O novo centro de pesquisa da JBS ficará em Florianópolis e irá testar e desenvolver proteínas cultivadas como nova aposta no futuro da alimentação
Foto: Getty Images/D-Keine
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7 min
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11 mai 2022
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
Carne de laboratório ou carne cultivada: guarde esses termos. Essa é a nova aposta da JBS, uma das maiores vendedoras de proteína animal do mundo. Nesta semana, foi finalizada a compra da startup espanhola BioTech Foods, anunciada em novembro do ano passado pela companhia.
A novidade vem acompanhada com mais uma aposta no setor: a JBS pretende investir US$ 60 milhões em um centro de pesquisa de proteínas cultivadas. A cidade brasileira escolhida para abrigar o JBS Biotech Innovation Center foi Florianópolis, mais especificamente, no Sapiens Parque.
“Estamos ampliando nossa plataforma global para atender às novas tendências de consumo e ao crescimento da população global. A aquisição da BioTech Foods e o novo centro de pesquisa colocam a JBS numa posição única para avançar no setor de proteína cultivada”, afirma Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, no anúncio.
No Brasil, startups como Fazenda Futuro, NotCo e The New protagonizaram a chegada das carnes plant-based (ou “carnes feitas de plantas”). Mas as grandes empresas – inclusive as que vendem proteína animal – se esforçaram para entrar no setor: a JBS adquiriu a startup holandesa Vivera em 2021; já a Marfrig se uniu à empresa americana ADM para abrir um empreendimento conjunto de proteína vegetal, a PlantPlusFoods.
Agora, a JBS está investindo e pode chegar com antecedência nessa próxima fase do futuro da alimentação. Mas vale destacar: enquanto as carnes plant-based não levam proteína animal, a carne cultivada é feita em laboratório a partir de células animais. Não é, necessariamente, um alimento vegano, mas uma alternativa ao consumo tradicional.
Se depender da Biotech Foods, a carne cultivada chegará ao varejo em 2024 – ao menos na Europa, onde está sediada. A empresa está investindo US$ 41 milhões na construção de uma fábrica.
E assim como a carne plant-based, a expectativa é que as proteínas cultivadas cheguem em alimentos prontos, como hambúrgueres, almôndegas, embutidos, entre outros. A expectativa é de criar opções não apenas para a carne bovina tradicional, mas para a de frangos, suínos e pescados – novamente, assim como tem acontecido no setor plant-based.
E O PREÇO?
A maior diferença destes mercados (e que ainda não foi esclarecido pelas empresas de proteína cultivada) é o preço. Isso porque o primeiro hambúrguer cultivado em laboratório foi feito em 2013 e custou US$ 330 mil.
A carne foi cultivada na Universidade de Maastricht, na Holanda, em um projeto liderado pelo professor Mark Post. Quase dez anos depois, o mesmo pode ser feito com US$ 10. Globalmente, a expectativa é que o mercado de carne cultivada alcance US$ 25 bilhões por ano em 2030, segundo estimativa da McKinsey.
Pode levar algum tempo até que essa se torne uma fonte de receita competitiva dentro da JBS, por exemplo, pois o setor de carne “convencional” é muito maior. A efeito de comparação, o mercado global de carne foi avaliado em US$ 1,33 trilhões em 2021, de acordo com um relatório da Imarc Group.
Vale relembrar: quando as empresas entram nesses setores inovadores, elas estão buscando o que acreditam que irá trazer receita no futuro, não no presente. A JBS, inclusive, acaba de divulgar os resultados do melhor ano da companhia até agora: receita de R$ 350 bilhões e lucro líquido de R$ 20,5 bilhões em 2021.
Mas por que uma empresa deste porte está interessada em apostar neste novo setor? É justamente por já possuir um modelo de negócios definido e rentável que ela e outras companhias estão em busca do próximo passo, para que não sejam ameaçadas por concorrentes, inclusive startups. É assim que elas se tornam organizações infinitas.
Além disso, vale a pena ficar de olho nos países que estão recebendo essas inovações. Além do centro de pesquisa da Biotech na Europa, a JBS terá o próprio no Brasil. Enquanto isso, Singapura se tornou, em 2020, o primeiro país a aprovar carne feita em laboratório.
Já é possível encontrar cubos de frango feitos em laboratório (foto acima) em alguns restaurantes do país. Eles são fabricados pela Eat Just, a primeira startup a receber a permissão de venda no local.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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