A popularização do metaverso garante que empresas adotem práticas tecnológicas de olho na Geração Z
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12 min
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21 jun 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
A corrida por grandes talentos é uma missão das empresas que, claro, seguem em busca dos melhores profissionais. Em tempos de demissões voluntárias, o chamariz, a diferenciação e a construção do employer branding começa no processo de contratação, que agora pode ser no metaverso.
Mas, gente, como assim? É isso mesmo, a aposta é que agora as fronteiras, já tão dispersas na pandemia, do presencial, podem se dissolver ainda mais. Com essa movimentação, a possibilidade é tornar as empresas ainda mais inclusivas, acessando profissionais distantes, mas sem perder o tato do presencial -- só que no virtual.
Se você ainda não está familiarizado com o metaverso, leia este artigo ;)
A Companhia de Estágios, principal player do mercado de recrutamento e seleção, já está conduzindo entrevistas de estágio no metaverso. Depois de um projeto piloto, a funcionalidade se tornou rotina na empresa, que vem adotando com vários parceiros, conta Hugo Rebelo, Diretor de Tecnologia (CTO) da empresa.
O metaverso se tornou um grande atrativo nas vagas “e na seleção tem vantagens como o engajamento e a empolgação dos candidatos. Por utilizar avatares, isso faz com que os candidatos se sintam mais à vontade, diminuindo a tensão”, explica Hugo. E em vagas de estágio, a gente sabe, o nervosismo é frequente, até porque são os primeiros processos seletivos da maior parte dos candidatos. Mas é imprescindível dizer: o que começa no estágio pode avançar na empresa, sendo fundamental o olhar para os melhores talentos.
Por isso, Hugo indica: “minha dica para as empresas é que quando a gente fala de estágio, a gente está falando com a geração Z e é outra mentalidade. Normalmente a gente enxerga a partir da nossa perspectiva, mas eles estão muito próximos de tecnologias e do metaverso.” Então romper com certas tradições e se abrir para a tecnologia no recrutamento pode te aproximar do futuro. Sabe por que?
Até 2025, 27% da força de trabalho nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) serão profissionais da Geração Z – nascidos do final dos anos 1990 ao início de 2010.
“A ideia de usar Metaverso em processos seletivos é garantir uma experiência única através de uma imersão colaborativa em que um candidato interage com outros candidatos em tempo real. É também uma maneira de aproximar as empresas e seus processos seletivos com o universo digital em que a Geração Z está inserida,” conta Tiago Mavichian, fundador e CEO da Companhia de Estágios.
Quem já fez o processo no metaverso foi o Instituto Ayrton Senna. E mesmo tendo as etapas muito parecidas com o processo seletivo tradicional, “vale reforçar que muitos dos candidatos estão participando do processo seletivo pela primeira vez. É natural ficarem mais nervosos ou tímidos durante a conversa, com certa dificuldade de se expressar. O metaverso, além de tornar a experiência dos candidatos mais atraente e divertida, consegue reduzir essa insegurança”, Ewerton Fulini, Vice-Presidente Corporativo no Instituto Ayrton Senna.
Nos processos realizados pela Companhia de Estágio, os candidatos vão até o escritório da Companhia, onde recebem um rápido treinamento sobre os procedimentos e têm acesso aos equipamentos (óculos VR) para acessar o ambiente virtual da entrevista. Mas antes da conversa, em si, eles criam avatares e customizam do jeito que quiserem – isso perpassa a individualidade dos participantes e a personalidade que eles querem passar na entrevista, de acordo com Hugo.
Mas é muito diferente do que a gente fez até agora? “O que as empresas analisam no Metaverso, na prática, é similar ao que analisam em etapas presenciais: as habilidades comportamentais dos candidatos. Então, os candidatos podem se preparar da mesma forma que fariam se estivessem numa interação presencial. Eles podem pesquisar quais são as habilidades possivelmente valorizadas pela empresa e buscar agir de acordo com elas. Se, por exemplo, uma empresa tem forte atuação social ou preocupação ESG, ele precisa dar especial atenção a esse ponto. Se a vaga pede skills de comunicação, deve procurar mostrar suas habilidades e cursos nessa área podem ser o diferencial”, orienta Tiago.
O resultado já foi visto no Instituto, que testou a prática: “como se tratava de um projeto piloto, conseguimos contratar os estagiários e alguns deles que passaram a integrar o time do Instituto Ayrton Senna vieram por meio dessa tecnologia", conta Ewerton.
Ele analisa outro ponto importante que pode ser uma grande vantagem do metaverso, que é sobre a inclusão. "Há um ponto muito interessante compartilhado pelo Tiago Mavichian, fundador e CEO da Companhia de Estágios, que o metaverso nos ajuda a eliminar os vieses inconscientes em um processo seletivo. Ou seja, pressupostos, crenças ou atitudes aprendidos dos quais não estamos necessariamente cientes. Embora o viés seja um aspecto natural do funcionamento do cérebro humano, ele pode às vezes reforçar estereótipos. E o mundo virtual elimina parte disso, ao sermos todos um 'avatar'.”
“Para adotar esse tipo de processo seletivo é necessário aquisição de tecnologia ou contratação de outras empresas, como a Companhia de Estágios, por exemplo. O custo unitário de um óculos de realidade virtual não é baixo, portanto, trazer essa solução para dentro da sua empresa requer planejamento, infraestrutura e formação do time”, elenca Ewerton.
Hugo, da Companhia de Estágios, percebe que o metaverso ainda está se desenvolvendo e estamos aprendendo juntos. Por isso, começar a se abrir para as possibilidades dessa tecnologia é sobre medir a temperatura, mas também começar a se preparar para o mercado de trabalho que vem se desdobrando. “Inclusive, a possibilidade de, além de contratar, formar os estagiários com reuniões imersivas que facilitem a capacitação.”
As transformações oriundas da pandemia do coronavírus desencadearam grandes mudanças no mercado de trabalho. A adoção do home office (e agora a dificuldade da volta aos escritórios), o crescimento de nômades digitais e a adoção de tecnologias para manter a equipe engajada, próxima e alinhada mostra que é possível desenvolver ambientes de trabalho remoto sem que ninguém da equipe fique distante.
O metaverso, portanto, se torna uma opção para garantir que a empresas tenham os melhores talentos, mesmo que eles não estejam próximos, mostrando um pouco da cultura no processo diferenciado de contratação. Entretanto, a popularização dos óculos VR, internet de qualidade e acesso fazem toda a diferença para que esse modelo não seja exclusivo – pelo contrário, que seja um processo que possibilite, por meio da tecnologia, a inclusão de mais gente.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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