Rede social vai exibir taxas cobradas pelas empresas após nova política de dados anunciada pelas gigantes da tecnologia.
Site do Facebook no celular (foto: Solen Feyissa/Unsplash)
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5 min
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7 jun 2021
•
Atualizado: 8 ago 2023
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Por Alberto Cataldi
O Facebook tem um problema. E esse problema envolve dois nomes gigantes: Apple e Google. As duas empresas comunicaram que vão pedir aos usuários dos seus sistemas operacionais (iOS e Android, respectivamente) que autorizem o uso dos seus dados de navegação para que recebam anúncios direcionados. Esse é exatamente o modelo de negócios do Facebook: monitorar onde e como você navega para oferecer publicidade que tenha maior potencial de ser clicada.
O opt-in para ser rastreado ou não por aplicativos como o Facebook já começou a ser exibido para usuários dos iPhones com iOS 14.5. Ao abrir um app que tenha a função de rastreamento, uma janela aparece perguntando algo do tipo: Permitir que o Facebook rastreie suas atividades através de apps e sites de outras companhias? A empresa não informou (nem deverá informar) quantas pessoas têm optado pelo “não”, mas a reação do Facebook parece dar uma ideia…
Nesta segunda (07/06), algumas horas antes da Apple iniciar o seu grande evento de novidades Worldwide Developers Conference, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, fez um anúncio claramente pensado para atrapalhar a festa do vizinho: a nova interface para criadores na rede social vai exibir as taxas cobradas sobre o lucro de quem disponibiliza seus produtos na rede. Ou seja, as pessoas poderão ver o tamanho da fatia que empresas como a Apple levam do bolo quando um produto é oferecido no Facebook.
A provocação foi tão clara que a tela de exemplo divulgada por Mark mostra justamente uma taxa hipotética cobrada pela Apple em uma transação com um sinal de negativo (-) sobre o lucro original do produto. E a estratégia tem motivo: a Apple está passando por um processo judicial contra a empresa de games Epic justamente por sua prática de cobrar taxas sobre operações realizadas por aplicativos de iPhone – mesmo que essas transações não sejam feitas na plataforma da Apple. Ou seja, o Facebook retaliou justamente no campo onde a empresa da maçã está mais vulnerável.
Embora o Google esteja passando pelo mesmo escrutínio sobre sua prática de cobrança de taxas, sua postura sobre a permissão prévia para rastreamento já era esperada. Engenheiros da empresa afirmam há algum tempo que devem abandonar a tecnologia de cookies em breve e até mesmo seu onipresente sistema de entrega de anúncios Google Ads irá deixar a prática de rastreamento individual, optando por uma entrega de anúncios baseada em cohorts – agrupamentos de pessoas com interesses similares, mas que não permite mapear o comportamento individual de ninguém.
O que talvez o Google tenha percebido muito antes do Facebook é a importância que as pessoas têm dado para a privacidade online. Depois de uma década de compartilhamento irrestrito de dados, as pessoas parecem ter entendido o valor de suas informações no ambiente da web. Isso vem desde escândalos como o vazamento dos arquivos da NSA por Edward Snowden até o caso da Cambirdge Analytica, que afetou o resultado das eleições nos Estados Unidos.
Uma pesquisa realizada pela McKinsey em 2020 revelou que 87% dos entrevistados não se relacionariam com uma empresa que gerasse preocupação com o uso de seus dados. Os seis dados que foram considerados os mais importantes de serem compartilhados são: o conteúdo de e-mails, a identidade de correspondentes, conteúdos de downloads, informações de localização, conteúdos de chats e histórico de navegação.
Apesar de inovador e disruptivo, o Facebook parece estar agindo como uma empresa da velha economia: ao invés de entender a tendência e se adaptar a ela, decidiu criar mais barreiras e confrontar a opinião pública.
As pessoas querem ter mais controle sobre seus dados e autonomia nas suas escolhas. Isso pode até afetar o bolso do Facebook, mas não é como se a empresa não pudesse ter previsto isso através justamente da análise do comportamento dos mais de 1 bilhão de usuários que eles possuem na plataforma. Isso só prova que é fácil ficar preso no modelo que existia e esquecer que a realidade está em constante mudança. Assim como o mercado.
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Head de Conteúdo e Partner na Startse. Mais de 20 anos de experiência na coordenação e produção de conteúdo editorial e para marcas. Fala sobre estratégia, inovação, tecnologia e comunicação.
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