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Inovação aberta: o que é, como funciona e exemplos para implementar na sua empresa

Com foco no trabalho colaborativo, o chamado open innovation busca unir diversos setores em prol da melhoria de produtos e serviços

Inovação aberta: o que é, como funciona e exemplos para implementar na sua empresa

Pessoas conversando no trabalho (Foto: via Canva)

, jornalista

17 min

25 abr 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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Já ouviu falar no termo inovação aberta? Também muito conhecido como open innovation, esse conceito foi introduzido pelo professor Henry Chesbrough em 2003 em seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (Inovação Aberta: Como criar e lucrar com a tecnologia, em tradução livre). No entanto, as ideias por trás da inovação aberta já haviam sido objeto de estudo anteriormente.

O que é inovação aberta?

Portanto, para entender melhor, inovação aberta nada mais é do que um processo de troca de conhecimento, ideias e colaboração entre empresas e outras companhias, startups, universidades, entre outras.

Por quê? Tudo isto para gerar novas soluções e modelos de negócios em conjunto, levando inovação para o ecossistema de maneira mais rápida e eficiente. De maneira prática, imagine que uma empresa vai a uma universidade ou outra instituição de ensino e dá uma tarefa para um curso desenvolver um produto. 

“Isso é benéfico para a própria empresa por muitas razões: eles obtêm novas ideias e perspectivas, bem como a oportunidade de contratar estagiários ou funcionários, adicionando um novo fluxo de consciência ao trabalho”, esclarece Anna Bokhmat, CEO da Flowwow.


Post-it (Foto: via Canva)

Quais são as características da inovação aberta?

Diante dessas explicações, fica um pouco visível que a flexibilidade e o pensamento aberto são bem relevantes dentro do conceito de open innovation. Afinal de contas, essa prática permite que as empresas estejam mais propensas a ouvir novas perspectivas, trazendo maior flexibilidade para mudar processos e desenvolver serviços e produtos de maneira mais rápida e eficiente.

“Além disso, companhias que adotam a inovação aberta estão em um processo de aprendizado contínuo. Já que estão sempre em busca de novas ideias e oportunidades para se manterem competitivas no mercado, usando boas práticas e experiências prévias (próprias ou de outros parceiros) para evoluírem sua estratégia de inovação”, aponta Jéssica Leite, coordenadora do núcleo de inovação aberta da Sinqia.

E as particularidades do conceito de inovação aberta não param por aí. Outras características são:

  • Diversas partes interessadas envolvidas, desde pequenas startups até grandes corporações, o que traz diferentes perspectivas e leva a novas ideias;
  • Busca constante de novas oportunidades para melhorar produtos e serviços;
  • Disposição para mudanças tanto dentro da empresa quanto fora, se adaptando às novas condições de mercado;
  • Foco em metas e resultados, e não apenas no processo de desenvolvimento.

Quais as vantagens da inovação aberta?

Desse modo, estar em contato com todo o ecossistema acaba trazendo perspectivas de mercado mais inovadoras e, consequentemente, coloca as empresas em uma posição de pioneirismo e competitividade frente a outras organizações.

“Além disso, trabalhar em conjunto com startups, por exemplo, traz agilidade aos processos de inovação, maior eficiência e, consequentemente, redução de custos, comparado ao desenvolvimento de soluções do zero, dentro de casa”, afirma Jéssica.

Já unir forças com universidades e centros de pesquisa, dá acesso a estudos e conhecimento de tendências em primeira mão. E estes elementos podem ser valiosos para o desenvolvimento de novos produtos e serviços e reforçam o foco em aprendizagem contínua dentro de uma organização. 

Outra vantagem está na agilidade e adaptabilidade da organização. “Empresas que adotam a inovação aberta são mais ágeis para atender as demandas de mercado e trabalhar com tendências, já que estão mais propensas a um pensamento aberto e são altamente adaptáveis para desenvolver novos produtos e serviços rapidamente”, diz a coordenadora.

Sem esquecer que a inovação aberta pode reduzir os custos de pesquisa e desenvolvimento, pois as empresas podem compartilhar os gastos com parceiros externos. “Também pode ajudar a reduzir os riscos associados ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, pois os parceiros externos podem contribuir a validar as ideias e reduzir a incerteza”, aponta Anna.

Por fim, há uma possibilidade de acessar novos mercados, pois o contato com novas ideias e perspectivas de agentes externos traz uma visão de mercado mais abrangente e aberta a oportunidades.

E isso aumenta a possibilidade de desenvolver produtos e serviços que foquem nas necessidades de mercados antes não atendidos e em um tempo muito maior do que seria produzido sem ajuda externa.

Reunião de equipe definindo metas com post-its (foto: Getty)

Quais as desvantagens da inovação aberta?

