Peso das startups de finanças cresce exponencialmente em um mercado onde os velhos nomes precisam correr ainda mais para sobreviver.
Sede do Nubank em São Paulo (foto: divulgação)
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Por Rodrigo Fernandes
Se ainda havia alguma dúvida de que o mercado de produtos financeiros está passando por uma das maiores transformações da sua história, agora não dá para ter mais.
Buffet raramente investe em tecnologia. Buffet raramente investe em empresas de capital fechado. Ninguém é tão raiz e tão pouco Nutella em todo o mundo dos investimentos quanto Mr. Buffet.
Mesmo com este histórico e perfil, ele resolveu colocar meio bilhão de dólares na brasileira Nubank.
Seguir as novas tendências do mercado não é nenhuma garantia de sucesso, afinal é muita gente que está querendo surfar nessa onda. Inevitavelmente, alguns destes sairão vencedores e outros perdedores.
No entanto, não entender o que, afinal, está acontecendo é quase que uma garantia de fracasso.
Em muitos casos, estamos falando de uma morte lenta e gradual. Afinal, nossos bancos da velha guarda ainda são grandes, sólidos e lucrativos.
Mas para aqueles que não entenderem qual é a lógica dessa transformação e agirem de forma rápida a decisiva, a tendência é apenas para baixo e avante.
“How did you go bankrupt?"
Two ways. Gradually, then suddenly.”
― Ernest Hemingway, The Sun Also Rises
Mas quais são as principais forças que estão em ação neste momento?
A primeira delas é chamada de unbundling – que pode ser traduzido por algo como desagregação.
Repare que a fintech típica não oferece mais que um ou dois entre os zilhões de produtos oferecidos pelo velho bancão. "Ah, mas eles nem conseguiriam oferecer tanto produto assim logo de partida".
Verdade.
Mas nem se conseguissem, elas poderiam fazê-lo. Afinal, só com esse nível de especialização que possível ter uma boa interface com o cliente – critério fundamental para o sucesso de uma fintech.
Muito bem. Então para começo de conversa, nós temos uma onda de fintechs oferecendo produtos muito bem focados que contam com interfaces e serviços extremamente práticos e agradáveis.
Vamos dizer que esse fenômeno está acontecendo na horizontal. No entanto, nós temos também um fenômeno relacionado acontecendo "na vertical" deste mercado.
Entre as empresas do mercado financeiro que já nasceram nessa nova onda ou que se modernizaram, nós temos dois tipos: aquelas que são "donas dos clientes" e aquelas que dominam a infra-estrutura.
As primeiras, bem, sabem tudo sobre o cliente. Seus hábitos, costumes, capacidade financeira e por aí. Acho que nem é necessário dizer o quanto isso é tem valor para ofertas bem direcionadas, upsell, cross-sell, etc.
As fintechs do segundo tipo são aquelas que decidiram cuidar da complexidade tecnológica e regulatória do mercado financeiro.
Se você der uma olhada em uma Plaid, por exemplo, você vê facilmente que existe uma pegada moderna nesse tipo de solução também.
A infra, nesse caso, tem cara de API's em Python e não de câmaras de compensação no Banco do Brasil.
A boa e velha Visa é uma das empresas que se posiciona dessa forma.
Apesar da sua marca também ter uma faceta pública, o nome da sua estratégia para os próximos anos – network of networks – não poderia deixar mais claro onde é que ela quer se posicionar.
Nessa nova regra do jogo, as fintechs precisam dar foco total a uma solução, mas a velha guarda fica com o desafio dobrado de se posicionar para o futuro ao mesmo tempo em que mantem as suas vacas leiteiras.
Criar um negócio em um mercado tão disputado não é um desafio nada fácil.
Mas transformar um dinossauro em negócio ágil e moderno talvez seja ainda mais difícil – principalmente em um momento em que os que os dinossauros do setor de investimento estão preferindo colocar suas apostas na mesa das fintechs.
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