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Como construir uma comunicação inclusiva e eficaz no ambiente de trabalho

A linguagem inclusiva, mais do que uma tendência, é uma ferramenta poderosa para criar um ambiente de respeito e pertencimento, especialmente no contexto corporativo

Como construir uma comunicação inclusiva e eficaz no ambiente de trabalho

Foto: Pexels

, Colunista

11 min

14 out 2024

Atualizado: 14 out 2024

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No mundo contemporâneo, onde diversidade e inclusão têm ocupado espaços centrais nas discussões sociais, a forma como nos comunicamos não poderia ficar de fora. 

A linguagem inclusiva, mais do que uma tendência, é uma ferramenta poderosa para criar um ambiente de respeito e pertencimento, especialmente no contexto corporativo. 

  • Líderes e profissionais em posições de destaque precisam estar atentos a como suas palavras podem impactar aqueles ao seu redor, tanto de forma positiva quanto negativa.

Mas o que exatamente significa "linguagem inclusiva"? E como ela difere da chamada "linguagem neutra", que tantas polêmicas gera? Vamos explorar essas nuances e entender como adotar uma comunicação mais inclusiva e, ao mesmo tempo, evitar desgastes no ambiente de trabalho onde se posicionar politicamente pode ser extremamente delicado

Por que a linguagem inclusiva é importante?

A maneira como nos expressamos revela valores, crenças e vieses inconscientes. A linguagem inclusiva surge como uma resposta à necessidade de reconhecer e respeitar as diversidades — sejam elas de gênero, raça, orientação sexual, idade ou qualquer outra categoria que compõe a pluralidade humana. 

Dentro do ambiente corporativo, uma comunicação que considera essa diversidade não só reforça a imagem de uma empresa ou profissional como também favorece a construção de um ambiente de trabalho mais acolhedor e produtivo.

Diversos estudos demonstram que ambientes onde a diversidade e a inclusão são incentivadas têm colaboradores mais engajados e, consequentemente, melhores resultados. Uma liderança que se preocupa com a forma como se comunica está, na verdade, contribuindo para um ambiente de confiança, o que é essencial para o sucesso coletivo. 

Isso não apenas reforça a ética e a responsabilidade social da organização, mas também protege a reputação da empresa de possíveis crises geradas por um uso inadequado da linguagem.

A Polêmica da Linguagem neutra

A linguagem neutra, que propõe o uso de termos não binários ou a criação de neologismos para evitar o uso de pronomes de gênero, tem sido um dos pontos mais controversos deste debate. Em muitos países, o uso de linguagem neutra encontra resistência, seja por questões culturais, políticas ou até pela estrutura gramatical do idioma. No Brasil, por exemplo, há discussões calorosas sobre a adequação e a necessidade de se alterar o idioma para refletir uma neutralidade de gênero. Alguns querem impor, outros querem proibir.

A linguagem neutra ainda enfrenta resistência em ambientes formais, sendo muitas vezes vista como radical ou confusa. A simplicidade é uma regra básica para a eficácia na comunicação e, por isso, a linguagem inclusiva tende a ser mais bem aceita, especialmente no mundo corporativo.

Por outro lado, o uso da linguagem inclusiva consegue equilibrar o respeito à diversidade sem recorrer a alterações drásticas no idioma. Isso faz com que seja mais aceito e palatável, especialmente no contexto profissional, onde a clareza e a acessibilidade são fundamentais.

Linguagem Inclusiva x Linguagem Neutra

Então, qual a diferença entre linguagem inclusiva e linguagem neutra? Enquanto a linguagem neutra propõe eliminar a marcação de gênero de forma mais direta — muitas vezes recorrendo ao uso do "x", "e" ou "@" em lugar de "a" ou "o" — a linguagem inclusiva busca ajustar a comunicação de maneira a incluir todos os gêneros sem quebrar a estrutura gramatical tradicional.

Por exemplo, ao invés de usar "eles estão preocupados com isso", uma alternativa inclusiva seria "as pessoas estão preocupadas" ou “a equipe está preocupada”, expressões que respeitam a pluralidade sem a necessidade de transformações gramaticais. Essa abordagem é mais suave e segura em ambientes corporativos, onde a clareza e o profissionalismo são primordiais. Líderes que optam por uma comunicação inclusiva sem abrir mão das regras tradicionais da língua demonstram, ao mesmo tempo, sensibilidade e inteligência emocional.