Claro que nem tudo são flores. Por isso, a aplicação de inovação aberta dentro das empresas também possui o seus percalços. Tais como:

  • Riscos de segurança da informação: ao compartilhar informações com parceiros externos, as empresas podem correr o risco de vazamento de informações confidenciais ou de propriedade intelectual.
     
  • Perda de controle: ao trabalhar com parceiros externos, as empresas podem perder algum controle sobre o processo de inovação e a propriedade intelectual resultante.
     
  • Falta de cooperação interna: a adoção da inovação aberta pode levar a problemas de comunicação e cooperação interna entre equipes e departamentos da empresa.
     
  • Dependência de parceiros externos: as companhias podem se tornar dependentes de parceiros externos para a inovação, o que pode limitar sua capacidade de inovar internamente.
     
  • Custo e complexidade: a implementação do open innovation pode exigir recursos significativos e envolver uma complexa rede de parcerias e colaboração.
     
  • Dificuldades em avaliar e selecionar projetos: muitas ideias externas podem não ser adequadas para as necessidades da empresa, o que pode levar a dificuldades na avaliação e seleção dos melhores projetos.

Quais são exemplos de inovação aberta?

São diversos os cases que podem ser usados para exemplificar o conceito de open innovation. Com a ajuda dos especialistas entrevistados, a gente trouxe alguns casos:

LEGO Ideas

Plataforma onde as pessoas podem criar seus modelos e propô-los à venda. A empresa LEGO analisa essas ideias e, se necessário, produz esses modelos na vida real. 

Wikipedia

“Este é um excelente exemplo de uso de fontes externas de conhecimento e colaboração para criar um recurso público. [Isso porque], a enciclopédia é desenvolvida e mantida pela comunidade de voluntários”, afirma Anna.

Android

Este sistema operacional de código aberto para dispositivos móveis desenvolvido pela Google e disponibilizado gratuitamente para fabricantes de dispositivos eletrônicos, permite que desenvolvedores de todo o mundo contribuam com melhorias e inovações para a plataforma.

Google Summer of Code

Por meio desta plataforma, estudantes universitários são incentivados a contribuir para o desenvolvimento de projetos de código aberto durante o período de verão, trabalhando em colaboração com mentores e outros desenvolvedores.

“A inovação aberta pode ser aplicada em diferentes setores e tipos de empresas, independentemente do tamanho ou segmento de mercado. Além disso, a colaboração e a cooperação entre as empresas, universidades, institutos de pesquisa e startups podem ser muito benéficas para todos os envolvidos, já que permitem uma troca de conhecimentos e recursos que podem levar a soluções mais eficientes e inovadoras”, fala a CEO.

 

Qual é a diferença entre inovação aberta e fechada?

Diante de tantos exemplos, uma dúvida pode pairar: a diferença entre o conceito de inovação aberta para o termo inovação fechada.

Desse modo, uma das principais distinções é na maneira como os processos de inovação são executados. “Na inovação aberta o foco está em cooperar com outros agentes do ecossistema para gerar novas soluções de maneira eficiente e pioneira. Há bastante troca com o mercado, parceiros, clientes e outros departamentos para obter novas ideias e insights”, afirma Jéssica.

Já na inovação fechada, de acordo com a coordenadora, o foco está em desenvolver pesquisas, conhecimento e soluções dentro da própria organização. “Ou seja, não há troca com stakeholders, clientes ou outros departamentos da corporação. É um modelo mais tradicional de inovação”, conta.

Como fazer a inovação aberta?

Depois de todas estas explicações, se você ficou interessado em colocar em prática o open innovation dentro da sua empresa, a gente separou um passo a passo. Veja só:

1 - Defina objetivos claros
O que inclui determinar quais áreas da empresa precisam de inovação e quais tipos de soluções são necessárias.

2 - Construa uma cultura de inovação
Faça isto por meio de eventos, cursos, espaços de discussão ou comitês de inovação.

3 - Identifique potenciais parceiros
Serão estas entidades que poderão ajudar a sua empresa a alcançar os objetivos de inovação. Isso pode incluir outras empresas, universidades, startups e comunidades de inovação.

4 - Estabeleça canais de comunicação
Mantenha sempre um contato eficiente com seus parceiros externos para permitir o compartilhamento de ideias, conhecimento e recursos.

5 - Desenvolva uma cultura de colaboração interna e externa
Dessa forma, você irá incentivar seus funcionários e parceiros externos a compartilhar ideias e trabalhar juntos em soluções inovadoras.

6 - Implemente processos e ferramentas para gerenciar o fluxo de ideias e soluções
Dessa forma, é possível garantir a proteção da propriedade intelectual.

7 - Tenha métricas
A empresa deve estabelecer métricas para medir o sucesso da inovação aberta e avaliar regularmente seu progresso. “É importante lembrar que a inovação aberta é um processo contínuo e dinâmico, que requer flexibilidade e adaptação para atender às necessidades em constante mudança da empresa e do mercado”, conclui Anna.

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