O banco digital C6 agora conta com um nome de peso em seu quadro societário: o gigante americano JP Morgan comprou 40% da fintech.
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8 min
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28 jun 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques
O JP Morgan Chase, gigante americano do segmento bancário, comprou 40% das ações da fintech brasileira C6 Bank. Em negócio com valor não divulgado, o JP Morgan passa a ter participação de 40% na fintech. Entenda o negócio e as motivações.
A aquisição de 40% do C6 pela JP Morgan Chase & Co. marca a entrada da gigante no mercado financeiro de varejo brasileiro. O valor do investimento não foi informado, mas acredita-se ter sido superior à avaliação de R$ 11,3 bilhões da última rodada de investimentos recebida pelo C6. À época, o C6 possuía 4 milhões de clientes, hoje já supera os 7 milhões.
A estratégia do JP Morgan foi anunciada em janeiro, quando afirmou que passaria a expandir seus investimentos no setor bancário de varejo para além das fronteiras norte-americanas. A aquisição de parte do C6 veio após ter investido em uma fintech inglesa e a compra do gestor de fortunas digitais Nutmeg Saving and Investment.
O banco C6 foi criado por ex-sócios do BTG há quase 3 anos. O banco digital já conta com mais de 7 milhões de clientes ativos. A estratégia do C6 vem sendo oferecer serviços diferenciados para os correntistas, além de focar em um segmento mais premium de clientes.
O principal chamariz da fintech é a integração com sistema de tag para pedágios e estacionamento sem filas. Inicialmente o serviço era chamado de Taggy, mas recentemente, fez parceria com a Veloe e lançou o C6 Tag. De forma gratuita, sem assinatura, é possível ter o valor de pedágios e estacionamentos descontados diretamente na conta corrente.
Outro atrativo recente foi o lançamento de uma conta global com saldo em dólar, disponibilizando ainda um cartão de débito internacional para utilização. A vantagem é acessar tarifas de câmbio inferiores às praticadas por cartões de crédito, além de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) menor.
Antes do PIX e dos pagamentos via WhatsApp, outro grande diferencial oferecido era o C6 Kick. Basicamente, trata-se de uma versão proprietária do PIX, oferecendo transferências rápidas dentro do app: basta informar o valor e o número do celular de quem vai receber o dinheiro. Um link é gerado e pode ser compartilhado com a pessoa que irá fazer a transferência.
Para o segmento premium, foco da fintech, é oferecido o C6 Carbon. Cartão da bandeira Mastercard Black, com foco em benefícios como: pontuação maior por dólar gasto, acesso gratuito a salas vips, 12 meses de RappiPrime incluso e todos os benefícios tradicionais do Mastercard Black.
Para atrair os correntistas premium, o C6 oferece o C6 Carbon livre de anuidade para quem investe mais de R$ 50 mil em CDBs do banco, 50% de isenção para gastos de R$ 4 mil mensais e 100% para gastos acima de R$ 8 mil ao mês.
O Chase, banco de varejo americano que fundiu-se com o JP Morgan, chegou a ter presença no segmento de varejo brasileiro antes da fusão, oferecendo seus serviços para pessoas físicas de alto poder aquisitivo até o início dos anos 90. O JP Morgan Chase está presente no Brasil há quase 60 anos, mas seus focos são outros: serviços de banco corporativo, de investimento, private banking internacional e gestão de fundos offshore. Vale lembrar que a JPMorgan já investiu em outra fintech brasileira no ano passado, a FitBank.
Atrair a atenção de grandes investidores internacionais como Warren Buffett - que investiu no Nubank - e JPMorgan, dá dimensão da expectativa de crescimento das fintechs brasileiras. Um dos motivos para tanta confiança nos bancos digitais brasileiros é a digitalização bancária que o país vive: mais de 60% das transações brasileiras são realizadas digitalmente, de acordo com a Febraban.
A estratégia do JPMorgan fora dos EUA parece diferir bastante da estratégia que aplica em seu país de origem. Nos EUA, o banco está abrindo centenas de agências físicas em estados onde nunca esteve presente. Houve tentativa, em 2018, de implementar um projeto-piloto de negócio 100% digital nos EUA, mas o projeto foi descartado.
Parece que o elemento chave para o sucesso das fintechs brasileiras é a vontade e disposição do brasileiro para realizar operações financeiras digitalmente. Enquanto em outros países - EUA e países da Europa, principalmente - ainda há certa resistência, os países da América Latina parecem mais dispostos e representam uma oportunidade de crescimento acelerado. Com isso, há um senso de urgência em obter participação nas fintechs brasileiras e latinoamericanas, especialmente devido à concorrência de empresas de tecnologia financeira e de outros players.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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