Startups estão protagonizando ações e parcerias para fazer o ESG ser colocado em prática nas grandes empresas.
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6 min
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17 mai 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques
A métrica ESG engloba critérios ambientais, sociais e de governança. Do inglês, a sigla significa Environmental, Social and Governance. O termo ganhou destaque recentemente, mas é apenas uma nova maneira de falar de um conceito antigo: sustentabilidade.
Se levado a sério, o conceito tem o poder de impactar positivamente no que diz respeito aos valores ambientais, sociais e econômicos. A métrica trouxe mais transparência e responsabilidade às práticas das empresas, especialmente no que se refere à relação das empresas com os acionistas.
A prática, no entanto, não é tão facilitada. Os responsáveis por implementar práticas alinhadas ao ESG dentro das empresas podem se sentir isolados ou perdidos, por não saber como agir para impulsionar a adoção de novas práticas. Aqui o que ocorre é o mesmo que ocorria com o conceito de sustentabilidade: muitas ideias, notícias e discussões sobre o tema e pouca ação.
A tendência é que, após muita dificuldade para implementar as práticas, novas iniciativas privadas comecem a propor novas tecnologias, modelos de negócio e maneiras de implementar políticas alinhadas com o conceito de ESG. Protagonistas dessa área são as empresas e startups conhecidas como ESG Enablers, ou seja, as que sabem como facilitar a implementação do ESG em diferentes negócios.
Atentas à essa necessidade de ação no processo de transformação ESG, as empresas perceberam que é mais estratégico fazer parcerias com startups que solucionem cada problema a ser abordado, do que desenvolver soluções internamente para cada aspecto do negócio.
Além de ser mais eficaz, as parcerias trazem vantagens financeiras, pois a empresa não precisa investir capital em testes para encontrar os processos ideais, utilizando uma solução já testada e comprovada por uma startup da área.
As startups que oferecem tecnologias para auxiliar no cumprimento das práticas ESG estão sendo chamadas de ESG Enablers. As ESG Enablers não estão chamando atenção apenas das empresas que desejam contratá-las, mas também dos fundos de investimento: a EB Capital pretende levantar US$ 1 bilhão mundialmente para investir nesse ecossistema.
O motivo de tanto interesse é claro, a transição para uma economia circular, com menor pegada de carbono e socialmente inclusiva depende de algo que é natural para startups: testar e implementar processos ágeis. Abaixo você confere exemplos de startups que já começam a fazer essa ponte entre o conceito ESG e como colocá-lo em prática nas empresas.
As startups que atuam nesse setor são chamadas de CleanTechs. As CleanTechs atuam em diversas frentes: companhias de energia com foco em energias alternativas, e redução de consumo; empresas que focam na produção de itens com insumos renováveis; e startups que oferecem serviços para controle de índices ambientais, produção de BI e dados na área de sustentabilidade e consultoria.
Para ser uma CleanTech, além de ter um produto ou serviço com impacto ambiental positivo no seu modelo de negócios, é necessário oferecer tecnologia para inovar e ir além. Por exemplo, uma empresa de reciclagem certamente é "Clean", mas se não oferecer sistemas que permitam o acompanhamento real de indicadores, processamento e destinação de resíduos, não será "Tech".
Um exemplo de CleanTech que traz benefícios às três verticais do ESG é a Trashin: impacto ambiental através da destinação correta dos resíduos, impacto social gerando valor e renda extra para os cooperados e impacto na governança através das métricas que permitem implementar processos e analisar o impacto das mudanças nos KPIs da empresa.
As SocialTechs combinam impacto social com tecnologia, incentivando projetos com impacto social e buscam facilitar iniciativas sociais através de software, hardware, plataformas online ou aplicativos. A incentiv.me é um startup dessa área que atua na área de inovação tributária, com o objetivo de incentivar projetos de impacto social - transformando impostos em investimentos benéficos para a sociedade.
A incetiv.me se encaixa na categoria 'S' da sigla ESG, ajudando empresas a gerarem impactos positivos na sociedade. Embora não seja filantrópica, a solução alia benefícios fiscais para fomentar a responsabilidade social nas companhias.
O aspecto de governança contido na sigla ESG reúne questões ainda problemáticas no Brasil e, por isso, são um oceano de oportunidades: lavagem de dinheiro, transparência, conflitos de interesse, ética empresarial, entre outros, são problemas que também podem ser solucionados por startups. A categoria de soluções de segurança e antifraude está ganhando força, com os recentes vazamentos de dados e maior consciência sobre privacidade.
A Datarisk é uma startup que oferece uma plataforma capaz de criar modelos de previsão de risco na concessão de crédito e análise de dados para gerir o risco dos investimentos de uma empresa - criando scores de crédito em tempo real, mitigando problemas com inadimplência. A plataforma SaaS, ainda integra soluções antifraude, modelos de prevenção ao risco, considerando acionistas externos, como os tomadores de crédito, de forma individual.
Já são mais de 700 startups que oferecem soluções em ESG no Brasil e embora o pico do nascimento desse tipo de startup tenha ocorrido de 2015 a 2018, agora, mais maduras, essas startups começam a chamar a atenção dos investidores: 90% do volume investido em ESG Enablers ocorreu entre 2017 e 2021.
Com a crescente atenção que o tema ESG vem ganhando, a tendência é que os investimentos, procura e número de startups ESG Enablers aumente. Além do amadurecimento das startups que já atuam na área, o aumento do interesse é impulsionado ainda por impactos causados pela pandemia: saúde mental, cibersegurança, sustentabilidade e gestão de pessoas à distância.
As ESG Enablers ainda merecem destaque por estarem concretizando, através de parcerias, planos que há muito tempo ficam no papel. Através de soluções inovadoras em cada uma das áreas do ESG, as startups estão fazendo com que empresas tenham mais interesse nas práticas sustentáveis e que consigam visualizar os benefícios diretos e indiretos de implementá-las.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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