Como construir uma linguagem inclusiva de forma segura

Agora que entendemos a importância e as diferenças, como, na prática, aplicar uma linguagem inclusiva no seu dia a dia? Vamos a um passo a passo que pode te ajudar a construir uma comunicação inclusiva, protegendo tanto sua imagem quanto os outros ao seu redor.

1. Escolha de termos coletivos

  • Sempre que possível, opte por palavras que não marquem o gênero. Substitua termos como "os funcionários" por "a equipe", "colaboradores" por "pessoas colaboradoras", e "os diretores" por "diretoria". Essas escolhas não apenas incluem todas as pessoas, mas também tornam a comunicação mais objetiva.
  • Evite o uso de "ele/ela" quando for possível, substituindo por palavras coletivas ou neutras como "indivíduos", "pessoas" ou "gente".

2. Evite os símbolos impronunciáveis

  • Evite o uso de símbolos como "x", "@", ou "*" para substituir as terminações de gênero. Eles não são pronunciáveis na linguagem verbal e dificultam a acessibilidade, especialmente para leitores de tela utilizados por pessoas com deficiência visual. Ao invés de "tod@s", use "todas as pessoas" ou "todo mundo".
  • Caso queira incluir ambos os gêneros, utilize a barra: "senhor/a" ao invés de "senhor(a)", por exemplo.

3. Substitua pronomes e adjetivos com marcação de gênero

  • Em muitos casos, é possível reformular frases para evitar o uso de pronomes ou adjetivos que marquem o gênero. Por exemplo, em vez de "todos os participantes", prefira "todas as pessoas participantes".
  • Quando necessário, recorra ao uso da voz passiva ou do gerúndio para desgenerificar a linguagem. Por exemplo, ao invés de "eles estão preocupados", use "as pessoas estão preocupadas".

4. Nomeie corretamente as identidades de gênero e sociais

  • Quando souber a identidade de gênero da pessoa, utilize as palavras corretas de acordo com sua autodeclaração. Se não souber, opte por termos neutros e inclusivos. Exemplo: "a pessoa responsável" ao invés de "o responsável".
  • Use termos que respeitem a diversidade étnico-racial. No Brasil, por exemplo, o termo correto é "pessoas negras" ao invés de "afrodescendentes", e "pessoas com deficiência" ao invés de "portadores de necessidades especiais".

5. Tenha cuidado com estereótipos

  • Evite expressões que possam carregar estereótipos de gênero, raça, idade ou qualquer outro grupo social. Fale de competências e características de forma objetiva, sem recorrer a clichês ou descrições limitantes.

6. Pratique a inclusão constantemente

  • A linguagem inclusiva é um hábito que se constrói com o tempo. Não tenha receio de parar no meio de uma frase para refletir ou reformular. Peça ajuda quando necessário e mantenha-se aberto ao aprendizado contínuo.

Adotar uma linguagem inclusiva é mais do que uma questão de tendência ou correção política. Trata-se de respeito, responsabilidade social e, sobretudo, de inteligência emocional e comunicação consciente. No ambiente corporativo, uma linguagem cuidadosa e inclusiva é vista como um sinal de liderança responsável, o que pode abrir portas e fortalecer relações. Portanto, escolha palavras que não apenas comuniquem, mas que também acolham.

Se você ainda está começando a adotar essa nova forma de comunicar, não se preocupe. É um aprendizado constante, e a boa notícia é que cada passo conta — para você e para aqueles ao seu redor.

*Este artigo não representa a opinião da StartSe; a responsabilidade é da autora.

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Imagem de perfil do redator

Priscila é professora do WLP, formação internacional de impacto para lideranças femininas, da StartSe em parceria com a Nova SBE. Ela também é fundadora da Versa, empresa referência em desenvolver habilidades para comunicação em treinamentos corporativos, com foco em Altas-Lideranças e C-Levels. Com mais de 15 anos de experiência, ensina líderes como se tornarem porta-vozes de sua melhor versão. Além de atriz e professora de teatro, possui pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como certificação em neurociência pela PUC-RS

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