As demissões em massa têm um lado positivo? Para o ecossistema de startups, há indícios que sim… Entenda o novo ciclo desbloqueado com os movimentos.
Os layoffs estão criando um novo pico de novas startups, realimentando o ecossistema de inovação. (Foto: Unsplash).
, Head de Conteúdo na Captable
8 min
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28 fev 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Chegar no trabalho, ou na mesa do home office, ligar o computador, entrar no e-mail corporativo ou no chat empresarial e descobrir que seu acesso está bloqueado. Essa foi a realidade de centenas de milhares de funcionários de empresas de tecnologia em 2022 e 2023. As demissões em massa, os layoffs, se tornaram lugar comum, das startups às big techs.
O momento, que pode ser traumático, ainda que seja efetuado da melhor forma possível, também pode ser a faísca para um novo rumo na vida profissional dessas pessoas. Algumas delas, podem sair do momento de tristeza para o ímpeto da ação em um curto espaço de tempo.
Empreendedores e fundadores de startup frequentemente, após uma venda ou fusão com outra empresa, partem para um novo desafio, fundam uma nova empresa ou startup e recomeçam a trilha de crescimento de um negócio.
No caso dos layoffs, o pagamento das rescisões é o colchão que faltava para saltar no trampolim das startups – é aí que o colaborador que nunca empreendeu toma a coragem que faltava para começar seu próprio negócio e alimentar um novo ciclo de startups inovadoras.
Além de inundar o mercado de excelentes profissionais em busca de uma oportunidade, os layoffs são, para muitos, um empurrão para começar o próprio negócio. As ideias, que antes ficavam restritas a um tempo futuro, chegam rápido ao plano das ações para empreender e criar valor para a sociedade.
Depois de ter sua segurança e estabilidade profissional postas em cheque, esses profissionais, agora fundadores de uma startup, precisam desenvolver rapidamente habilidades que transformam as chances de sucesso nesse mercado: a habilidade de levantar investimento (fundraising) e como a apresentação (pitch) da startup precisa ser feita a esses investidores.
Os investidores são muitos, portanto criar uma estratégia de investimento e mapear aqueles que possuem fit com o negócio é o primeiro passo depois de ter encontrado uma ideia matadora e criado um negócio em volta dela.
E esses investidores não estão sumidos: para eles, uma startup sólida pode ser uma aposta melhor do que ações com alta volatilidade em um momento de condições econômicas desfavoráveis. As startups são ágeis e possuem uma estrutura mais enxuta, com menos custos.
E, se der certo, conquistar novos clientes para um produto durante uma recessão pode ser uma forte mensagem de que a ideia – e o negócio – faz sentido e, de fato, gera valor aos consumidores. Prova disso são as empresas nascidas em anos próximos às grandes crises mundiais.
O Airbnb, por exemplo, surpreendeu ao garantir acomodações mais baratas e dinheiro extra (para os proprietários de imóveis) durante a Grande Recessão dos EUA.
Os dados também demonstram que o momento de dificuldade e demissões criou uma onda de novos fundadores de startup. A Y Combinator, o programa de aceleração de startups mais famoso do mundo, relatou que as inscrições de novas startups cresceram 20% em 2022, totalizando mais de 38 mil. Em janeiro de 2023, período em que recebeu as inscrições finais, o número foi cinco vezes maior que o do ano anterior.
Ainda que os investidores estejam ansiosos por comprar um pedaço do bolo dessas startups inovadoras, vale lembrar que os cuidados estão redobrados. As gestoras de venture capital estão com os cofres cheios para investir em startups – resultado de alguns anos de taxas de juro baixas no mundo todo que inspiraram os investidores a tomar mais risco em busca de retornos mais altos.
Ainda assim, os novos fundadores de startup podem encontrar resistência maior que aqueles fundadores que vieram antes deles. A onda de escândalos de fundadores de unicórnios como o da WeWork e da Theranos fez com que os investidores tomassem cuidado maior na hora de aplicar seus dólares em uma startup nova.
Somado a isso, a incerteza do mercado torna esse escrutínio ainda maior. Em entrevista à Wired, Julia Austin, uma professora sênior da Harvard Business School alerta que “os investidores estão sendo muito mais estratégicos e muito mais cuidadosos”. Mais especificamente, ela explica que “é muito mais sobre a abertura do mercado e visão e também execução. Uma das características mais recorrentes é que não é mais possível levantar capital apenas com uma apresentação de slides”.
Esse movimento gera histórias como a de Henry Kirk, que foi um dos 12 mil demitidos do Google. Ele e mais cinco colegas foram atingidos pelo layoff e decidiram criar seu próprio estúdio de design e desenvolvimento. Pouco tempo depois, anunciou que havia sido impactado e que tinha um novo negócio encaminhado no LinkedIn – o post conquistou mais de 15 mil reações e milhares de mensagens de pessoas em busca de trabalhar com a nova agência.
Agora, esses empregos bem pagos e com inúmeros benefícios não parecem mais tão seguros, até quem não foi demitido enxergou a possibilidade – talvez até mais segura – de construir o próprio negócio do zero.
Essa foi a realidade de Nish Junankar, um ex-engenheiro de software da plataforma de NFT OpenSea que decidiu abandonar a empresa após uma onda de demissões no seu time. Ele relata que declinou um pacote de retenção que incluía mais ações por receio de que menos colegas significaria mais horas e mais trabalho para ele. Assim, começou a Feasier, uma plataforma que agrega anúncios de móveis de diversos sites.
Ainda dependente do financiamento de família e amigos, Junankar relata que está buscando investidores, mas que tem sido uma grande dor de cabeça. “É muito estressante, as reuniões são curtas e você tem que estar muito preparado e ir direto ao ponto”.
Seja como for, por conta de uma demissão ou por ter vislumbrado a possibilidade de abrir o próprio negócio como um risco equiparado ao estar na próxima onda de demissões, são esses novos founders que estão criando uma onda de novas startups, responsáveis por realimentar um ecossistema que vive de empreendedores dispostos a tomar riscos para colocar seu negócio de pé e impulsionar a sociedade por novos caminhos.
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, Head de Conteúdo na Captable
Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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