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Esses empreendedores querem mudar a forma como o Brasil produz e alimenta; entenda como

A companhia pretende fazer 10 investimentos pré-seed em 2023, com cheques médios de R$ 300 mil. Confira a estratégia!

Esses empreendedores querem mudar a forma como o Brasil produz e alimenta; entenda como

José Amaral, Bruno Massera, Edison Fujiura, Fernando Rodrigues e Louis Gourbin, sócios da Rural Ventures. (Foto: Divulgação)

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5 min

7 mar 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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Em meio ao inverno das startups e à estiagem do venture capital, a Rural Ventures enxerga um forte potencial para o setor no agronegócio em 2023 e já começou a planejar o próximo movimento de sua estratégia. Com exclusividade ao Startups, a companhia anunciou uma parceria com o fundo norte-americano The Yield Lab e os planos de aumentar seus investimentos em empresas early-stage.

O negócio foi criado por Fernando Rodrigues, ex-sócio e head de commodities da XP Investimentos. Com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro com foco em commodities, o executivo deixou a organização em 2021 para trilhar um novo caminho. Por ter dois filhos pequenos e passar muito tempo em casa por conta da pandemia, ele decidiu criar um podcast de entrevistas com empreendedores e fundadores de agfoodtechs do país.

O primeiro episódio do Rural Ventures foi ao ar em setembro de 2021. Ao lado do amigo Kieran Gartlan, Fernando discute as tendências do mercado, divide histórias e dialoga com as principais agtechs que trabalham na interseção da agricultura e da tecnologia. Hoje, são quase 50 episódios com executivos da Astella Investimentos, Cargill, SP Ventures, Bayer, do Santander, Itaú BBA, entre outros.

Pouco depois do lançamento, eles decidiram pivotar o modelo e levar o Rural Ventures a outro patamar. “Dada minha proximidade com o ecossistema, enxerguei algumas oportunidades de investir e potencializar essas startups, conectando-as com investidores e companhias consumidoras”, diz Fernando. Assim, nasceu a Rural Ventures como uma empresa formada por empreendedores, investidores e analistas do mundo agrícola com foco em encontrar empreendedores que queiram mudar a forma como o Brasil produz e alimenta o mundo.

Além do podcast, que contribui para a geração de leads de startups com grande potencial de crescimento, a companhia investe em empresas early-stage. Por enquanto, são 6 investidas: SciCrop, Preservaland, Campo Capital, BovExo, Agroboard e Arara Seed. Para 2023, a projeção é fazer mais 10 investimentos pré-seed, com cheques médios de R$ 300 mil. Assim, a Rural Ventures tem a meta de alocar entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões em agtechs e foodtechs até o fim do ano.


Ganhando força

Para fortalecer sua atuação no mercado brasileiro, a companhia fechou uma parceria com a The Yield Lab, gestora norte-americana que investe em startups de AgriFoodTechs da América Latina. “Adquirimos uma participação neste VC que tem 19 investidas no continente, e nos tornamos parceiros de negócio”, diz Fernando.

Enquanto a Rural Ventures foca no estágio pré-seed, a Yield Lab investe em estágios mais avançados, do seed ao série B. Empresas que chegam à gestora norte-americana, mas não se encaixam na tese dela podem ser direcionadas para a companhia brasileira, e vice-versa. Há ainda a possibilidade de co-investimento entre as companhias. Além disso, a Yield acompanhará a jornada das empresas da Rural Ventures, com oportunidades de investir no negócio quando estas chegarem em estágios mais avançados.

Além disso, a Rural é uma das investidoras da Arara Seed, plataforma de equity crowdfunding focada em agtechs e foodtechs. Fernando e o sócio Bruno Massera, CFO de mercado internacional da BRF, atuam como conselheiros na Arara. Segundo Fernando, a companhia vai investir R$ 3 milhões em startups que façam a distribuição de equity via Arara Seed.

Além do crowdfunding, a Rural Ventures aporta capital por meio de investimento-anjo dos sócios e co-investimento com outras companhias. O negócio ainda não é um fundo formal, mas fazer essa transição já está nos planos. “A ideia é que em 2024 a gente se torne uma entidade, um VC focado em agtechs e foodtechs. Mas ainda não decidimos se faremos uma Limited Partnership (LP) no exterior ou um fundo tradicional no Brasil”, pontua.

Enquanto não formaliza o posicionamento como fundo de investimento, a Rural Ventures aposta na oferta de conhecimento, conexão e direcionamento da startup a longo prazo. Assim como Fernando, os sócios estão inseridos no meio e possuem relacionamento de muitos anos com empresas do setor para gerar conexões e acesso ao mercado. Com isso, a Rural Ventures é capaz de testar e validar as soluções em campo, rodando as tecnologias com potenciais clientes (empresas e produtores) em uma estrutura que oferece uma área de plantio de milho, soja, feijão, entre outros.

Cadê os unicórnios?

Fernando considera esse um “cenário interessante” para o crescimento da Rural Ventures. “Por um lado, o juros aumentou e ficou mais difícil para as startups captarem. Por outro, o valuation está em um patamar muito mais justo e quem investe tem mais tempo para avaliar as startups. O mercado geral diminuiu, mas o agro continua aquecido”, analisa. Os queridinhos do momento, aponta o empreendedor, são negócios com crescimento sustentável, tese validada, valuation pé no chão, ganho de escala e que estão conseguindo se bancar. 

Apesar do avanço das agtechs e do Brasil ser uma potência agrícola, o país ainda não tem um unicórnio agro. Fernando acredita que teremos sim uma startup do agronegócio avaliada em mais de US$ 1 bilhão, mas essa não será uma conquista simples. “Pelo ecossistema do agro estar tão bem organizado e as grandes corporações estarem tão bem inseridas nele, elas geralmente compram uma participação na startup ao enxergarem a possibilidade dela virar unicórnio. Depois, abocanham o restante”, avalia.

“A startup não vira unicórnio não porque o modelo é inviável ou ela não valorizou. Pelo contrário: é disruptivo e escalável. Mas há uma empresa muito maior que já enxergou esse movimento, adquiriu a solução e a inseriu no seu ecossistema”, acrescenta Fernando. Para ele, o unicórnio agro será uma startup com uma linha de atendimento e atuação que passe despercebido das grandes corporações. 

Como exemplo, ele cita algumas linhas de inteligência artificial que façam conexão com outras startups, ou empresas de relacionamento com o B2B para fortalecer o produtor rural. “Vai existir um unicórnio agro brasileiro, mas não será simples. Não será algo como ocorreu no mercado financeiro, pois as grandes corporações estão muito antenadas no ecossistema”.

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