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Entenda como irá funcionar o EVTOL da Eve, com início até 2026

Em entrevista exclusiva à StartSe, Daniel Moczydlower, CEO da EmbraerX, conta como será o início da operação dos EVTOLs – veículos de decolagem e aterrissagem vertical – que transportarão pessoas

Entenda como irá funcionar o EVTOL da Eve, com início até 2026

, jornalista da StartSe

7 min

17 mai 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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“A gente não está falando de um futuro distante, de ficção científica. Estamos falando de poucos anos no futuro, ainda nessa década.” É assim que Daniel Moczydlower, CEO da EmbraerX, descreve os voos em EVTOLs da Eve, empresa especializada na nova modalidade de transporte aéreo criada pela EmbraerX.

A previsão é de que voos tripulados de EVTOL, aeronave de decolagem e aterrissagem vertical, aconteçam entre 2026 e 2027. Esse tipo de veículo é frequentemente chamado de “carro voador”, mas se assemelha a um drone tripulado, capaz de transportar pessoas.

Em entrevista exclusiva à StartSe direto do Web Summit Rio, Moczydlower esclarece as dúvidas sobre o EVTOL da Eve. Entenda como irá funcionar em termos de custo, produção, logística, regulamentação e modelo de negócios.

Vale destacar: a Eve foi criada dentro da EmbraerX, braço de inovação da Embraer, mas é descrita como “uma filha que saiu de casa” pois fez seu próprio IPO em 2022. Atualmente, é avaliada em US$ 2,18 bilhões. Agora, a EmbraerX aposta também em drones e cibersegurança (mas isso é assunto para outro artigo).

StartSe: Como será voar de EVTOL da Eve?

Daniel Moczydlower: Hoje o que a Eve está conduzindo é que tem que ser algo acessível do ponto de vista de preço. Uma opção alternativa de viajar dentro da cidade que não seja tão diferente do que pagariam pelo transporte terrestre, para viajar de táxi.

Pensando como passageiro, o mundo ideal para nós é funcionar através das plataformas de corrida, onde você diz quando quer sair e chegar. A plataforma vai fazer todas as possibilidades: “olha, no teu caso a melhor estratégia é andar a pé até o Vertiporto mais próximo, ou de patinete, bicicleta, que seja, e de lá ele [o EVTOL] vai voar até o seu destino final, ou muito próximo do destino final”. 

Por exemplo, uma viagem que pela Linha Amarela do Rio de Janeiro, em horário de engarrafamento, pode levar uma hora, podemos fazê-la em um voo de mais ou menos dez minutos. Então a conta que a gente faz é: as pessoas que podem pagar uma corrida de táxi para ficar duas, três horas engarrafadas, e a corrida sai caro, né? E se você pudesse usar esse mesmo dinheiro e pegar um voo de dez minutos… Você não trocaria?

StartSe: Quanto vai custar voar em um EVTOL da Eve?

Daniel Moczydlower: Fizemos uma simulação em que a gente colocou as passagens à venda na internet. Usamos o aplicativo de um parceiro nosso e o preço que a gente colocou foi o custo futuro que imaginamos.

Então, tinha variação dependendo do horário e do dia da semana. Começava em R$ 50, R$ 60, por passagem, indo até R$ 100, R$ 150, R$ 200. O custo de operar um helicóptero é muitas vezes maior do que será no futuro do EVTOL.

StartSe: Onde e como os EVTOLs serão produzidos?

Daniel Moczydlower: O mais interessante quando falamos da produção desse veículo é que eles estarão operando numa escala que é quase no meio do caminho entre o que fazem hoje a indústria aeronáutica e a indústria automobilística. Vamos tentar combinar o melhor dos dois mundos.

Uma das parcerias que a Eve anunciou foi justamente com a Porsche. A gente juntou forças com a Porsche para estudar o aprendizado deles. 

Precisamos pensar um pouco se teremos a operação centralizada. E, se sim, como iríamos despachar o produto desmontado para ser remontado próximo ao mercado final, onde vai operar.

StartSe: Qual é o modelo de negócios da Eve?

Daniel Moczydlower: O modelo de negócio típico da Embraer é vender a aeronave para quem vai operar. Mas no caso da Eve, a gente está vendo um mercado em que a tecnologia é muito nova pra todo mundo, né? Acreditamos que terá um espaço e uma necessidade da empresa que desenvolveu a tecnologia e fabricou o veículo participar um pouco mais da operação.

StartSe: Como será a regulamentação dos EVTOLs?

Daniel Moczydlower: A estratégia da Eve está muito clara: fazer o que a Embraer tem feito e tem dado muito certo. É se apoiar na competência e no reconhecimento técnico internacional que a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) possui. O órgão tem vários acordos bilaterais, então quando conseguimos certificar aqui com a ANAC, é muito mais simples o caminho de obter certificações na sequência.

StartSe: Como será o controle do tráfego aéreo com aviões, helicópteros, EVTOLs e drones?

Daniel Moczydlower: Esse talvez seja um dos maiores desafios tecnológicos para ser resolvido além do próprio veículo. Diferente de outras empresas que estão muito focadas no projeto do veículo, a Eve é, na verdade, a combinação de dois projetos diferentes que nasceram na EmbraerX.

Um era o projeto do veículo e o outro era o software do controle de tráfego aéreo. Então já era um um projeto que a gente vinha incubando na EmbraerX, já vinha desenvolvendo e tinha feito várias simulações com autoridades de diferentes países do mundo. 

Nós testamos na Austrália, depois no Reino Unido e aqui no Brasil. Então nós começamos a falar, em cada região, com a autoridade responsável pelo controle do tráfego aéreo.

StartSe: Como será o início da operação da Eve?

Daniel Moczydlower: Podemos começar operando dos heliportos e aeroportos que já existem. Conforme a gente for mostrando que esse novo meio de transporte é viável, é seguro, é acessível, com certeza vão aparecer muitos investimentos em novos vertiportos em regiões estratégicas, até poder cobrir toda a região metropolitana, de São Paulo ou do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Los Angeles, Paris, Tóquio, Londres e aí vai.

StartSe: Quais serão as primeiras cidades em que a Eve irá operar?

Daniel Moczydlower: Nós já vimos que a cidade do mundo que provavelmente terá a maior demanda, o maior mercado, deve ser Tóquio, que tem uma região metropolitana e população gigantescas. Por outro lado, ela tem também um sistema de transporte público muito bem resolvido.

E aí, quando começamos a usar outros fatores em consideração, tipo a infraestrutura já existente, vemos que cidades como São Paulo, o próprio Rio de Janeiro [onde a entrevista foi realizada] talvez sejam candidatos até mais interessantes.

Voltando ao tema da certificação. Aqui no Brasil, de novo, temos a facilidade de já ter uma parceria, uma relação muito boa com a ANAC, com o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Então eu acho que o Brasil é um país que pode surpreender o mundo.

Por que importa?

O EVTOL é uma nova modalidade de transporte e pode mudar completamente o mercado (e não apenas o de mobilidade!). Como citado pelo CEO da EmbraerX, o uso dos EVTOLs impactará também na regulamentação e movimentação aérea, na criação de Vertiportos (e de seus impactos na infraestrutura urbana) e novos produtos e serviços.

O case da Eve exemplifica um intraempreendedorismo (pois teve início na EmbraerX) que hoje é tão importante quanto a sua empresa de origem. Além disso, reforça que mesmo os setores mais estabelecidos (como a aviação, por exemplo) está passível de mudanças – e ela começará em breve, não com carros voadores ou autônomos, mas com os EVTOLs.

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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.

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