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O triste fim do Peixe Urbano

O modelo de compras coletivas não tem sido bem-sucedido no Brasil e nem no exterior. Infelizmente, mesmo com uma trajetória extraordinária, o Peixe Urbano não está sendo uma exceção a essa regra.

O triste fim do Peixe Urbano

Peixe no aquário (foto: Getty)

, Redator

10 min

20 abr 2022

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Rodrigo Fernandes, especialista em estratégia e finanças de negócios digitais.

Pelo que está sendo noticiado, as notícias sobre a morte do Peixe Urbano não parecem ser nada exageradas. Enquanto isso, na Internet gringa, consta que o Groupon não morreu. Nem passa bem – afinal, só em 2020 foram quase $300 milhões de prejuízo

A notícia em destaque diz respeito ao Peixe Urbano, mas o comentário que segue vai se ater mais ao Groupon mesmo, pelo simples fato dos gringos terem mais dados disponíveis por aí. 

Além do mais, o Peixe Urbano não outra é coisa senão um Groupon com menos dinheiro na conta, mas não menos competência e nem capacidade de execução -- creio eu. 

Antes de mais nada, vamos tentar entender um pouco da lógica do negócio, principalmente do ponto de vista do próprio comerciante. 

Entre taxas da plataforma e o desconto propriamente dito, os comerciantes optam por vender seus produtos por míseros 20% a 25% do valor usual. 

Com um desconto tão elevado assim, não raro os comerciantes estarão pagando (às vezes, caro) para trabalhar. 

Pode isso, Arnaldo? Depende. 

Qual seria um motivo racional para alguém literalmente pagar pra trabalhar? Simples, a expectativa de lucros que supostamente viriam no futuro. 

Peixe Urbano (foto: reprodução)

Repare bem. O jogo destas plataformas se resume à atração e retenção de clientes. O problema é que este placar costuma fechar em Atração 7 x 1 Retenção. 

Todo mundo quer ir ao boteco com cerveja pela metade do preço, que quer continuar frequentando aquele mesmo boteco depois do fim da promoção? 

Não havendo retenção do cliente do cliente (o sujeito que vai boteco), inevitavelmente também não pode haver retenção do cliente (o boteco que não vê mais sentido na brincadeira). 

Em termos de atração, o negócio funciona que é uma beleza. 

Além do belíssimo desconto e mais uma boa dose de escassez, a essas empresas não faltam competência e nem investimento no mais fino marketing digital. 

Coincidência ou não, o histórico de notícias dessas empresas mostra como até mesmo a evolução delas seguiu este padrão de (excelente) atração e (péssima) retenção.

Nos primeiros anos das empresas, um crescimento meteórico. A partir daí, uma sucessão de notícias ruins, como uma exceção aqui outra ali -- senão seria 7x0 e não 7x1. 

Quer saber o que essas empresas fizeram de errado na sua gestão? Nada de tão relevante, se não considerarmos o fato delas já terem partido de um modelo de negócios que é frágil pela sua própria natureza. 

Vale reparar que o Groupon tem uma margem bruta que não é das piores. Com exceção de 2020, que é um caso à parte, a margem bruta costumava andar sempre acima dos 50%. 

O número fica abaixo das melhores empresas digitais, é verdade. Mas ainda é o suficiente para que muitos negócios por aí possam viver e lucrar bem, obrigado. 

Para um negócio com essa margem bruta ser efetivamente bom, é só voltarmos àquelas palavras que já haviam sido apresentadas como resumo da situação: aquisição e retenção. 

Com resultados ruins para o comércio, as plataformas entraram na roda da morte de perder clientes e investir para adquirir novos clientes. Até que um dia a casa cai.

Se nem a Amazon, que sabe melhor que ninguém neste mundo trabalhar com baixos preços, conseguiu fazer um negócio assim funcionar, provavelmente é porque o modelo não funciona mesmo. Em 2010, o Groupon recusou uma oferta de compra no valor de $6bi. A decisão pareceu ter sido correta quando em 2011 eles fizeram um IPO que chegou a dar um valor de $16bi para o negócio.

Onze anos depois, seu valor de mercado não chega nem a US$1.5 bilhão.

Entre subidas e descidas, a criação (ou investimento) de um negócio como o Groupon ou Peixe Urbano pode até ser capaz de trazer grandes retornos. O difícil é conseguir sair na hora certa.

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