healthtech se propõe a fazer a coordenação de cuidados 24 horas por dia de quem tem hipertensão, diabetes, dislipidemia e, mais recentemente, obesidade
Marcelo Toledoe André Sá, sócios-fundadores da Klivo (foto: divulgação)
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O Brasil tem mais da metade da população acima de 18 anos com um diagnóstico de doença crônica. Mas o sistema de saúde não está estruturado para atender esse tipo de paciente. Bom, pelo menos não para cuidar dessa população antes dela ter de ir a um pronto socorro por algum problema.
E é justamente nesta falha da Matrix que André Sá e Marcelo Toledo estão encaixando a Klivo. A healthtech que acaba de receber uma rodada de R$ 45 milhões liderada pela Valor Capital, se propõe a fazer a coordenação de cuidados 24 horas por dia de quem tem hipertensão, diabetes, dislipidemia e, mais recentemente, obesidade.
A ideia do negócio criado pelos ex-BTG e Nubank no fim de 2019 é aliar o high tech com o high touch, usando dispositivos conectados para fazer o monitoramento em tempo real das condições dos pacientes, mas colocando pessoas para dar atenção e acompanhar. “Descobrimos que dar mais elogios e menos broncas funciona melhor. Via de regra o paciente é uma pessoa de idade, que tem mais de uma comorbidade. A família em torno já faz o papel de chato. A gente tem que ter um papel positivo”, conta André.
Segundo ele, a companhia montou uma comunidade para troca de experiências e angústias entre os pacientes e criou também uma plataforma de conteúdo com vídeos curtos gravados pela própria equipe de enfermeiras da Klivo, para aumentar a proximidade com quem é atendido.
O modelo de negócios lembrado o do Gympass, com as empresas bancando a participação de seus funcionários. A diferença é que as companhias bancam integralmente o plano. Ou no caso de um laboratório farmacêutico, como a Novo Nordisk, o programa da Klivo é oferecido como um “plus a mais”, um elemento de fidelização para quem usa um determinado medicamento.
De acordo com André, a redução de custos para as companhias ao olhar para o cuidado com os pacientes crônicos pode ficar na faixa dos 30%. Ele cita casos que chegam a 65%, mas considera o percentual fora da curva.
“A gente não começa pelo usar menos. Acreditamos em 3 blocos: indicadores de engajamento, clínicos e de custos. Nessa ordem, porque ela é importante. A primeira entrega é a experiência encantadora, uma escola trazida do Nubank pelo Marcelo. Primeiro a gente engaja e melhora a pessoa clinicamente. E que está mais engajado custa menos. O custo é consequência”, argumenta. Segundo ele, um estudo clínico feito pela companhia mostrou que o índice de recompra de medicamentos, ou seja, a continuidade de um tratamento, é 51% maior entre os as pessoas que usam a Klivo.
Atualmente com 71 funcionários, 31 clientes e um total de 21 mil vidas atendidas, a companhia pretende triplicar de tamanho ao logo dos próximos 12 meses usando os recursos do aporte. Segundo André, isso vai acontecer com a conquista de novos clientes, mas mais ainda pelo aprofundamento na relação com a atual base. Só a BRF, por exemplo, tem 180 mil vidas, o que já dá um potencial de expansão considerável.
Além da Valor – que é uma das investidoras do Gympass – a série contou com a participação dos americanos Civilization Ventures (investidor da Omada uma das referências da Klivo, junto com a Livongo, comprada pela Teladoc ano passado por US$ 18 bilhões), Tau Ventures e Reaction (fundo de impacto de alunos egressos de Stanford), o hospital Albert Einstein e os brasileiros Canary e Norte Ventures, além de investidores anjo que já tinham participado da rodada seed em 2020 – quando ela levantou US$ 2,5 milhões com a Canary liderando.
De acordo com André, além de recursos para acelerar o crescimento, a rodada traz uma validação, um crivo para a empresa e seu modelo de negócios. “Saúde é uma coisa muito importante. As pessoas não querem tomar risco. Quando você traz como sócios o Einstein e investidores da Omada e da Livongo, gente séria, isso ajuda a vencer a resistência inicial”, diz.
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