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iFood: do call center para o app, uma história de dominação

Pioneirismo, visão e rapidez marcaram a história do iFood – aplicativo hoje sinônimo de pedir comida através do smartphone. Conheça a história e os acertos por trás da startup.

iFood: do call center para o app, uma história de dominação

O iFood nunca deixou de lado sua obsessão pela satisfação do consumidor – incluídos aí entregadores, clientes e restaurantes. (Foto: iFood/Divulgação).

, Head de Conteúdo na Captable

12 min

9 fev 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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O iFood nasceu de uma ideia simples: mudar a forma como os brasileiros faziam pedidos de comida. No caminho, precisou evoluir e mudar a trajetória rapidamente para sair vencedor.

A ideia por trás do então chamado Disk Cook nasceu da cabeça de Patrick Sigrist em 1997. A operação em São Paulo funcionava através de um call center, com a ideia de possibilitar que pequenos negócios realizassem entregas em domicílio sem precisar de uma estrutura dedicada para a operação.

Os restaurantes parceiros do Disk Cook ganhavam espaço em um catálogo impresso, com diversos números de telefone. Não demorou muito para que as primeiras dificuldades aparecessem: longo tempo de espera, problemas de sinal, endereços incorretos, entre outros.

Disk Cook foi o precursor do iFood: um catálogo físico de restaurantes.

A chegada dos reforços

Em 2008, na busca por encorpar a startup e torná-la menos suscetível a dificuldades operacionais, Sigrist decidiu trazer três profissionais com diferentes backgrounds complementares. Foi aí que Eduardo Baer, Guilherme Bonifácio e Felipe Fioravante passaram a integrar o time.

Baer trouxe know-how empresarial, ficando responsável pelo business plan, pela estruturação do pitch para atrair investimentos e pela atração de grandes redes de restaurantes para o negócio.

Já Fioravante ficou responsável por estruturar os times, gerenciar projetos de TI e melhorar a escalabilidade da plataforma tecnológica por trás da Disk Cook. Foi responsável por tornar 44% das vendas da Disk Cook online e pelo design do sistema de delivery no site do iFood.

Bonifácio era consultor da AB Inbev e trouxe diversas melhorias para os processos da empresa. 

Reunidos, os empreendedores estavam em busca de acelerar o negócio e torná-lo mais escalável – tudo isso entregando uma melhor experiência para o cliente.

Criadores do iFood, a partir da esquerda: Felipe Fioravante, Patrick Sigrist, Eduardo Baer e Guilherme Bonifácio. (Foto: Keiny Andrade/Valor).

A virada de chave para o iFood

Nessa busca, foi essencial vislumbrar que os pedidos por telefone não seriam relevantes por muito tempo. Em 2011 identificaram que o sucesso e a sobrevivência da empresa dependiam da migração para a internet. No mesmo ano, passou a se chamar iFood.

Mas o app ainda não havia chegado, todos os pedidos eram realizados através do site, no desktop. Vale lembrar, em 2011 o uso de smartphones ainda era restrito a alguns grupos no Brasil, por isso, 80% dos pedidos eram feitos pelo computador.

O iFood nem sempre foi app – tudo começou com um website. 80% dos pedidos ocorriam em um desktop.

Foi um sucesso: o iFood conquistou mais de 600 restaurantes parceiros e intermediou 16 mil pedidos em apenas 6 meses de operação.

 

O encaixe do iFood no mercado

Com o sucesso, o iFood encontrou seu modelo de negócio: intermediar pedidos, facilitando a vida de restaurantes e consumidores. Criar um software que fosse capaz de receber e processar diversos pedidos simultâneos, entregar tudo dentro do tempo, gerenciar pagamento e entrega era o sonho. Pode parecer simples, mas a evolução do serviço dependeu do avanço conjunto em diversas partes, sem quebrar a experiência.

Uma coisa era certa: o iFood resolvia dores latentes nos dois lados do seu negócio. Para restaurantes, significava ter mais pedidos em menos tempo e a eliminação de um funcionário para atender ao telefone e anotar pedidos. Para os clientes, entregava comodidade: bastava acessar o site e fazer o pedido – sem aguardar para ser atendido ou repetir dezenas de vezes o endereço em uma ligação telefônica.

Foi assim que as taxas cobradas pelo uso da plataforma ficaram mais palatáveis: os restaurantes reduziam o investimento em um funcionário dedicado – ou seja, eliminava um custo fixo, com encargos trabalhistas e, de quebra, aumentava as vendas do negócio.

Depois do modelo, a exponencialidade do iFood

Ao encontrar um modelo onde todos saíam ganhando, o iFood partiu para a expansão. Pouco tempo depois, já tinha um negócio lucrativo, viável e escalável rodando. A escalabilidade era tanta que logo demonstrou ser exponencial.

Ainda que fosse possível que a empresa crescesse de forma consistente sem investimentos externos, ficou claro que se conseguisse um aporte poderia acelerar e alimentar ainda mais esse crescimento.

Depois de encontrar o caminho da exponencialidade, o iFood recebeu, em 2011, seu primeiro investimento, de US$ 1,6 milhão, da Warehouse, um fundo de investimento.

