviço de streaming. Aqui no Brasil o serviço só chegou efetivamente em 2012.
Hoje, a empresa também investe no mercado de games, eventos e merchandising. Certa de que o futuro do entretenimento está além do streaming, assim como também estava além dos DVDs. Agora é acompanhar para ver como ela vai se sair nessas novas apostas de transformação.
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