E mais: como deve ser o papel do líder em cada um destes esquemas de trabalho
Escritório (Foto de Kelly Huang na Unsplash)
, jornalista
18 min
•
10 ago 2023
•
Atualizado: 10 ago 2023
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Com o fim da pandemia, muitas empresas começaram um processo de retorno dos colaboradores aos postos de trabalho, mas no sistema chamado híbrido. Ou seja, os profissionais vão alguns dias para o escritório e nos demais ficam em casa.
Para Luckas Reis, head de psicologia na Vittude, não existe uma receita quando falamos sobre gestão organizacional, em nenhum nível ou modelo de trabalho.
“E tomar essa decisão, considerando uma instituição inteira, pode ser um risco porque existem diferentes áreas e funções que podem se beneficiar e funcionar melhor em modelos diferentes”, analisa.
De acordo com o especialista, o sistema híbrido pode ser um bom caminho semanalmente ou com uma frequência mais espaçadas entre encontros, que de alguma forma, ajudem a suprir a falta que o 100% remoto tem, como a socialização e a interação entre as pessoas.
“É um modelo que faz sentido, mas não para todos, cada empresa precisa considerar a situação. O melhor dos mundos seria um modelo flexível que se adequasse às características e necessidades de cada grupo de trabalho”, afirma Reis.
E por mais que esse tema já tenha sido falado diversas vezes, é sempre importante relembrar como funciona cada modelo de trabalho. Veja só!
“Funciona quando os colaboradores e membros de uma empresa trabalham de forma remota, com recursos tecnológicos que possibilitem as interações e formas de compartilhamento de informações de forma rápida e imediata”, explica Haynabian Amarante, sócia da Hustlers.br, agência especializada em live marketing.
Nesse modelo, os colaboradores e membros da empresa trabalham 100% de forma presencial, havendo a necessidade de deslocamento para o local físico da empresa.
“O sistema híbrido funciona quando a empresa opta por manter parte da carga horária dos funcionários de maneira remota e parte presencial, escolhendo dias da semana em que este modelo possa ser aplicado”, conta Haynabian.
Claro que cada perfil de trabalho possui seus prós e contras. Por isso, existem alguns fatores que precisam ser levados em consideração na tentativa de identificar o melhor modelo de trabalho para você.
“Primeiro, é importante entender qual o objetivo profissional que você tem. Por exemplo: o profissional que tem um ímpeto de desempenhar bem a sua função e buscar o enriquecimento de conhecimento de forma individual através de cursos, e de outros recursos como interações sociais que perpassam conversas profissionais tende a se dar bem no home office mais facilmente. Outro fator importante é entender a sua personalidade e seu modo de organização pessoal. Muitos dos seus anseios pessoais ditam a forma que você se comporta em relação ao seu trabalho”, ensina Haynabian.
Em contrapartida, existe o fato de o trabalho dificilmente ser exclusivamente individual. “Por isso, não se trata apenas de como o profissional pode descobrir qual o principal modelo para ele”, acredita Luckas Reis.
“Isso porque, existem pessoas que precisam construir coisas juntos e nesse ponto é necessário se perguntar qual o melhor modelo de trabalho para esse tipo de equipe. É importante considerar qual é o melhor caminho dentro de um processo ou projeto, pois o indivíduo sempre vai ser beneficiado se o coletivo que ele faz parte está alinhado”, pontua.
Diante disso, vale ter em mente que, muitas vezes, o sistema estabelecido pela empresa pode não ser exatamente aquele que você esperava. Por isso, é importante aprender formas de se adaptar seja ao modelo presencial, remoto ou híbrido.
No primeiro caso, o ideal é que a volta para o presencial seja sempre progressiva. Afinal de contas, toda grande mudança deve ser realizada gradativamente e muito bem comunicada.
“O ideal é apostar na flexibilidade e na autonomia e corresponsabilidade dos funcionários para aderirem conforme podem ao novo modelo. Lembrem que o trabalho é parte importante da nossa vida, e muitas vezes organizamos nossa vida em torno dele. Uma mudança drástica de modelo, pode e terá um impacto significativo na agenda, nos compromissos, nos planos e diretamente na satisfação das pessoas. Isso deve ser levado em conta”, argumenta Reis.
Por outro lado, Fernanda Pelegi Vassoller, diretora de recursos humanos da Vertem, lembra que sair do home office também significa retomar hábitos e atividades que não realizávamos há dois anos.
“Como encontrar os colegas de trabalho todos os dias, almoçar fora, sair de casa diariamente, fazer happy hours ou marcar jantares, por exemplo. Promover encontros entre as equipes para resgatar a sinergia, compartilhar sentimentos e experiências vividas é sempre bem-vindo e produtivo”, diz.
Por isso, é muito importante não se apegar apenas aos aspectos negativos dessa mudança. “É compreensível que você não consiga enxergar todos os aspectos positivos, mas seja realista e abandone o pessimismo”, indica Fernanda.
