No ritmo acelerado do Vale do Silício, a Inteligência Artificial transforma o storytelling — mas só a sensibilidade humana é capaz de manter a alma das histórias vivas.
Foto: Pexels
, Professora e colunista da StartSe
7 min
•
8 abr 2025
•
Atualizado: 8 abr 2025
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
Sempre que me encontro com alguém no Vale do Silício que trabalha diretamente com inteligência artificial, saio impressionada com a velocidade alucinante das inovações. O ritmo de lançamento de ferramentas, protótipos e conceitos que prometem revolucionar a forma como criamos conteúdo, contamos histórias e nos conectamos com o público chega a ser assustador. Ao mesmo tempo em que esse cenário é estimulante, ele levanta questões fundamentais sobre autenticidade e essência na construção de marcas — tanto pessoais quanto corporativas.
No meu dia a dia, observo executivos e empreendedores adotando soluções de IA para produzir textos, roteiros, posts de redes sociais e até campanhas inteiras em questões de minutos. De acordo com o relatório da McKinsey, “The State of AI in 2022—And a Half Decade in Review”, a adoção de IA duplicou nos últimos cinco anos, com cerca de 50% das organizações globais reportando o uso dessas tecnologias em ao menos uma área de negócio. O Vale do Silício, como principal polo de inovação, tem sido o epicentro desse movimento, influenciando profissionais no mundo todo a acelerar a criação de conteúdo e reformular estratégias de branding.
A agilidade é, de fato, um dos maiores benefícios da inteligência artificial. A possibilidade de produzir materiais segmentados em grande escala encanta quem precisa construir ou reforçar reputação em diferentes frentes. Contudo, essa mesma facilidade coloca em risco a voz única de uma marca ou de um líder.
Se todo mundo usa a mesma tecnologia para escrever e desenhar campanhas, qual o segredo para não cair na mesmice? Segundo a publicação “The Deloitte Consumer Review: Made-to-order: The Rise of Mass Personalisation” a personalização é um fator-chave de diferenciação, pois muitas pessoas esperam que marcas e produtos reflitam seus interesses e preferências individuais. O grande desafio é garantir que essa personalização não seja apenas um truque tecnológico, mas sim uma extensão autêntica do propósito da marca pessoal de cada profissional que fizer uso da tecnologia.
Outro ponto fundamental é a checagem de informações. Modelos de IA podem gerar textos verossímeis, e como sabemos, ele alucina na maioria das vezes (apesar que a cada dia esta melhorando muito), mas isso não significa que sejam precisos ou contextualizados adequadamente.
Quando falamos em construir uma narrativa forte, qualquer deslize pode comprometer a credibilidade de um profissional ou de uma empresa. Por isso, ter uma equipe preparada para revisar, ajustar e validar o que é produzido pela tecnologia continua sendo essencial. Embora o investimento global em soluções de inteligência artificial cresça a cada ano, vale lembrar que o fator humano ainda é o grande diferencial para transformar dados em histórias memoráveis.
Em paralelo a esse cenário, vejo no Brasil uma efervescência crescente em torno do tema, com empreendedores se inspirando no modo acelerado do Vale do Silício para implementar soluções inovadoras. Muitos tentam equilibrar o desejo de “fazer mais rápido” com a necessidade de “fazer com qualidade”. Esse equilíbrio é especialmente importante quando o assunto é branding e storytelling, pois são elementos que definem a personalidade de uma marca ou de um líder e que não podem ficar reféns de automações rasas. Quem não souber incorporar a tecnologia ao processo criativo de maneira estratégica corre o risco de perder relevância no longo prazo.
Assim, a inteligência artificial chega como uma aliada, capaz de ampliar o alcance e a rapidez na produção de conteúdo, mas não anula o papel insubstituível de curadoria, revisão e, principalmente, de sensibilidade humana. É exatamente nesse ponto que a essência do storytelling se mantém: a história mais poderosa ainda é aquela que conecta valores, gera empatia e provoca reflexões genuínas. Ferramentas inovadoras nos ajudam a executar, mas cabe a nós manter a coerência e a verdade do que queremos transmitir.
Sempre que escuto sobre a próxima grande novidade em IA, sinto uma mistura de empolgação e preocupação. Ver de perto o ritmo frenético do Vale do Silício me faz lembrar que cada inovação é uma chance de reimaginar a forma como fazemos negócios e nos comunicamos, mas também nos obriga a olhar criticamente para os rumos de nossa própria identidade de marca. Afinal, não basta produzir mais conteúdo; precisamos produzir narrativas que, de fato, agreguem valor e construam conexões profundas.
É nesse equilíbrio entre automação e autenticidade que enxergo o caminho para um storytelling forte, capaz de transcender qualquer modismo tecnológico e se manter vivo na memória das pessoas.
Leitura recomendada
Experimente vivenciar a inovação e a tecnologia onde elas nascem. Em 6 dias de Imersão no Vale do Silício, você vai se conectar com renomados acadêmicos, inclusive com Giuliana Tranquilini, autora deste artigo e nossa professor no Vale. Saiba mais aqui.
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
, Professora e colunista da StartSe
Atuou como executiva em Marketing e Branding, com mais de 25 anos de experiência construindo marcas corporativas como Natura Cosméticos, Havaianas entre outras. É Co-founder da BetaFly especializada Marcas Pessoais, professora de MBA e pós-graduação, palestrante e autora do best-seller "Sua Marca Pessoal" .
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!