A ressaca dos movimentos como o quiet quitting pretende alimentar grande mudanças nas empresas para garantir os melhores talentos
, Jornalista
7 min
•
17 out 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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A gente viu termos como Quiet Quitting e Great Resignation por todos os lados nos últimos tempos. O temor da vez é o Great Attrition ou Grande Desgaste, que é basicamente a tendência a desistir.
Por que? Os colaboradores mostram que estão cansados. Ao lado do que seria a grande promessa do futuro do trabalho – o home office – está também o estresse e o esgotamento. Uma recente pesquisa da Headspace Health revela que quase um terço dos funcionários sente que o trabalho remoto prejudica sua saúde mental.
Mas a volta aos escritórios também não parece a melhor escolha para todo mundo. E não só: “as empresas olharam para o impacto da pandemia na cultura dos seus negócios?”, questiona Nathalya Nascimento, fundadora da Anywhere, startup baseada no Vale do Silício que trabalha com recrutamento global de tecnologia. Parece que agora o exercício é voltar o olhar para dentro e cuidar da casa.
Depois de ver um número recorde de pessoas deixando seus postos de trabalho, os Estados Unidos vivem a ressaca para contratar talentos. Mas não só lá: a gente viu os movimentos em prol de melhores condições de trabalho ganharem corpo em todo mundo. E agora dois em cada cinco funcionários, em uma amostra global, disseram estar pensando em sair nos próximos três a seis meses, de acordo com levantamento feito pela McKinsey.
No relatório, eles anunciam ser preciso transformar o Grande Desgaste em uma Grande Renegociação, tornando o ambiente corporativo atrativo de novo. Entretanto, as alavancas tradicionais não vão dar conta: é preciso entender o que mudou e quais aspectos da cultura precisam ser aparadas.
Redes sociais amplificaram demissões de lugares tóxicos, gravadas e repetidas milhares de vezes. A pandemia ascendeu o alerta de que a vida pode e precisa existir além do trabalho, crescendo o desejo pelo nomadismo ou mais espaço para lazer e família. As pessoas estão repensando o lugar que a empresa tem em suas vidas.
“Isso nada mais é do que um nome bonito para o que vem acontecendo no mercado há anos”, explica Nathalya. “Mas o que tem de interessante neste movimento é que a partir do momento que a pessoa não se sente valorizada, ela se desliga.”
Ou seja, é sobre bons salários e remunerações, mas é principalmente sobre como as pessoas se sentem. E, claro, tudo isso recai sobre a liderança, que vai ter que acompanhar cada vez mais de perto os desejos, motivações e medos do funcionário.
A especialista em recrutamento reforça outro ponto que o grande desgaste traz: o poder da diversidade, na prática, para manter as pessoas engajadas.
“O que eu acho interessante é que as pessoas diversas tem feito esse movimento por não se sentirem pertencentes aos lugares onde elas trabalham”, comenta. Para ela, as pessoas estão em busca de lugares que criem condições, cultura e práticas diversas, entremeadas em todas as frentes. Se não, elas não ficam.
Em busca de flexibilidade, melhores condições e reconhecimento, o Brasil vê um quarto dos jovens, entre 18 e 24 anos, permanecendo dentro de uma empresa por até três meses, aponta estudo do Ministério do Trabalho e Previdência.
Com a latência por talentos, o mercado já não vê o currículo picotado como algo ruim, mas sim como indicativo de que ele viveu diversas experiências. A busca? Que este talento reconheça a empresa como lugar para crescer junto e se sentir parte.
A busca por qualidade de vida é um marco da Geração Z, mas se mostra uma necessidade para as demais gerações. Esgotadas, todas elas pedem que as empresas encontrem jeitos de se adaptar, revendo a cultura e os velhos hábitos.
O Grande Desgaste crava um quadro ainda mais complexo, de acordo com a McKinsey, com 3 divisões: o reembaralhamento (os funcionários estão se demitindo e indo para outras indústrias), a reinvenção (com os talentos seguindo para carreiras não tradicionais) e a reavaliação (com as pessoas se demitindo por exigências pessoais).
Semana de 4 dias de trabalho, regime flexível e benefícios que podem ser usados ao bel-prazer fazem os olhos brilhar, mas já são tidos como básicos, de acordo com Nathalya Nascimento. Agora é preciso encontrar, dentro da sua organização, o que vai fazer as pessoas quererem entregar o melhor delas. O desafio começa na contratação, mas segue na manutenção e acompanhamento deste talento em confluência com a cultura.
Um time é o ativo mais valioso de qualquer empresa (seja em momentos de crise ou de alto crescimento). E o grande desgaste que as empresas estão sofrendo, nasce da incapacidade de alinhar expectativa x realidade desses profissionais. Se eles vão para empresas mais competitivas ou que possuam uma cultura forte e mais atrativa para eles, você e sua empresa deveriam fazer o mesmo para não perdê-los, concorda?
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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