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Como a fraude bilionária na Americanas aconteceu?

Varejista anunciou os dois tipos de fraude cometidos pela gestão anterior e apontou os culpados; investigação ainda segue em curso

Como a fraude bilionária na Americanas aconteceu?

Fachada Lojas Americanas (Foto: Divulgação Lojas Americanas)

, jornalista da StartSe

6 min

14 jun 2023

Atualizado: 14 jun 2023

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A expressão “foi de Americanas” poderá não ser mais sinônimo de apuros financeiros, mas sim de fraude. A varejista anunciou, oficialmente, que houve fraude nas demonstrações financeiras da companhia – e a gestão anterior foi apontada como culpada.

Segundo relatório de um comitê formado pela empresa, a fraude encobriu uma dívida de R$ 21,7 bilhões. Somados à dívida já existente, o rombo financeiro pode chegar a R$ 46 bilhões – as investigações ainda estão em curso…

Como foi a fraude na Americanas?

A empresa revelou, em comunicado ao mercado, as duas formas de fraude identificadas:

  • Uso de VPC em contratos que nunca existiram.
  • Financiamentos em capital de giro que não foram aprovados pelos sócios da empresa.

O uso de VPC

O VPC é a chamada “venda de propaganda cooperada” e envolve uma série de medidas entre compradores e fornecedores que a Americanas afirma ser comum no varejo. 

Em alguns casos, há operações de financiamento de compras (risco sacado, forfait ou confirming) em que os fornecedores buscam um adiantamento e, após intermediação da empresa, o valor é pago por banco. A varejista realiza o pagamento na data inicialmente acordada em contrato, mas agora diretamente ao banco, com juros. A suspeita é de que os valores não tenham sido verdadeiramente contabilizados.

Outra prática comum de VPC são bonificações à varejista através de ações de marketing – como a exposição dos produtos em um espaço especial das lojas físicas, por exemplo. Mas, no caso, a Americanas teria informado acordos de bonificação sem contrato com os fornecedores e, agora, há suspeita de que as bonificações sejam verbas fictícias.

De acordo com a investigação preliminar do comitê Independente, as operações de financiamento de compras representariam R$ 18,4 bilhões do rombo fiscal.

Financiamentos que não foram auditados ou aprovados

Logo da Americanas no navegador (foto: reprodução)

Ainda segundo o fato relevante divulgado pela Americanas, a gestão no comando até dezembro de 2022 (falaremos mais sobre isso a seguir) teria financiado R$ 2,2 bilhões em capital de giro. O agravante neste caso é de que os financiamentos não teriam sido aprovados pelos sócios da empresa e, novamente, teriam sido inadequadamente contabilizados.

Os suspeitos de envolvimento na fraude da Americanas

O relatório da Americanas ainda citou os possíveis participantes da fraude, que chega até ao alto escalão da empresa. Miguel Gutierrez, ex-CEO que permaneceu no cargo até dezembro de 2022, estaria diretamente envolvido. Sérgio Rial, que o sucedeu em 2023, ficou menos de dez dias no cargo e ajudou a denunciar o rombo contábil.

Existe, ainda, uma possível lista que acompanha Gutierrez: Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.

Entenda o caso da Americanas desde o início

O caso da Americanas estourou em janeiro de 2023, após a identificação de inconsistências contábeis que encobriram uma dívida de aproximadamente R$ 20 bilhões. Nós explicamos a linha do tempo do que aconteceu neste artigo.

Desde então, sua trajetória tem sido marcada pela recuperação judicial, dívidas, despejo e… Fraude.

Por que importa?

A Americanas era um dos maiores cases do varejo brasileiro. Agora, o caso reforça a importância do ESG nas empresas – principalmente na sigla “G”, de governança.

A possibilidade do alto escalão executivo estar diretamente envolvido com o rombo bilionário reforça a importância de que as empresas – de capital aberto ou não – criem, sigam e auditem suas políticas de governança e compliance.

Embora o “E” e o “S” chamem mais atenção do mercado e dos clientes do que o “G” do ESG, estamos vendo, em tempo real, o tamanho de seu impacto.

Leitura Recomendada

O que aconteceu com a Americanas foi um erro grave de Governança, mas esse tipo de erro é mais comum do que se imagina. Se ESG é um tema que a diretoria da sua empresa está discutindo com frequência e você não quer cometer deslizes que possam prejudicar a companhia no futuro, veja aqui como se tornar um gestor com conhecimento internacional em ESG com ajuda dos principais nomes mundiais do setor. Veja mais.


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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.

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