Nesse caso, por mais que seja o modelo de trabalho que muita gente ainda vem seguindo, é sempre importante lembrar de um ponto crucial: a comunicação.
“Esta deve ser cuidada, principalmente porque com o home office, os canais de comunicação assíncrona e a forma de se relacionar também se tornam diferentes”, fala Luckas Reis.
Além disso, o especialista conta que a socialização é um ponto chave que faz parte do trabalho. “Então, por exemplo, por meio de ações de confraternização ou encontro regulares, é muito importante garantir a socialização, criação e manutenção de vínculo, algo que ficou de lado no home office”, afirma.
Há diversos benefícios em poder equilibrar o que há de melhor nesse formato que mescla o presencial com o remoto.
“Por exemplo, utilizar os dias de home office para se dedicar a demandas que requerem mais foco, aproveitando o tempo ganho para revisar, testar e melhorar as suas entregas", analisa Haynabian.
"Por outro lado, aproveitar os dias de presencial para promover interações com pessoas que não necessariamente você teria contato relacionado a sua função pode te dar insights de como se aprimorar em uma entrega”, completa.
“Invista em treinamentos que aprimorem suas habilidades interpessoais (soft skills) e evite que sua agenda esteja totalmente voltada para questões pessoais. Dessa forma, você evitará a falsa percepção de que o formato híbrido traga benefícios semelhantes aos do home office no início da pandemia”, afirma.
É importante lembrar que o grande ponto é que não fomos formados para todos os modelos de trabalho. Ou seja, não aprendemos a performar bem em todos os formatos.
“Por isso, os modelos híbrido e home office precisam ser aprendidos e aprimorados. O indivíduo precisa desenvolver repertório e ferramentas para funcionar melhor em cada um desses modelos”, diz Reis.
Então, cabe a nós entendermos quais são os nossos pontos de desenvolvimento em cada forma de trabalhar e a partir disso criar um plano de desenvolvimento. “Isso faz parte da responsabilidade individual de cada um de nós, mas os líderes e as empresas também têm uma jornada para se desenvolverem nesse tema”, conta o especialista.
E por falar em gestão de equipe, a liderança também deve ter alguns pontos diferenciados de acordo com o modelo de trabalho. Desse modo, liderar um time home office requer principalmente uma habilidade de gestão à distância e um desapego a controle. Veja o que analisa Haynabian:
Já para liderar um time que voltou 100% para o escritório, o principal desafio é dar espaço e respeitar as individualidades. Veja as considerações de Haynabian:
Nesse caso, um dos pontos principais está no desapego ao controle.
“Além disso, acho que o desafio é utilizar os dias presenciais para promover atividades, ações que não aconteceriam à distância. É identificar as necessidades do seu time e utilizar o contato presencial para potencializá-los”, afirma a especialista.
Por isso, de acordo com Fernanda Pelegi Vassoller, os aspectos-chave são a flexibilidade e o equilíbrio.
“O trabalho e a vida pessoal não devem ser entendidos como opostos, mas como partes integrantes da vida de uma pessoa. Como empresas, precisamos ter a habilidade de navegar bem ao oferecer esse equilíbrio, pois aquelas que conseguem fazê-lo terão uma vantagem maior na atração e retenção de talentos”, pontua.
Para isso, Fernanda conta que é fundamental que as políticas organizacionais acompanhem uma verdadeira mudança de mentalidade, especialmente por parte dos líderes.
“Não adianta a empresa incentivar práticas flexíveis se os gestores não estiverem comprometidos com essa crença e diretriz. Assim, um trabalho forte de gestão da mudança é essencial para garantir a implementação dessas práticas de maneira mais uniforme em toda a organização”, acredita a especialista.
Diante de toda essa explicação, o recado final envolve a importância de o profissional entender como ele performa em cada modelo de trabalho para poder extrair os melhores resultados.
“Não considero ser tão difícil se adaptar a qualquer um dos modelos, mas deve-se entender qual teria mais aderência com nossa natureza. Por exemplo, não vamos exigir de uma pessoa expansiva para que ela trabalhe totalmente em casa, pois é muito difícil esta falta de contato humano", conta Alexandre Adoglio, CEO da Sonica.
"Da mesma forma, alguém que é mais introspectivo ficar num trabalho híbrido e precisar mudar de mindset a cada dia mediante as interações que ocorrerão”.
Já para Haynabian, o processo de decisão precisa ser feito de maneira colaborativa e compartilhada. “As empresas precisam de representantes em diferentes níveis para pensar nesses possíveis impactos, pois trazer esses líderes de opinião é uma forma de conseguir entender como o processo poderá ser ou está sendo visto pelos colaboradores”, diz.
Então, cabe a nós entendermos quais são os nossos pontos de desenvolvimento em cada forma de trabalhar. E a partir disso, criar um plano de desenvolvimento. “Isso faz parte da responsabilidade individual de cada um de nós, mas os líderes e as empresas também têm uma jornada para se desenvolverem nesse tema”, finaliza Luckas Reis.
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