A participação do venture capital na trilha de crescimento

Em 2012, um ano depois de receber o aporte, o site e app para iPhone e Android foram lançados. Nessa época, o iFood já registrava 73 mil pedidos ao mês. Em 2013 recebeu o primeiro investimento da Movile, de US$ 2,6 milhões e já intermediava 113 mil pedidos ao mês.

Ainda em estágio inicial, o app do iFood foi o pontapé para oferecer maneiras mais cômodas de realizar os pedidos.

Em 2014, recebeu mais US$ 2 milhões da Movile e anunciou fusão com o RestauranteWeb, da britânica Just Eat, que injetou mais US$ 5,7 milhões. Entre 2014 e 2015 saltou de 314 mil para 1 milhão de pedidos mensais.

Em 2016, o iFood anunciou sua fusão com a SpoonRocket, empresa americana de tecnologia de entregas rápidas, e recebeu uma rodada de US$ 30 milhões da Movile e Just Eat. Com esses movimentos, atingiu a marca de 2,8 milhões pedidos ao mês.

O design do app era bastante diferente, mas as funcionalidades básicas já estavam ali – pedido rápido e pagamento online.

No ano de 2017 chegou a marca de 6,1 milhões de pedidos mensais.

2018 foi marcado por mais uma fusão, com a Rapiddo, consolidando o modelo de logística da foodtech e levantou mais uma rodada, de série G, de US$ 500 milhões – realizada por Prosus & Naspers, Movile e Innova Capital. Nessa rodada, iFood e Movile atingiram US$ 1 bilhão em valor de mercado e se tornaram unicórnios. Intermediava 13 milhões de pedidos por mês.

Em 2019, investiu em inteligência artificial através da aquisição da Hekima. No mesmo ano, atingiu 20 milhões de pedidos ao mês.

Finalmente, em 2022, em um investimento de R$ 9,5 bilhões, a Movile, através de sua controladora Prosus, adquiriu 33,3% das ações da Just Eat Holding Limited e atingiu 100% de participação no iFood.

 

Mais: conheça a trajetória de investimentos de outros unicórnios.

De olho no ESG, iFood passou a exercer papel importante

Com tanto impacto no mercado de delivery brasileiro, o iFood também passou a ter um papel social e ambiental na melhora da sociedade brasileira. Com sua missão de alimentar o mundo, o iFood percebeu que tinha uma chance de ouro nas mãos: atuar na redução do uso de plástico, desperdício de materiais recicláveis e compensação das emissões de carbono.

Um exemplo dessas iniciativas é a parceria do iFood com a Trashin, que criou o Reverte – Logística Reversa de Isopor. O projeto está em fase de implantação e pretende mudar a realidade da reciclagem de embalagens de isopor – 100% recicláveis, mas ainda muito descartadas incorretamente. Nesse caso, será feito um processo de aceleração de cooperativas, para desenvolvê-las e torná-las aptas a receber o Isopor e outros tipos de resíduos e viabilizar a reciclagem desses materiais.

Mais: A Trashin recebeu duas rodadas de investimento através da Captable. Em 2019, levantou R$ 1,1 milhão e em 2021, arrecadou mais R$ 1 milhão.

Além disso, o iFood passou a oferecer a possibilidade dos clientes doarem para causas sociais e de apoio a desastres naturais – uma forma de potencializar as contribuições institucionais da empresa com causas sociais.

Outras iniciativas incluem a formação dos entregadores, principalmente no ensino médio e, durante a pandemia, houve pagamento de remuneração para entregadores que tivessem contraído o vírus ou que estivessem em um dos grupos de risco.

Do lado dos restaurantes, o iFood também criou uma via expressa para que pequenos negócios possam vender seus produtos na plataforma, mesmo com uma estrutura extremamente enxuta – e até mesmo, em alguns casos, de uma residência.

Por que importa?

Hoje, o iFood é responsável por intermediar 65 milhões de pedidos por mês, em 1700 cidades, com 300 mil restaurantes e 60 mil mercados parceiros, 200 mil entregadores e 6 mil colaboradores.

O resultado não aconteceu por acaso: além dos milhões investidos através de fundos de venture capital, o iFood nunca deixou de lado sua obsessão pela satisfação do consumidor – incluídos aí entregadores, clientes e restaurantes.

Com design mais clean e inclusão de pedidos de supermercado, site do iFood ainda permite realizar pedidos na web. (Foto: iFood/Reprodução).

Para não ficar para trás na inovação, o iFood também conta com um elemento forte de autonomia em suas equipes. O modelo, conhecido como jet ski, permite que essas equipes trabalhem de forma rápida para elaborar e testar novas ideias. São times multidisciplinares, pequenos, que desenham, e posteriormente implementam, algumas das funcionalidades que passam a ser sucesso no aplicativo principal.

É assim que a startup continua investindo em inovação e gerando avanços para seu negócio. Pro futuro, o foco continua sendo investir em iniciativas de pagamento, logística e inteligência artificial – tudo para tornar mais eficiente o serviço para todos os usuários.

Não fique de fora do próximo boom das startups – a Captable é o lugar onde tudo isso acontece. Você acessa as melhores oportunidades a partir de R$ 1 mil. Faça as contas: com apenas R$ 5 mil, você já consegue montar um portfólio diversificado e aumentar as chances de sucesso nos investimentos. Cadastre-se.

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Imagem de perfil do redator

Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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